PINHEIRO MACHADO

Empresário vira sócio na indústria de pellets

EXCLUSIVO

O anúncio foi feito durante um programa de rádio na manhã do último sábado, 9,
e os detalhes da negociação foram revelados com exclusividade ao TP

Batalha visitou, no mês de junho, duas indústrias e um porto nos EUA

Batalha visitou, no mês de junho, duas indústrias e um porto nos EUA Foto: Divulgação TP

O investimento milionário para a implantação de uma indústria de pellets há muito anunciado para acontecer em Pinheiro Machado, ganhou um reforço de peso.  A negociação para a entrada do empresário paulista Luiz Eduardo Batalha no negócio iniciou há cerca de dois meses. O empresário, como todos sabem, já está no município há cerca de uma década e transformou a estância Guarda Velha, na Serra dos Velleda, na maior produtora de azeite de oliva e de azeitonas do Brasil em pouco tempo.

Num projeto desenhado pela empresa mineira Finagro, a implantação da indústria já possui a aprovação de investimento de 240 milhões de dólares (em cotação desta segunda-feira, 11, algo em torno de R$ 800 milhões) por parte de fundos de pensão da Grã Bretanha. Contudo, o processo que precede a implantação também precisa de investimentos e negociações, além de serem condicionantes exigidas pelos investidores europeus.

ANÚNCIO – Durante o programa de rádio A voz do campo – que vai ao ar todos os sábados das 8h às 10h numa cadeia de emissoras de rádio de todo o Brasil e que foi transmitido ao vivo no último sábado, 9, na sede da estância Guarda Velha -, foi realizado o anúncio da entrada como sócio do empresário Luiz Eduardo Batalha no negócio.

Participaram in loco do programa, o diretor-presidente da empresa Finagro, Afonso Bertucci, os secretários de Estado da Agricultura, Ernani Polo, e de Desenvolvimento Econômico, Fábio Branco, bem como, o deputado federal Luiz Carlos Heinze, técnicos da Embrapa, e é claro o empresário Luiz Eduardo Batalha.

SOCIEDADE – Bem ao seu estilo arrojado e com visão impressionante sobre os negócios, que Batalha decidiu há cerca de dois meses, fazer parte do projeto. Depois de patrocinar na sede da Guarda Velha um encontro entre uma empresária chinesa (que representa um grupo de investidores do gigante asiático), com empresários brasileiros de diversos setores e que tem interesse em receber investimento chinês e onde o projeto da Finagro também foi apresentado, Batalha se interessou pela proposta. “Achei o projeto de uma inteligência muito bem elaborada, tendo recebido o convite da Finagro em fazer parte”, contou de forma exclusiva ao TP.

Empresário resolveu entrar no negócio a cerca de dois meses

Empresário resolveu entrar no negócio há cerca de dois meses Foto: J.André TP

O empresário está empolgado com a sua nova aposta. “Isso pode ser a redenção dessa região. Acredito que tem a mão de Deus, porque vimos todo aquele projeto da Votorantim de florestamento com indústria de celulose ir para o espaço e agora aparece esse projeto para utilizar todo este potencial já implantado e que estava sem utilidade”, destaca Batalha, se referindo aos quase 100 mil hectares de florestas plantadas na região e que estão sem um destino ainda. Batalha também se referiu que o projeto lhe interessou por ser ambientalmente sustentável.

FASE ANTERIOR – Os fundos de pensões britânicos que irão bancar o projeto exigem três condicionantes fundamentais para só então aportarem o recurso milionário. O primeiro deles já está resolvido que é a matéria-prima. Os outros dois, a licença ambiental e a garantia de embarque do produto, através de um terminal próprio no porto de Rio Grande, ainda estão pendentes.

É neste sentido que a entrada de Batalha no negócio, se efetiva, pois para a obtenção destas condicionantes também são necessários recursos e que o projeto em si não tinha. “Já estamos investindo, como por exemplo, a contratação de um escritório de advocacia de renome para que possamos preparar contratos”, pontua Batalha.

VIAGEM AOS EUA – Se dizendo empolgado com o novo negócio, o ex-dono da Burguer King no Brasil, realizou entre os dias 13 e 17 de junho último, uma viagem aos Estados Unidos, quando acompanhado do empresário pinheirense Gilson Mesko (que está no projeto da Finagro desde o início) e de seu filho Vinícius, visitou duas indústrias, florestas e um porto em solo americano.

Viajando mais de 4 mil km de carro pelos estados da Georgia e Alabama, Batalha, Gilson e Vinícius puderam conhecer mais de perto como funciona este tipo de indústria, que promete ser um dos combustíveis do futuro. “Conhecemos mais sobre o negócio e nos empolgamos ainda mais”, destaca.

GARGALOS – Na próxima edição, o TP publica nova reportagem, expondo os gargalos do projeto, que são as questões ambiental e portuária, porém que estão em fase avançada de negociações. Na matéria, o jornal ouviu os secretários de Estado, Ernani Polo e Fábio Branco, que estão também engajados para tirar o projeto do papel.

Pellets, empregos, energia e etanol

A primeira fase do projeto prevê a instalação de uma indústria de pellets, que é a madeira transformada em pequenos palitos para serem usadas nas usinas termelétricas europeias – que precisam cumprir a legislação ambiental de diminuição do uso de combustíveis fósseis. Além disso, a planta produzirá sua própria energia com a implantação de uma central termelétrica com produção de 50 megawatts (MW)/hora, consumindo 14MW e vendendo o excedente.

Segundo inventário da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Agronegócio do RS (Seapa), a Metade Sul possui cerca de 96 mil hectares de floresta plantada, ente pinus, eucalipto e acácia. Grande parte desta área está sem mercado, pois foi incentivada pela possibilidade da implantação de uma indústria de celulose da Votorantim há alguns anos – expectativa que se frustrou com a crise mundial de 2008.

Por conta desta enorme demanda de matéria-prima é que nasceu o projeto, que nesta primeira fase pretende produzir 600 mil toneladas de peletts por ano, com o corte de 5 mil hectares de floresta anualmente. Na termelétrica, além de peletts, será utilizada a casca das árvores cortadas, os galhos e folhas resultante do corte, além de casca de arroz.

Com previsão de iniciar a produção em 2017, a indústria, nesta primeira fase, pretende gerar 150 empregos na planta industrial (110 na produção de pellets e 40 na termelétrica), bem como, cerca de 650 na colheita da madeira, que será toda mecanizada, perfazendo 800 empregos diretos.

Além do pellets e da energia térmica, o projeto prevê, em etapa posterior, a produção de etanol celulósico, que ainda aguarda a finalização de estudos científicos para que possa ser industrializado. Na planta termelétrica, a ideia é chegar a uma usina com capacidade de 200 MW, aumentando em módulos de 50MW em cada expansão. O mercado europeu garante a compra de pellets pelos próximos 20 anos, o que viabiliza e dá total segurança ao negócio.

 

por João André Lehr

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