Além de modificar consideravelmente o dia a dia da população, o coronavírus trouxe um grande desafio para o setor comercial. Diante da necessidade de evitar aglomerações, cumprindo orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e decretos estaduais e municipais, somente serviços essenciais – farmácias, supermercados e postos de combustíveis – não tiveram suas atividades suspensas. O sentimento diante de um vírus totalmente novo é de medo, tanto em relação à saúde pública quanto ao futuro dos empreendimentos.
Isso também tem sido a realidade em Pinheiro Machado. Para o presidente da Associação Comercial, Industrial, Agropecuária e Serviços (Acias), Jesus Benê Gomes, apesar da grande preocupação principalmente com a saúde financeira dos pequenos comércios do município, a pandemia surge como um divisor de águas. “Aquelas semanas nos deixaram bastante preocupados realmente, mas a diretoria já tem conseguido ver que esse momento é de adequação e de evolução. É o antes e depois da Covid-19 em Pinheiro Machado, porque os empresários vão poder repensar os métodos de trabalho diante das adversidades”, avaliou.
PREOCUPAÇÃO – Élio Schellin, empresário que está há 13 anos em Pinheiro Machado, possui atualmente duas lojas: uma no setor de confecção e outra de variedades e bazar. Entre os dois estabelecimentos são cinco colaboradores (dois ainda em período de experiência), mas ele lembra que são cinco famílias que dependem desses empreendimentos. “O coronavírus e esse fechamento do comércio impactou muito no nosso segmento, foi uma experiência que jamais pensei em ter porque trabalhamos com produtos e preços populares. Sou pequeno empresário e nunca tinha passado por um problema parecido, principalmente na parte financeira”, contou.
Segundo ele, apesar do impacto, não foi preciso demitir funcionários e a expectativa de retomada do fluxo de caixa deve ocorrer em cerca de 30 dias, desde que não haja nova interrupção dos serviços. “A gente sofreu demais, acho que se ficássemos mais 15 dias fechados eu jogava a toalha. Foi e ainda é muito difícil porque atrasamos vários pagamentos e compromissos. Importante é que conseguimos manter os funcionários, eles têm as suas famílias e nós também temos a nossa para sustentar”, disse.
Questionado sobre as medidas estabelecidas no decreto vigente – que prevê uma série de regras em relação à higiene e a presença de público no interior dos estabelecimentos comerciais para evitar aglomerações, Élio disse que a avaliação é positiva nessa retomada e que estão conseguindo cumprir. “Vejo que as pessoas estão bem conscientes. Na semana passada os fiscais estiveram aqui e estamos mantendo tudo dentro das normas de higiene e proteção. Aproveitei para tirar algumas dúvidas com eles e vamos continuar fazendo a nossa parte para que não seja preciso fechar de novo, isso seria fatal para nós pequenos empresários”, finalizou.
ADAPTAÇÃO – Para Luana Trindade, há 13 anos com a Luana Modas em funcionamento, as redes sociais têm sido uma opção em meio à crise do novo coronavírus. Em conversa com a reportagem, ela contou que acabou fechando a loja dias antes do decreto municipal por medo das proporções que a pandemia estava tomando, principalmente em Bagé. “Deixei tudo parado por um tempo e fiquei em isolamento no interior. No início acabei utilizando o WhatsApp para solicitar os pagamentos e depois comecei a postar fotos e fazer vídeos dos looks no Instagram e no Facebook. É uma alternativa que no início, quando as pessoas estavam em casa, vinha chamando atenção e o telefone não parava de tocar mesmo”, disse Luana.
Segundo ela, procurar a loja física ainda é um aspecto forte entre os pinheirenses, mas continua apostando diariamente no uso da tecnologia para aumentar as vendas. “Esse período tem sido bem difícil, mas sigo postando tudo, quem não é visto não é lembrado”, afirma.