Água

A água tem sido tema de debate em todo planeta, com incentivo ao uso consciente deste bem que dizem ser limitado e afirmam que a crise mundial de falta de água potável poderá ocorrer em futuro próximo de algumas décadas.
O consumo de água potável nas cidades nem se compara com o consumo de água em irrigação de produções agrícolas, onde o desperdício é imenso. Afirmo porque já participei de pesquisas com produção por gotejamento de água. É possível e viável produzir milho com gotejamento. Esta produção na nossa região é feita sem irrigação, normalmente. Se o gotejamento for feito com fertirrigação a produção provavelmente dobra ou triplica. É claro que isto vai depender do correto manejo. O excesso de água que se usa na produção de arroz me parece evidente até para os mais leigos.
Daí que devemos criticar com moderação o excesso de consumo humano residencial ao considerarmos o consumo na nossa região de grandes áreas e pequenas populações. Na região metropolitana de São Paulo, por exemplo, seria outra conversa.
Porém, há situações em que precisamos analisar. Em Hulha Negra passamos por mais um verão com problemas no abastecimento de água. Afirmam as autoridades locais que a água distribuída na sede do município abasteceria uma comunidade com população mais de cinco vezes maior. Matematicamente, segundo os dados que me forneceram, é verdade.
Por que isto ocorre? Em Hulha Negra não há controle residencial e comercial sobre o consumo. A taxa de água é muito barata, em torno de trinta reais por mês com consumo livre.
A origem desta taxa vem da criação do município. Faz quase trinta anos. Bagé não havia colocado hidrômetros em Hulha Negra onde boa parte da “vila” sequer era abastecida por água. Durante meus três mandatos mantive o valor mínimo com consumo livre. Os demais prefeitos também. A razão de ser de manter a taxa mínima é que a maior parte da população de Hulha Negra atua em empregos de baixa renda. Cobrar uma taxa mínima é uma forma de distribuir renda. Assim, o recurso que iria para pagar uma conta maior fica no bolso do contribuinte. Em Porto Alegre e em muitos lugares o custo da água fica próximo do custo da luz. Em Hulha Negra a diferença é imensa por uma razão muito simples, a água é um bem público distribuída por um Ente público, a luz é distribuída por uma Cooperativa.
A água que chegará da barragem da Usina em breve poderá resolver o problema, mas não é razoável que o consumo se mantenha no patamar atual. Há coisas nas quais a Prefeitura não deveria atuar, por exemplo, na distribuição de água. Esta deveria ser feita por uma empresa privada que cobre de acordo com o consumo, mantida a taxa atual para um consumo razoável.

Comentários do Facebook