O jornal Tribuna do Pampa – como faz desde que os primeiros movimentos do projeto começaram há cerca de quatro anos, acompanhou na noite da última terça-feira (10), um jantar na Fazenda Guarda Velha, em Pinheiro Machado, que reuniu, especialmente produtores rurais da região plantadores de florestas.
Na oportunidade, os empresários paulistas (pai e filho), Luiz Eduardo e Guilherme Batalha reafirmaram o que haviam dito durante a manhã ao governador em exercício, o vice-governador Ranolfo Vieira Júnior, de que o projeto para instalar uma fábrica de pellets (combustível sólido de granulado de partículas de madeira), em Pinheiro Machado, está mais próximo de ser concretizado. “Está tudo mais perto”, disse Luiz Eduardo ao TP durante o jantar.
Primeiramente batizada de Pellco Pinheiro Machado e agora de BrasPell, a empresa responsável pelo projeto foi criada por Luiz Eduardo, que há cerca de três anos está a frente da proposta. Na Guarda Velha, ele já empreende a maior indústria de azeites do Brasil. Segundo reafirmou ao TP, nos últimos anos, são incontáveis as viagens que o filho e CEO da empresa, Guilherme, realizou para a Ásia, Europa e Estados Unidos, para conhecer e prospectar este mercado. “É um negócio complexo e demorado. Mas estamos caminhando com muita seriedade e solidez para a concretização”, enfatiza Luiz Eduardo.
Após um jantar com todos os parceiros do projeto em São Paulo, os empresários vieram de jatinho particular até Porto Alegre nesta terça-feira (10), quando apresentaram no Palácio Piratini ao governador em exercício, um dos primeiros clientes da futura indústria – a empresa francesa Albioma – que está presente desde 2014 no Brasil, onde utiliza o bagaço da cana-de-açúcar como biomassa para gerar energia elétrica renovável. “É um projeto estratégico para a nossa empresa, pois queremos produzir energia 100% renovável em nosso país, mas, considerando o tamanho do nosso território, não temos espaço para plantio”, afirmou David Agid, um dos diretores da empresa.
Também estavam no encontro, o secretário do Meio Ambiente e Infraestrutura, Artur Lemos Júnior, o secretário adjunto de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rubens Bender, representantes do BNP Paribas – também de origem francesa, um dos maiores bancos da Europa, que está estruturando o financiamento do projeto e ajudará na atração de investidores -, e os deputados estaduais Ernani Polo e Fábio Branco, que estão colaborando na articulação dos empresários com as lideranças políticas desde o governo passado.
Depois da reunião no Piratini, os executivos voaram até Rio Grande, onde visitaram o Porto – de onde os pellets partirão para a exportação. Em seguida posaram em Bagé, participando do jantar em Pinheiro Machado. Na quarta-feira (11), pela manhã, a comitiva sobrevoou a Metade Sul, vendo do alto as plantações de florestas – matéria-prima da futura indústria. Depois retornaram a São Paulo.
2020 – Com a licença de instalação (LI) em fase final de elaboração, a intenção da BrasPell é iniciar as obras no início de 2020. O investimento total está estimado em R$ 1,5 bilhão, o que inclui a construção da fábrica (em local de 140 hectares próximo à Vila Umbus, em Pinheiro Machado), os primeiros 45 mil hectares de floresta para matéria-prima também na região, bem como as melhorias na ferrovia (que corta a propriedade) e no terminal portuário e, ainda, em uma usina termelétrica, que vai abastecer todo o complexo industrial e gerar excedente para o sistema elétrico nacional.
A previsão é de que leve dois anos para que a fábrica comece a produzir pellets – gerando cerca de mil empregos diretos. Os granulados obtidos a partir do processamento de madeira de florestamento deverão ser exportados para Europa, Japão e Estados Unidos, onde são utilizados como combustível, tanto em caldeiras de usinas termelétricas como no aquecimento residencial.
Guilherme Batalha explicou que, na primeira fase, serão produzidas 900 mil toneladas por ano de pellets, envolvendo 300 produtores, “que terão renda fixa e garantida”, mas a expectativa é de que, em 10 anos, a capacidade chegue a 7,2 milhões de toneladas. Para isso, além da região de Pinheiro Machado, outras três plantas deverão ser iniciadas em São Borja, Alegrete e Rio Grande. “Queremos criar aqui, no RS, a maior fábrica de pellets do mundo”, afirmou o CEO da BrasPell.