Reajuste salarial

Reajustar o valor dos salários no patamar da inflação oficial é o mínimo que se pode esperar de quem governa.
No Brasil, governantes tratarem mal os servidores públicos é quase uma normalidade. Há algumas exceções, para cumprir a regra. Esta semana, a Câmara dos Deputados e o Senado aprovaram o orçamento com previsão orçamentária de reajuste salarial para os servidores da área de segurança (Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Departamento Penitenciário Nacional) e saúde (Agentes Comunitários de Saúde). O reajuste na área policial foi um pedido do presidente que pretende ficar bem com a minoria. Para quase todos os servidores federais, nenhum reajuste com origem no governo Bolsonaro.
Não sei dizer em que lugar do mundo alguém que é maltratado trabalha com alguma vontade de produzir bons serviços.
Há quem diga que os servidores públicos têm remunerações acima que os da iniciativa privada para as mesmas funções. Nas categorias que recebem salários baixos é verdade se tratarmos dos servidores do governo federal. Também é verdade se tratarmos de algumas categorias de servidores do Judiciário e das Assembleias Legislativas. Muitas outras vezes não. Por exemplo, compare os salários de prefeitos com os salários de dirigentes de empresas do mesmo porte. Compare os salários dos deputados (que são 55 no Rio Grande do Sul) com os vencimentos dos 55 mais destacados empresários, médicos, engenheiros, advogados, arquitetos, contadores, do estado. Compare os salários dos professores com seus pares da iniciativa privada. Neste caso, só os professores das universidades e escolas técnicas federais poderiam servir de parâmetro para se começar a fazer comparações.
Proibir reajustes como o que está em andamento é um abuso.
Vou olhar no site do Tribunal de Contas e vejo que a despesa com pessoal do governo do estado do Rio Grande do Sul em 2015 ficou em torno de 48%da receita corrente líquida;em 2019, em torno de 46,5% e nos primeiros oito meses de 2021 cerca de 41,5%. Uma queda significativa conseguida com crescimento de receita e empobrecimento dos servidores.
Hulha Negra, Candiota e Pedras Altas, onde as despesas com pessoal andaram rondando os 54% em algum momento nos últimos seis anos, estão em patamares razoáveis e podem conceder reajustes. Candiota em função do amplo crescimento da receita de ICMS para o próximo ano; neste caso deve levar em consideração se o crescimento é sustentável.
O que me faz abordar o tema seguidamente é o fato de que nas mãos dos servidores o dinheiro público gira na comunidade e beneficia muitas pessoas além destes. Por outro lado, a queda do poder aquisitivo dos servidores prejudica o desenvolvimento local.

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