Dores na quarentena: as reações do corpo diante da necessidade do isolamento

A reportagem conversou com o fisioterapeuta pinheirense Cauê Reis Foto: Divulgação TP

Se para algumas pessoas a vida já voltou ao normal, para muitos os protocolos de distanciamento social para evitar a disseminação do novo coronavírus ainda vêm impactando na necessidade de adaptação da nova rotina. Crianças e adolescentes em idade escolar, idosos e as pessoas que apresentam algum tipo de doença como asma ou diabetes mantêm as restrições no seu cotidiano. Diante de novos hábitos, as indesejadas novas dores apareceram.

De acordo com o fisioterapeuta pinheirense, Cauê Reis, além da quarentena ter trazido uma imobilidade muito grande nos primeiros meses, foi um susto para uma população muito ativa e comunicativa. “Um exemplo é a nossa cidade, onde a comunidade era acostumada a estar na rua e ainda usa as pernas como principal meio de locomoção. Surgiram as dores da imobilidade, principalmente nas pessoas que ficaram mais tempo sem nenhum tipo de atividade e também agravou a situação dos que estavam realizando algum tipo de tratamento pela necessidade de interrupção. Isso também nos deu de brinde a dor psicossomática, porque é impossível não estar abalado ou não sentir a pressão desse momento e essa situação que acaba desencadeando uma série sintomas causados pelo estresse, que reflete diretamente no nosso corpo”, disse.

O trabalho remoto, as aulas através do computador e o aumento do uso do celular geraram novas reclamações para quem precisou adotar uma rotina integralmente caseira. “Geralmente são os resultados de esforço repetitivo, ou seja, muito tempo executando a mesma função ou mantendo um mesmo posicionamento. Quem está em casa tende a não sentar corretamente na cadeira para trabalhar e/ou estudar, acaba executando suas tarefas no sofá ou na cama por acabarem não levando as formalidades a sério. Nesses casos são mais comuns as dores lombares ou lombalgia, dor cervical – principalmente pelo uso contínuo do celular, dores nos punhos e várias outras oriundas da má postura. Por isso é importante lembrar de não ficar jogado no sofá ou sentado sobre uma das pernas, por exemplo”.

Segundo o fisioterapeuta, é essencial que as pessoas continuem realizando as atividades que gostam – seja assistir TV, usar o celular, dormir, comer, correr ou pedalar. A atenção é para que tudo seja realizado de forma moderada. “Não existe um período de tempo específico para cada ação, cada pessoa deve conhecer e observar os sinais do próprio corpo. Isso significa que, se com algum tempo assistindo TV sentir dor nos ombros ou no pescoço, talvez seja hora de esticar o corpo; se durante a caminhada houver algum desconforto, talvez seja hora de descansar um pouco e apreciar a paisagem. Bom senso é a palavra de ordem nessa questão”, falou.

Conforme explicou, os seres humanos conseguem gerir melhor suas tarefas quando existe uma rotina. Quando isso é perdido, entramos em um estado de “pane”. “Também temos o recurso de adaptação, que claro, vem de fábrica. Como se fossemos uma memória de computador, um novo programa começa a rodar e criamos um novo modelo de rotina funcional que nos permite desenvolver nossas atividades diante do que nos foi imposto. Acredito que o estresse pode ser o grande vilão dessa analogia e desse momento. Ele desencadeia desde distúrbios alimentares e feridas na pele até dores musculares, o que pede um olhar multidisciplinar para os pacientes”.

Diante disso, Cauê fez questão de deixar o alerta da necessidade de procurar ajuda profissional logo no princípio de uma dor ou sintoma diferente. “Isso evita que os problemas aumentem e, além do mais, no começo é sempre mais fácil e mais rápido amenizar os sintomas – sejam eles respiratórios, musculares, osteoarticulares ou neurológicos. Nós, fisioterapeutas, estamos habilitados a ajudar na identificação e na solução desses problemas”, finalizou.

Comentários do Facebook