Jorge Mario Bergoglio, que adotou o nome de Francisco em 2013, foi um jesuíta nascido na América Latina, homem de grandeza singular.
A humanidade perdeu um líder ímpar, um homem com mensagem de profundo conhecimento e conteúdo. Não teve medo do enfrentamento com os poderosos senhores da guerra que querem dominar o mundo às custas do sofrimento e morte de milhares de pobres e inocentes. Exortou o chamamento das grandes potências mundiais à paz, ao fim dos conflitos e massacres, pediu empatia, tolerância e semeou a esperança, questões óbvias da sobrevivência humana, inobstante a insensibilidade absoluta dos chefes das nações envolvidas.
Ligava todos os dias pela manhã ao Padre Gabriel Romanelli, sacerdote responsável pela paróquia e pela comunidade cristã de Gaza, que mesmo sob intenso bombardeio e arriscando sua vida o tempo todo, leva os ensinamentos de Jesus Cristo em meio ao terror da guerra.
Sua figura solitária durante a terrível pandemia, orando na Praça do Vaticano vazia, é um marco da fé, da crença e da expressão da bondade divina.
Lutou contra as imoralidades encontradas dentro da própria Igreja, mostrou os erros buscando melhorar não só a imagem da instituição, mas extirpar todos os males e defeitos então existentes.
Compadecido com os males e sofrimentos do mundo não hesitava em se aproximar dos enfermos, abraçava doentes terminais com enfermidades graves e contagiosas, consolava e beijava maltrapilhos e miseráveis sujos, não fazia qualquer distinção entre cristãos ou não cristãos, assim como entre crentes e ateus.
É melhor ser ateu do que um católico hipócrita, dizia ele!
Acolheu as minorias com afeto e compreensão. Entendia que não pode haver distinção às pessoas em razão de sua opção sexual ou de sua crença religiosa. Determinada ocasião, dirigiu-se a um menino que chorava muito em uma missa após perder seu pai. O menino revelou ao Santo Padre que seu pai era uma pessoa boa, mas era ateu. Disse-lhe então o Papa: Deus não abandona as pessoas boas!
Resposta clara, objetiva e muito sincera, sem proselitismo barato ou sofisticado.
Revelou-se assim, como uma das máximas representações de bondade de Jesus Cristo de Nazaré.
Inovou e fortaleceu a participação das mulheres na vida da Igreja, apoiou os direitos femininos, promoveu avanços significativos nomeando mulheres para ocuparem cargos no Vaticano, sempre defendendo a igualdade de gênero.
Francisco era um sujeito magnífico em sua sabedoria, incontornavelmente bom em sua essência, fez opção pelos pobres tal qual o exemplo de vida de São Francisco de Assis que abriu mão da vida material e saiu pelo mundo a ajudar as famílias paupérrimas, cuidando delas e também dos animais, de quem se tornou santo protetor. Teria sido inclusive, por isso, que adotou o nome de Francisco.
Em sua última manifestação pública, o Santo Padre disse:
“É com dor que penso em Gaza. Ontem foram bombardeadas crianças. Isso é crueldade. Isso não é guerra.”