
Estela Domingues e o Guri durante o desfile na avenida 24 de Março Foto: Divulgação TP
Essa é a história de uma dupla para gaúcho nenhum colocar defeito. Estela de Almeida Domingues, de 37 anos, e seu fiel companheiro, o Guri, foram os únicos a percorrer o trajeto do desfile tradicionalista de 20 de setembro este ano em Candiota. A pandemia do novo coronavírus ocasionou o cancelamento da atividade, mas a candiotense fez questão de montar seu cavalo e seguir à risca o protocolo em nome da tradição gaúcha.
Fato curioso é que, em conversa com a reportagem, ela contou que essa paixão não veio de família como normalmente acontece. Seu amor pelo cavalo, pelo Estado e sua cultura está presente em cada palavra que fala. “Começou por volta dos 3 anos quando ganhei meu primeiro animal de estimação: uma vaca holandesa que se chamava Mimosa. Pelo cavalo eu sou apaixonada desde que me conheço por gente, eu nasci com isso, não foi algo que me ensinaram a gostar, porque da minha família eu sou a única. Passei a minha vida toda envolvida com o cavalo, adoro laçar em rodeios e sou da lida bruta, eu vivo por isso”, afirmou com orgulho.
Além de já ter trabalhado no campo, ela é vigilante e atualmente ganha a vida como frentista.
Para o 20 de setembro, desde março Estela já ouvia os amigos e pessoas mais próximas dizerem que era provável não haver desfile em razão da Covid-19. Enquanto isso, ela seguia determinada afirmando que seguiria honrando a tradição da maneira que fosse, mesmo só ela e o Guri. E assim fez. “Como em todos esses anos, em 2020 eu também jamais deixaria de desfilar. Meu mundo é o cavalo, a nossa tradição e tudo que envolve o Rio Grande do Sul. Foi então que conversei com um tio e um amigo e pedi ajuda deles. Precisava que alguém fosse no meu carro para tocar o hino rio-grandense e outro fizesse a filmagem. Minha intenção era deixar registrado que o 20 de setembro não passou despercebido aqui em Candiota e que eu fui sim representando todos os gaudérios daqui”, disse.
Para isso, Estela disse ter tomado todos os cuidados em relação à Covid-19. “Peguei minha máscara, me pilchei, coloquei minha bota, meu tirador, minha espora, pilchei meu cavalo de confiança e fui desfilar. Comecei o trajeto as 14h, não tinha praticamente ninguém na rua, fiz todo o percurso que tradicionalmente fizemos, mas dessa vez foi diferente: era eu e meu cavalo Guri para nunca deixar morrer a tradição em Candiota”, finalizou.