MÊS DOS PAIS

“Ele é meu eterno amigo e parceiro”, diz pai que criou sozinho o filho deficiente auditivo

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Além de pai e filho, Cláudio e Rielson são amigos e parceiros de vida Foto: Divulgação TP

Na semana passada o Tribuna do Pampa contou uma bela história – de um pai de Hulha Negra que após perder a esposa, passou a cuidar dos filhos, principal­mente da filha que na época estava com 9 anos. Mas histórias de pais presentes, guerreiros e dedicados infinitamente são muitas, porém, na maioria dos casos, não são expostos à sociedade. Em razão disso, neste mês de agosto, ainda em comemo­ração ao Dia dos Pais, o TP traz uma nova história de amor, a de um pai de Pinheiro Machado que cuida do filho deficiente auditivo desde o nascimento.

Os personagens desta his­tória são Cláudio Roberto Saucedo Rodrigues, de 56 anos e natural de Capão do Leão, e o filho Rielson Nu­nes Rodrigues, 32 anos, pinheirense. O pai exemplar surge logo após o nascimento do filho e foi intensificada por um período de lutas em prol da saúde do pequeno Rielson, antes dele entrar aos 5 anos de idade para a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae).

Segundo relatou Cláudio à reportagem, os médicos deram ape­nas 15% de chance de sobrevivência para Rielson. “Criei meu filho com a ajuda de meus pais após a mãe dele sair de casa. A entrada na Apae surgiu por dificuldades de locomoção para Bagé onde funcionava o Instituto Caminho da Luz”, conta.

Para ser mais ativo e ainda mais presente no auxílio do filho, Cláudio presidiu a Apae por duas gestões e participou do Fórum Inter­nacional “Inclusive Eu”, no Uruguai. Zeloso, também aprendeu libras para se comunicar com o filho que possui surdez total e auxiliar colegas de Rielson que sofrem por não serem entendidos.

DIFICULDADES No entanto, ao ser questionado sobre as dificuldades enfrentadas durante o crescimento do filho, Claudio fala em discriminação e falta de inclusão. “Acesso a exames e remédios é difícil. Tenho que viver na Justiça para conseguir remédios e receitas médicas, além de custear com recursos próprios quando o auxílio não chega”, relata.

INDEPENDÊNCIA Cláudio disse ao TP ser contra a inclusão de pesso­as como o filho em escolas normais pela falta de educadores especiali­zados. Porém ele conta que Rielson sempre foi bastante independente. “Optei por trabalhar com serviços temporários para poder conciliar a lida de casa e cuidar do meu filho. Conto muito com a ajuda do Rielson, pois desde os 5 anos ensino a ele todos os métodos de sobrevivência. Ele sabe cozinhar, costurar e dirigir carro”, expõe.

O pai ainda cita outras características do filho. “O Rielson é meu companheiro na oficina, tem muita facilidade de aprender e foi o enfermeiro padrão que cuidou da avó até os últimos dias de vida dela, momento difícil de superação para ele”, conta.

PAI E FILHO Em razão do for­mato de trabalho em formato home office da equipe do TP no período da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus e as dificuldades de Rielson, a reportagem conversou diretamente e somente com o pai Cláudio, que quando questionado a falar sobre seu sentimento enquanto pai ficou emocionado: “Meu filho representa um símbolo de resistência pelos maus momentos passados por ele após o nascimento e durante a vida, tais como o abandono da mãe e a perda dos avós. Pra mim ele é meu eterno amigo e parceiro. Meu pensa­mento é deixar ele auto-dependente, ensinarei tudo que puder. Hoje me considero um pai anjo da guarda”, finaliza Cláudio.

Cláudio e o filho durante comemoração de aniversário de 12 anos Foto: Divulgação TP

 

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