A região vive, há alguns anos, a expectativa do projeto da implantação de uma indústria de pellets em Pinheiro Machado. A obra tinha previsão de começar no início de 2020 e posteriormente uma estimativa de geração de cerca de mil empregos diretos. Recentemente, o empresário e proprietário da BrasPell, Luiz Eduardo Batalha, recebeu a reportagem em sua propriedade rural, a cerca de 20km da sede do município, para atualizar a situação do empreendimento.
Segundo ele, embora a seu contragosto, com dois anos de atraso, as negociações encontram-se na última fase. Ele justifica o atraso pela série de burocracias impostas em um projeto de grande porte como esse. Para o TP, o empresário paulista contou o que aconteceu ao longo desse ano. “A pandemia fez com que os nossos investidores parassem, todo pessoal que tem o dinheiro que vem de fora parou mesmo. Mas a gente conseguiu aproveitar muito esse ano, íamos lançar tudo oficialmente em dezembro do ano passado, deu uma atrasada, veio a pandemia em março e quando começou a melhorar um pouco, em setembro, veio as férias na Europa. A gente aproveitou esse tempo todo para aperfeiçoar cada um dos detalhes. São quatro anos e meio com mais de 30 profissionais de alto nível – engenheiros elétricos, engenheiros mecânicos, engenheiros florestais, enfim, são equipes em São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais trabalhando nesse projeto. Foi um duro trabalho de concepção e importação de máquinas pesadas da Europa”, detalhou.
Ainda segundo Batalha, a parte positiva nisso é que houve tempo para atualizar os contratos de venda dos pellets. “O início da operação é o projeto, o meio é você conseguir quem vai investir milhões nisso tudo e quem segura essa equação é o pessoal que compra os pellets lá na etapa final. Com aquela compra você dá a garantia para o seu investidor e a máquina gira. A parte de projetos está adiantada e já nas últimas assinaturas. Não há nenhuma surpresa que possamos nos deparar; os acordos com o pessoal da madeira se mantêm; contratamos as melhores empresas florestais para nos dar atestado; tem madeira de sobra na região e não se corre o risco de ficar sem”, garantiu. Ele ponderou que agora faltam detalhes. “Porém que não são detalhes fáceis se pensar que estamos diante de um negócio desse tamanho, mas está tudo muito bem encaminhado. Acredito que até o comecinho do ano que vem iniciamos, até porque agora já temos um limitador: eles querem pellets em 2023. Então se eu não começar em meados de 2021 não dá tempo”.
INVESTIMENTO – O propósito da BrasPell é produzir energia limpa e renovável, em consonância com a tendência mundial de redução de emissão de gases poluentes. A indústria – que será a maior do mundo em seu gênero -, será instalada nas proximidades da Vila Umbus, em uma área de 149 hectares, às margens da BR-293, da linha férrea e da rede de transmissão de energia elétrica.
A matéria-prima será fornecida por mais de 150 produtores, que cultivam atualmente 90 mil hectares de florestas em um raio de 60 km. O projeto prevê três linhas de produção independentes. Cada uma terá capacidade para fabricar até 600 mil toneladas de pellets por ano, totalizando 1,8 milhão de toneladas/ano.
Na primeira fase, o planejamento de Batalha é utilizar um terço da capacidade da planta. A produção será transportada por 189 km em linha férrea até Rio Grande, onde será exportada pelo terminal da Bunge Alimentos.
OS PELLETS – Os pellets são produzidos a partir do processo de picagem da madeira, floculação, secagem, moagem e reconstituição com maior densidade energética em prensas. Além de possuir alto poder calorífero, o pellet tem armazenagem e transporte facilitados, em função do tamanho. O produto é utilizado para movimentar indústrias termelétricas e substituindo, especialmente na Europa, os combustíveis fósseis.