PRIVATIZAÇÃO

“Entrarei na minha sala, juntarei meus cacos, cumprirei minha tarefa e baterei o ponto pela última vez”, diz Elaine Marins

Trabalhadores da CEEE-D contam suas histórias e sentimentos ao sair da Companhia

A Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE-D) está sendo administrada pelo Grupo Equatorial Energia desde o dia 8 de julho, data em que o governador Eduardo Leite assinou o contrato de venda.

O controle acionário da CEEE-D, de titularidade da Companhia Estadual de Energia Elétrica Participações (CEEE-Par), foi leiloado em lote único pelo lance de R$ 100 mil, mas o grupo assumiu o passivo da companhia que atende 1,6 milhão de clientes em 72 municípios da Grande Porto Alegre e das regiões Sul, Campanha e Litoral. No Brasil, o Grupo Equatorial, considerando as novas concessionárias adquiridas em 2021 no Rio Grande do Sul e no Amapá, atende 13% do total de consumidores.

Um Plano de Demissão Voluntária (PDV) ocasionou a adesão de 998 funcionários, representando 46% do total do quadro da empresa. O custo do desligamento será de R$ 144,8 milhões. O incentivo financeiro foi de 40% do salário base por ano de trabalho completo, limitado a seis salários, além de outros custos rescisórios.

Na região do TP, vários funcionários da Companhia aderiram ao PDV. O jornal conversou com duas lideranças e traz suas histórias e sentimentos com relação ao momento vivenciado.

Elaine Marins

Elaine estava há mais de 40 anos a serviço da empresa Foto: Divulgação TP

O jornal conversou com candiotense Elaine Acosta Marins, 66 anos, que reside há muitos anos em Bagé. Ela contou ao jornal que a CEEE-D, agora CEEE Equatorial Energia, sempre esteve presente em sua família, pois seu pai foi autárquico da empresa, mas que está entre os funcionários que aderiram ao Programa de Demissão Voluntária (PDV).

A pedido do jornal, ela contou um pouco sobre sua história dentro da empresa. “Em setembro de 1979, fui trabalhar para a CEEE, em regime de administração pela firma Miguel Arlindo Câmara (MAC). Trabalhava na obras, setor administrativo. No dia 11 de julho de 1985 assinamos o contrato com a CEEE-D e eu trabalha com a Alsthon Atlantique, na época com 22 supervisores franceses. Fiquei até a saída do último supervisor, quando, enfim acabou a obra da Candiota II, fui transferida para a Gerência Regional da Campanha, onde fui designada para a Secretaria do Setor Técnico, para trabalhar com o saudoso engenheiro Martinho José Gobbo Nicoloso e o engenheiro Wilson Norberto da Câmara Bertei, que foi transferido para Porto Alegre”, relatou.

Elaine disse nunca ter se imaginado fora da CEEE-D. “Até cheguei a achar que não existia outra coisa para eu fazer que não fossem eventos, posses de gerentes, pois de quatro em quatro anos mudava, conforme o partido do governo do Estado. Eu aprendi muito nesta família eletricitária. União, amor a empresa, conhecimento de áreas que até então desconhecia”, expôs.

O jornal também perguntou a Elaine sobre seu sentimento com relação a saída da empresa, que pra ela está marcada para o dia 3 de dezembro. “Quando a nossa empresa foi a leilão, sentimos como se estivessem usurpando nosso reino, aí que a ficha caiu e chegamos a conclusão que ela nunca foi pública e sim do governo. São 42 anos a serviço da CEEE-D e 36 de CEEE-D. No próximo dia 3 de dezembro, entrarei pela última vez na minha sala, juntarei meus cacos, cumprirei minha tarefa e, com o coração apertado, baterei o ponto pela última vez. Mas sairei de cabeça erguida, com a certeza de missão cumprida”, disse ela dizendo que vai parar de trabalhar, que ainda não decidiu exatamente o que irá fazer, mas que no período em que esteve de quarentena gostou de curtir a casa e o esposo.

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