MEIO AMBIENTE

Governo estadual lança edital para estudo que embasará plano de transição energética justa

Segundo o governo, discussão ganha destaque em regiões de mineração de carvão, como é o caso da Campanha onde Candiota está inserida Foto: Arquivo TP

Para avançar no atingimento das metas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE), o governo do Estado, por meio da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), lançou um edital para a tomada de preços visando serviços de assessoria técnica e consultoria. O propósito é desenvolver estudos que sirvam de embasamento para o Plano Estadual de Transição Energética Justa.

O plano, que deverá ser produzido com base no estudo, emerge em um contexto global, no qual a transição energética justa se apresenta como uma necessidade. Com a urgência no enfrentamento das mudanças climáticas, vários países buscam fontes de energia sustentáveis e mudanças nos diversos elementos que compõem as cadeias energéticas, com o intuito de reduzir as emissões de carbono.

A discussão sobre a transição energética assume destaque no Rio Grande do Sul, especialmente nos setores de mineração de carvão e geração termelétrica. Nas regiões carboníferas do Baixo Jacuí e Campanha, onde Candiota está inserida, estratégias específicas são necessárias para viabilizar uma transição equitativa.

Conforme a titular da Sema, Marjorie Kauffmann, o plano de transição energética justa é fundamental para possibilitar políticas mais efetivas na mitigação das mudanças climáticas. “O plano de transição energética justa é um elemento dentro do nosso plano estratégico para ações relativas a mudanças climáticas. O aporte técnico e de conhecimentos externos à secretaria é fundamental, pois precisamos ser rápidos e precisos na definição de nossas políticas que vão viabilizar uma transição gradual e leve a patamares ambientais, sociais e econômicos melhores”, afirmou.

Conforme a Assessoria do Clima da Sema (Asclima-Sema), o setor energético é responsável por 75% das emissões globais de GEE, enquanto no Rio Grande do Sul essa contribuição é inversa, representando 25% das emissões. Iniciativas focadas na descarbonização da matriz energética podem impactar positivamente outros setores.

A assessoria técnica desempenhará um papel crucial na elaboração do plano, buscando alternativas sustentáveis para diversificar a matriz energética e promover o desenvolvimento socioeconômico nas áreas afetadas. Com enfoque na realidade local, as estratégias devem considerar as fontes de energias limpas disponíveis em cada localidade. No Rio Grande do Sul, 83,7% da energia elétrica gerada provém de fontes renováveis, destacando-se na comparação global, segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O estudo contratado buscará um conhecimento aprofundado das regiões com produção carbonífera, buscando criar um plano de transição. A partir das potencialidades econômicas identificadas, será possível avaliar o uso do carvão, seus impactos e possibilidades nessas localidades. Os objetivos principais incluem contribuir para as metas globais de redução de emissões, promover iniciativas sustentáveis e qualificar ambientalmente o território, garantindo segurança energética. A avaliação dos resultados se dará por meio de iniciativas já em andamento, como o monitoramento das emissões de GEE, controle ambiental e viabilização de empreendimentos, além de regulação do setor de energia para garantir o suprimento à população.

Segundo a Asclima-Sema, a relação entre transição energética e resiliência climática é evidente, sendo o sucesso da primeira essencial para a segunda. O plano deve contribuir significativamente para a mitigação das mudanças climáticas, abordando aspectos relacionados à adaptação de estruturas.

Por meio do ProClima2050, o governo estadual demonstra seu comprometimento com acordos globais relacionados à agenda climática, buscando reduzir os impactos das mudanças na vida da população gaúcha e atingir a neutralidade de emissões líquidas de GEE. A promoção da eficiência energética no âmbito do ProClima2050 é um pilar fundamental na estratégia de combate às mudanças climáticas. O governo adota políticas e implementa ações para incentivar a eficiência nos setores, indo além da promoção de fontes limpas e renováveis, abrangendo normas para tornar processos industriais mais sustentáveis e incentivar o uso consciente de energia pela população.

 

COM ATRASO

 

O TP fez contato com frei Sérgio Görgen, do Instituto Padre Josimo e coordenador do Polo de Inovação, que quanto a pauta disse que o Rio Grande do Sul está atrasado. “Acho que vem tarde demais. Governo do Estado está com a pauta atrasada. O mundo e o Brasil estão girando rápido. A elaboração deste plano precisa ouvir o povo, as comunidades, nossas universidades. Senão, será um furo na água, mas antes tarde que nunca. Porém o estudo vai demorar 18 meses, pelo que sei. Prá cá (Candiota), as decisões são mais urgentes”.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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