Esporte

Uma notícia aqui e ali me diz que estão acontecendo os jogos Pan-Americanos em Santiago, no Chile. Quando escrevo o Brasil está em quarto lugar atrás de Estados Unidos, Canadá e México. Em número de medalhas de ouro temos metade das medalhas do México, país que tem um pouco, bem pouco, mais de metade da população brasileira. Ficar atrás de Estados Unidos e Canadá é normal, ainda que o Canadá tenha quase seis vezes menos população que o Brasil. Mas o Canadá é um país rico.

Creio que no mundo inteiro a prática de esportes é decadente. Talvez não tanto em academia onde o esporte é praticado por motivos de saúde e mais ainda por razões estéticas. Eu fui jovem no tempo em que praticávamos esporte por diversão. Hoje, no Rio Grande do Sul se pratica pouco esporte por diversão e menos ainda por competição.

É aqui, na falta de competição, que me parece estar o maior problema. A vida é um constante exercício de competir. Ser bem sucedido é um propósito falado por muitos e buscado por poucos. Falar não significa nada, um ser humano é o que faz. Um ser humano nem mesmo é o que pensa que é, pois normalmente fala em tocar em “lá” e sai por ainda tocando em “sol”. Tem uns que fazendo tudo que não devem levam a vida em “ré”. Bem, talvez este trocadilho seja uma infâmia com esta nota musical.

Ano que vem tem eleições. O que vem fazendo os governos municipais para promoverem o esporte? Esta questão precisa ser amplamente debatida. Se em outros tempos os da iniciativa privada organizavam eventos e times de futebol, entre outras agremiações, hoje a sociedade desorganizada como está só fecha e todos acham normal. Fecha o Clube Comercial, fecha o Clube Caixeiral, fecha o Clube Recreativo, fecham os times de futebol, fecha a Oktoberfest, enfim, onde não está o poder público o social e coletivo estão fechando. Vivemos tempos de carência de líderes.

Logo, ao poder público, indutor do desenvolvimento, cabe pagar alguém ou vários alguéns para organizarem o setor de esportes. Afinal, o dinheiro é público e gastar dinheiro público para promover eventos esportivos está nas atribuições de cada um que será eleito em 2024.

Mas volto a competição. A melhor maneira de perceber o surgimento de líderes natos é através do esporte. Quando juntamos pessoas para ações coletivas logo vimos que uns são mais afeitos a liderar que outros. Estes que lideram no esporte potencialmente serão líderes no futuro nas áreas onde se dedicarem a atuar e quem é bom no esporte tem a tendência a ser bom em qualquer lugar ainda que não haja nenhuma garantia neste sentido. Porém, através do esporte muitos jovens poderão concluir que são diferenciados e a confiança ganha com a competição formará pessoas seguras das suas potencialidades.

O esporte não é só correr atrás de uma bola.

Em alguns países desenvolvidos os pequenos estádios lotam com pessoas que pretendem assistir eventos de times da quarta ou quinta divisão. Nestes países, mais importante que ter um time campeão é ter um motivo para reunir amigos e formar uma sociedade mais unida em benefício de todos.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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