Esperança, emoção e aplausos marcaram, na manhã de quarta-feira (10), o evento de anúncio de investimento de R$ 420 milhões do projeto Ferroligas – Ferro-Silício-Alumínio e a assinatura do protocolo de intenções entre a Prefeitura de Candiota, empresa Vamtec Group e o grupo alemão ICMD.
O evento ocorreu no Candiotão, próximo a área das futuras instalações do empreendimento e contou com a presença de diversas autoridades que foram recepcionadas com um café da manhã produzido pela agroindústria candiotense San Antônio.
Integraram a mesa dos trabalhos o prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador, o presidente do Legislativo, Gildo Feijó, o presidente da Comissão do Polo Carboquímico e Mineração, Guilherme Barão, o CEO da Vamtec, José Roberto Varella, o diretor de novos negócios da Vamtec, Duílio Varella, o engenheiro metalurgista e coordenador do projeto, José Paulo Amaro, o CEO da ICMD Global, Jurgen Rai, a diretora do Centro de Desenvolvimento de Matéria primas do kasaquistão, Alma Tertinquebaiere e o diretor do Instituto Padre Josimo, frei Sérgio Goergen.
Um anúncio anterior já havia ocorrido na terça-feira (9), no Palácio Piratini, na presença do governador Eduardo Leite, do secretário de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Ernani Polo e secretária estadual de meio ambiente Marjorie Kauffmann.
PRONUNCIAMENTOS
O presidente da Câmara, Gildo Feijó, foi o primeiro a fazer uso da palavra. Na oportunidade, ele destacou que o momento era considerado mágico. “Quantos anos de luta, nunca desistimos deste sonho. Quero enaltecer a luta do prefeito Folador, em nome de todos, gostaria agradecer e desejar boas-vindas aos empresários”.
Na sequência, o CEO da Vamtec, José Varella, falou da satisfação de retornar a Candiota com um projeto de implantação quase imediata. “Hoje apresentamos uma tecnologia diferenciada. Devido as condições do carvão de Candiota, para a Ferroliga temos uma matéria-prima nobre. Essa liga é usada no mercado siderúrgico em substituição ao alumínio e ferro-silício. Mercado brasileiro tem grande potencial de consumo dessa liga. Temos malha ferroviária para mandar para o Brasil e o mundo através do porto de Rio Grande. Estamos contando com o poder público, esse processo precisa ser acelerado no que diz respeito a licenças. Pretendemos começar a operar já em 2027, logo aí. Contamos com o apoio de todos e agradecemos a hospitalidade”.
Varella ainda lembrou de uma visita anterior feita pelo grupo em Candiota para um projeto de gaseificação. “Antes viemos com o grupo chinês CNCE e durante esse período evoluímos bastante nas tratativas com eles e o acordo macro será definido até maio do projeto de gaseificação apresentado anteriormente e que será mais robusto. Acredito que até fim do ano já se tenha uma data de entrada de Licenciamento Prévio (LP)”, explicou.
O CEO da ICMD Global, Jurgen Rai, agradeceu a presença de todos, destacando a boa estrutura da área. “Temos um ditado de que o primeiro passo determina muita coisa no andar da carruagem posterior e esse foi um belo passo. Julgando por este primeiro dia, tenho certeza que temos um futuro muito bom aqui. É a primeira vez que estamos aqui e vimos o terreno que temos planos de implantar a usina de Ferroligas. A infraestrutura que vimos aqui hoje não é comparável a nada visto até então, por isso queremos implantar a usina com uma Ferroliga única para aplicação na siderurgia”.
Jurgen explicou de forma simplificada o processo e capacidades de produção. “Estamos em cima de carvão que é por inteiro utilizado nas termoelétricas, ou seja, é queimado para produção de energia. Vamos fazer algo similar, queimar o carvão, porém no fim do processo vamos obter uma ferroliga de três componentes – ferro, silício e alumínio. Das cinzas vamos conseguir fazer metal. Hoje no mudo é produzida cerca de 2 bilhões de toneladas de aço por ano e nenhuma é feita sem a união desses três componentes. O Brasil hoje produz 34 mil toneladas de aço por ano, e tem uma demanda de 170 mil toneladas, além de 500 mil toneladas no mundo. Estamos programando a construção de dois fornos com volume de capacidade de produção de 36 mil toneladas, mas temos potencial enorme para expandir a médio e longo prazo. Minha primeira impressão é que já poderia planejar a distribuição da usina com instalação de seis fornos, porque de fato este lugar é único e perfeito”, expôs o CEO.
Guilherme Barão disse que na vida é necessário ter sonhos, porém destacou que se vivenciava uma realidade. “Sonho de quem é natural daqui, que perdeu o sono tentando achar caminhos, é um sonho de toda população. Toda essa construção aconteceu através de diversas pessoas e o que importa é gerar desenvolvimento e oportunidade de trabalho. Esperamos sim a concretização desse sonho”.
A diretora do Centro de Desenvolvimento do Cazaquistão, Alma Tertinquebaiera, uma das cientistas desenvolvedoras da Ferroliga, afirmou estar feliz porque havia descoberto que se tratava de um lugar perfeito onde as estrelas se cruzavam. “O terreno praticamente pronto com todos os acessos e comunicações. É uma coincidência feliz. Já temos avanços no licenciamento e da nossa parte não vamos atrasar. A Ferroliga foi testada pelas maiores siderúrgicas mundiais e recebemos relatórios muito positivos”.
Frei Sergio Goergen disse que o dia ficaria marcado na história, pois o projeto não afeta somente Candiota, mas marca uma virada de página da metade Sul que sempre quis se industrializar e nunca teve oportunidade. “Do maldito carvão, que de maldito não tem nada só temos que saber usá-lo. Foi de um lugar distante, o Cazaquistão, que uma mulher, cientista, desenvolveu uma solução para o que está embaixo da nossa terra e ao mesmo tempo gerando emprego e cuidando do meio ambiente. Gostaria de agradecer a Vamtec pelo investimento e responsabilidade social. É importante para as empresas, mas não imaginam como é importante para o Rio Grande do Sul, nossa região e as pessoas”, manifestou, ressaltando que vão trabalhar ao máximo para reduzir o tempo de recebimento da licença prévia devido aos estudos já feitos na região e relatórios quanto a questão ambiental e que poderão ser entregues diretamente a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
Por fim, o prefeito Luiz Carlos Folador, ao fazer uso da palavra, disse que o dia era de muita alegria. Ele também agradeceu aos vereadores e secretários municipais, destacando o importante trabalho de todos. Ele ainda saudou os investidores. “O município, o Estado e a União farão tudo que estiver ao alcance para a instalação dessa primeira unidade. Lembro que há um tempo atrás o engenheiro Amaro disse que em Candiota deveria ser implantado o Polo Carboquímico devido a infraestrutura, acesso e reserva de carvão, assim como linha de transmissão. É desenvolvimento, impostos que poderão ser utilizados para melhorias, empregos”, destacou.
O projeto Ferroliga FeSiAl
A Ferroliga Ferro-Silício-Alumínio utiliza a redução do carvão com alto teor de cinzas (uma característica do minério encontrado em Candiota) para criar um produto alternativo, mais barato e com melhor rendimento que o tradicional, para a desoxidação de aço.
O grupo ICMD detém a licença global do processo, que utiliza uma tecnologia original desenvolvida no Cazaquistão. A produção estimada é de 36 mil toneladas por ano, com um mercado potencial para 170 mil toneladas. O investimento também contempla oportunidades para programas de desenvolvimento social, educacional e de saúde, além de troca de experiências nacionais com a China.
O prazo para início das atividades é até o fim de 2027. A expectativa de faturamento do primeiro projeto é de R$ 300 milhões anuais e entrega de R$ 40 milhões em impostos por ano. A geração de empregos também está no planejamento, com projeção de 1 mil postos de trabalho diretos na etapa de construção da planta e de 330 vagas diretas na fase de operação.
SOBRE AS EMPRESAS
A Vamtec Group é um grupo industrial com várias plantas no ES, RJ, MG e Bahia, com especial atuação no setor Siderúrgico e de Ferroligas. Está bastante envolvida no desenvolvimento da região da Campanha e no aproveitamento sustentável do carvão de Candiota com projeto de gasificação do carvão e produção de metanol e outros. Recentemente foi verificada a oportunidade de desenvolvimento de um projeto de FeSiAl na região estabelecendo uma parceria com a ICMD Holding.
A ICMD é uma empresa sediada na Alemanha, detentora da patente de produção de FeSiAl e com interesse em implantar uma planta de produção, utilizando o carvão de Candiota. A ICMD confirma que o carvão de Candiota tem as características e propriedades adequadas para produção da liga.
NÚMEROS DO PROJETO FASE 1 (2 fornos 28MVA)
* Investimento: R$ 420 milhões de Capex
* Produção FeSiAl: 36 mil toneladas/ano (mercado potencial 170 mil toneladas)
* Consumo de carvão: 150 mil toneladas/ano
* Consumo de energia: 400.000 MWh/ano
* Faturamento: R$300 milhões/ano
* Geração de impostos: R$ 40 milhões/ano
* Empregos na fase de construção: 1 mil postos diretos
* Empregos na fase de operação: 330 postos diretos
* Prazo para inicio da operação: 2027
* Prazo crítico: Licenciamento ambiental em 1,5 ano
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*