Na semana passada esqueci do aniversário dos municípios de Hulha Negra e Candiota. Interessante que foram criados há 33 anos e eu tinha 33 anos na ocasião. Não parece que foi ontem, como muitos insistem em falar quando mais velhos. Faz muito tempo. Quando olho minhas fotos da época percebo que estou irreconhecível para quem não me viu nas últimas décadas.
Se me dissessem na época que eu encontraria Hulha Negra como encontro hoje eu não acreditaria. Eu nem pensava em ser prefeito por 12 anos como fui. Eu nem pensava que um dia teria 66 anos como tenho hoje. Mas se tivesse pensado certamente imaginaria um lugar bem melhor que o que encontro atualmente.
Se é inquestionável que Hulha Negra é um lugar muito melhor que antes da emancipação, me parece inquestionável que poderia ser muito melhor do que é. O que mais faltou foi empreendedorismo. E quando falo empreendedorismo estou tratando do conjunto da sociedade.
Todos os que governamos poderíamos ter sido melhores do que fomos. Alguns deveriam ter sido muito melhores. A classe política poderia ter sido melhor. O povo como um todo poderia ter estudado mais e participado mais da construção social e econômica.
Resumindo, não fomos ruins e não fomos ótimos. Fomos o que pudemos ser com novas virtudes e limitações.
“…todo exagero é prejudicial, da mesma forma que fazer de conta que nada ocorreu”
Mudando de assunto e falando um pouco de temas que já foram importantes na sociedade, o esporte e o futebol. Esporte é um caso sério, a cada dia menos praticado. Futebol nem se fala. Difícil achar alguém correndo atrás de uma bola. Estive no último domingo no Parque Marinha do Brasil, em Porto Alegre. Em sete ou oito quadras havia um grupo jogando vôlei em uma delas, seis para cada lado. Nas demais, um pai e um filho batendo bola, no máximo. Locais onde nos anos 1970 e 80 havia fila de espera para jogar.
Daí que no primeiro Grenal da decisão, entre os 22 perfilados ouvindo o hino riograndense, havia um jogador nascido no Rio Grande do Sul, o goleiro do Internacional. E eu fiquei pensando ‘sirvam nossas façanhas…’. Não são mais os gaúchos que fazem nossas raras façanhas futebolísticas. E faz tempo.
Em qualquer garimpo pequeno se extrai poucas pedras preciosas. A seleção brasileira faz o que pode e faz fiasco faz tempo. Chegamos ao ponto de nossa camisa ser interessante a alguns que a usam como provocação política e também andam experimentando derrotas.
Pra encerrar, um pouco de política e o indiciamento dos que planejaram um golpe de estado. Foi grave o que fizeram. Mas não executaram o plano. Resta punir ou não punir?
Pedagogicamente parece que alguma punição é necessária para que no futuro não se repita. Entre planejar e executar a distância é bem pequena. Faltou pouco ao que se sabe para que o plano fosse colocado em prática. Na época, nesta coluna, eu escrevi que faltava no comando um general e que os generais não iriam apoiar um capitão qualquer. Foi o que aconteceu.
Mas também não sou a favor de uma pena exagerada. É preciso entender que todo exagero é prejudicial, da mesma forma que fazer de conta que nada ocorreu.