ÁGUA

Em audiência pública, equipe da Corsan esclarece qualidade da água tratada em Pinheiro Machado

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A empresa é a responsável pelo tratamento da água no município Foto: Gislene Farion TP

Nesta terça-feira (11), logo após o encer­ramento da sessão ordinária, a Câmara de Ve­readores de Pinheiro Macha­do realizou uma audiência pública para tratar da quali­dade da água no município – de responsabilidade da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan). Na oportunidade, estiveram presentes o gerente local da empresa, Alhestertolino Oli­veira, e o químico da regio­nal sul, Maurício de Sousa. A reunião foi uma proposição do vereador Fabrício Costa (PSB).

Alhestertolino Oliveira (E) e Maurício de Sousa estiveram representando a Corsan Foto: Gislene Farion TP

De acordo com o par­lamentar, abrir espaço para debater e esclarecer o tema era visto como uma necessi­dade para tranquilizar a po­pulação. “Informações foram divulgadas na imprensa e se colocou em dúvida a qua­lidade da água em diversos municípios do Brasil, in­cluindo Pinheiro Machado. A água é essencial para a vida e nós, como Poder Público, te­mos o dever de abrir espaço para esse esclarecimento”, justificou. Em abril, as agên­cias de jornalismo Repórter Brasil e Agência Pública, em parceria com a organização suíça Public Eye, publicaram um mapa sobre a presença de agrotóxicos na água. O conteúdo, segundo eles, foi produzido com os dados de controle do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (Sisa­gua), ligado ao Ministério da Saúde.

Antes dos esclareci­mentos, o químico fez ques­tão de agradecer pela oportu­nidade de falar publicamente sobre o trabalho da empresa e a importância de sanar dúvidas e promover debates acerca da água. Maurício iniciou seu pronunciamento respondendo a pergunta que preocupou muitas pessoas desde a repercussão do caso: “podem ficar tranquilos que não têm agrotóxicos na água da cidade de Pinheiro Ma­chado”. Segundo lembrou o vereador Fabrício, a repor­tagem citava que poderia haver inclusive resquícios de agrotóxicos como o 2,4-D – herbicida utilizado para combater erva daninha das lavouras de soja.

SISTEMA DE TRATAMEN­TO – Na oportunidade, o químico detalhou uma sé­rie de medidas às quais a empresa precisa seguir. “A gente pega a água do rio, coloca em uma Estação de Tratamento de Água (ETA) e distribui para a população. A Corsan não inventou esse método, no Brasil e no mun­do existem legislações que definem como esse processo é realizado. Nós, como em­presa, temos que nos adequar a isso”, explicou.

Ainda segundo Mau­rício, o governo brasileiro define que para a água ser distribuída ela tem que ter determinados parâmetros e qualidade. “Nós, Corsan, temos que distribuir uma água que atenda a esses pa­râmetros e a essa qualidade. Dentro das estações de tra­tamento são feitas uma série de análises para provar que essa água está em condições de ser consumida – e, entre tantos elementos analisados nessa água, os agrotóxicos são um deles”.

REDE DE DISTRIBUIÇÃO – Quando a água obtém os ní­veis de qualidade adequados, de acordo com o profissional da Corsan, é preciso fazer a sua distribuição através das tubulações – responsáveis por levar a água até a casa das pessoas. “Aqui nós es­tamos diante de mais um problema: dentro do cano, a velocidade da água é mínima perto das paredes do tubo e máxima no centro da tubula­ção. Como essa velocidade é mínima, pode acarretar de alguma turbidez (presença de materiais em suspensão) ficar depositada na rede de distri­buição. Quando se tem uma velocidade constante e o sis­tema de bombas funcionando normalmente – distribuindo água para toda a cidade – a pressão das tubulações é mais ou menos constante. De outro modo, quando alguma manobra é realizada existe a possibilidade daquelas micro partículas que estão no fundo da tubulação serem depo­sitadas na rede”, explicou Maurício.

Segundo ele, esses fa­tos podem acontecer quando há uma obra na quadra da­quela residência e foi preciso fazer uma intervenção na rede. A consequência disso é a ocorrência de odor ou gosto estranho na água. “Com a variação de velocidade dessa água dentro da tubulação ela levanta aquela turbidez e pode acarretar na chegada de uma água mais escura, por exemplo. Nesses casos, a pessoa normalmente liga para a Corsan, a nossa equipe vai até lá e abre os registros perto dessa localidade – fazendo o que chamamos de expurgo de rede, eliminando um pouco daquela água para não chegar com turbidez mais alta”.

FISCALIZAÇÃO – Confor­me detalhou o químico, as análises são feitas de hora e hora e esse controle é feito com bastante rigor e atenção. Além disso, os parâmetros são registrados em planilhas – de modo a poder prestar contas à população futura­mente, enviadas para a Vigi­lância Sanitária do Estado e, posterior, o setor encaminha de volta ao município. “A Corsan não está sozinha nisso. Existe um sistema de vigilância sanitária que tem obrigação de fiscalizar e isso é rotineiro: tratamos a água, registramos as análises e o vigilante sanitário vai até a estação de tratamento e nós também mandamos relató­rios mensais com todos os nossos resultados”, afirmou.

Segundo ele, o rela­tório divulgado na imprensa detectou que na água do rio – na água bruta – existe aquele agrotóxico – em quan­tidade tão pequena que não pode ser medido. “A partir do momento que a água é tratada não existe mais essa substância”, garantiu. Ainda de acordo com o profissional, houve um erro de interpre­tação de dados na hora de detalhar a pesquisa.

CONTRAPONTO – No mês seguinte à divulgação da re­portagem, a Agência Pública divulgou um esclarecimen­to sobre a repercussão do caso. “Após a publicação do mapa, algumas empresas de abastecimento entraram em contato com questionamen­tos sobre a leitura dos dados enviados ao Sisagua. Nossos jornalistas checaram todos os casos e se certificaram de que as informações divulgadas estão condizentes com os dados da tabela enviada pelo Ministério da Saúde, assim como com a metodologia de leitura enviada pelo órgão”, diz em um dos trechos.

Segundo o site, a ferramenta disponibiliza­da permite que qualquer brasileiro possa consultar se agrotóxicos foram de­tectados de 2014 a 2017 na água que sai da torneira da sua cidade. Além disso, a Pública encaminhou os questionamentos sobre o Sisagua ao Ministério da Saúde e aguarda um retorno sobre casos específicos desde então. Caso o órgão decida por rever a metodologia de leitura, assim como corrigir alguma informação, a base será atualizada no mapa.

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