Redes me fazem lembrar das pescarias dos meus tempos de criança. Era um tempo no qual eu não tinha muita noção do que era matar e morrer. Daí que matar galinha, perdiz, ovelha ou peixe eram coisas normais. Não me lembro de ter matado ovelha, galinhas, peixes e perdizes foram alguns animais que passaram pelas minhas mãos juvenis sem muita sorte. Foi pelos 17 anos que me dei conta de que os animais não precisavam de mim para seus momentos derradeiros.
Mas lembro que um peixe cair na rede era morte certa.
Passaram os anos e as redes que estão na moda são as redes sociais. Nestas, parece a humanidade disposta a cair na rede como se isso não representasse perigo algum.
Quem me conhece sabe que não frequento as redes sociais.
– Tem Whatsapp, eu disse uma certa vez.
– Tenho, sirva como telefone. De resto não serve para nada. Eu sou da velha guarda que ainda aprecio o velho e o bom telefone.
O telefone me permite ligar só quando eu quero e me permite não atender se uma “mala inoportuna” liga. Se não aparecer o nome do contato certamente não vou atender.
– Tem Instagram.
– Fiz um para assistir uma live de um sobrinho. Logo ganhei uns cinquenta seguidores. Lá não tem foto minha, nenhuma postagem e ainda que conste que sigo quatro pessoas, na verdade ninguém é seguido por mim.
“- Os outros não acreditam que seja muito importante”.
Facebook e X nunca foram ativos.
Sou aqueles que acreditam que o Facebook serve para uma pessoa mentirosa que tem amigos, o Instagram serve para uma pessoa mentirosa que é feliz e o X serve para alguém tentar provar que pensa alguma coisa com lucidez e normalmente escrever bobagem.
Eu não quero saber o que meus amigos estão fazendo todos os dias. Eu quero que eles me digam quando nos encontrarmos. Assim, temos o assunto.
Eu não quero que eu me enviem em coisas engraçadas ou sérias que viram na internet. Eu não envio nada aos outros. E quem disse que o que é engraçado ou interessante para o outro me interessa? Imagine eu receber uma centena de mensagens por dia e ter que ver todas para aproveitar uma coisinha que outra.
Eu quero ter privacidade. Acho que o que faço interessa muito pouco ou quase nada a quase todos que eu conheço.
Outro dia disse para minha filha que ficou incomodada por eu estar falando um pouco alto e os outros poderiam entender mal o que eu falava:
– As pessoas ao redor não me conhecem. Você não está aí para mim.
– O mundo vai me esquecer.
– Os outros não acreditam que seja muito importante.
JÁ FOI CONTEÚDO NO IMPRESSO