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Grupo que contesta troca de nome da cidade, realiza encontro em Pinheiro Machado

Almoço do 2º Encontro vai acontecer no restaurante Quitandinhas Foto: Divulgação TP

Está programado para este sábado (16), em Pinheiro Machado, o 2º Encontro do Grupo Cacimbinhas City. O evento deve reunir cerca de 50 pessoas em uma programação composta por mateada na praça Angelino Goulart e almoço no restaurante Quitandinha.

Em entrevista ao Tribuna do Pampa, o jornalista e professor universitário Luiz Antônio Farias Duarte, o Nikão Duarte, disse que um evento simples foi a solução encontrada pela comissão para a realização do 2º Encontro. “Desde o ano passado a comissão tenta tornar realidade a repetição do que tão brilhantemente foi feito dez anos atrás. Após avaliar inúmeras alternativas, levando em conta o interesse previamente manifestado pelos cacimbinhenses de todos os lugares, as instabilidades do clima, os feriados de 2022 e o arrefecimento da pandemia, chegamos a esta programação”, afirma.

O evento, organizado por Nikão Duarte e Jorge Souza Aguiar, administradores do grupo no Facebook, por Silvia Helena Tavares Régio, Niaia Krüger Sarubbi Resing, Vera Maria Lima Da Silva Ribeiro, Rogério Gomes de Moura e Dorisa Luz, vai contar com uma mateada durante a manhã, um almoço no Quitandinhas e uma segunda mateada a tarde.

Natural de Pinheiro Machado, Nikão saiu da cidade aos 16 anos para estudar em São Paulo e atualmente reside em Porto Alegre. A ligação com a amada cidade natal, porém, ainda é bastante forte, tanto que para a continuidade de vínculos, foi criado o grupo no Facebook, Cacimbinhas City, com o objetivo de reunir conterrâneos que também carregam em sua história e pensamentos, um carinho especial pelo primeiro nome da cidade de Pinheiro Machado, Cacimbinhas.

Questionado pelo TP o que representa pra ele esse encontro, ele diz que a “possibilidade, virtual e real, de aproximação e congraçamento entre conterrâneos, de todas as gerações, por origem, afinidade e afetividade. Assim reafirmamos nosso amor à terra querida, compartilhamos recordações e podemos vislumbrar que formas temos de contribuir para o seu desenvolvimento”.

Baile do Primeiro Encontro, em 2012, no Clube Comercial Foto: Arquivo Pessoal Nikão Duarte/Especial TP

CACIMBINHAS CITY – O primeiro encontro real do Grupo Cacimbinhas City ocorreu em 2012 e contou com três dias de programações, incluindo atividades culturais e baile no Clube Comercial. Como descreveu Nikão, “reunir conterrâneos e conterrâneas por origem e afinidade tem sido a nossa vocação, desde sempre, como recurso possibilitado pela tecnologia e por uma de suas melhores consequências, as redes sociais”.

Ele também relatou que muitas pessoas integraram o grupo por meio de contribuições informativas, históricas e afetivas. “Podemos dizer que o afeto é o que nos une, nessa empreitada que vai além de uma década e, hoje, reúne amigos e amigas de várias gerações”, frisou.

Sobre o segundo encontro em 2022, ele lembra que ainda se vive as limitações de uma pandemia equivalente a que enfrentaram os antepassados há mais de um século, a gripe espanhola. “O 2º Encontro é possível, por estarmos num momento de recuo da crise sanitária, mas em condições ainda menos favoráveis do que há 10 anos. Por isso, o 2º Encontro é mais modesto na programação, precisará ocorrer sob os controles necessários para a preservação da saúde de todos, mas com a mesma e justa ambição que motivou a criação do grupo e a promoção do 1º Encontro: o congraçamento entre cacimbinhenses de todos os rincões!”.

TROCA DE NOME – O grupo Cacimbinhas City é conhecido por contestar a troca do nome da cidade, que ocorreu em 30 de outubro de 1915, por decisão do intendente provisório Ney Lima Costa. Conta a história que a troca ocorreu após o senador José Gomes Pinheiro Machado ter sido assassinado no Rio de Janeiro em 8 de setembro de 1915, por Francisco Manso de Paiva Coimbra, que era um morador da região de Cacimbinhas. A mudança não foi aceita pela população, que se rebelou contra o intendente que teve que deixar a cidade. A história é tema do livro “A guerra de Cacimbinhas”, lançado em 2015 por Nikão Duarte.

Três amigos que se reencontraram em 2012: Nikão Duarte, Ubiratan Peres e Sérgio Dutra, companheiros da infância e adolescência nas décadas de 1960 e 1970 Foto: Arquivo Pessoal Nikão Duarte/Especial TP

Segundo a história, o nome Cacimbinhas se relaciona à profusão de mananciais existentes na região, que depois recebeu a cidade e que eram usados pelos tropeiros e carreteiros.Também porque conta a história que a primeira igreja foi a capela Nossa Senhora da Luz das Cacimbinhas. Segundo a lenda, Dutra de Andrade teria perdido a visão e feito uma promessa de que se a recuperasse ao lavar os olhos nas águas das cacimbinhas mandaria construir uma capela em honra de Nossa Senhora da Luz das Cacimbinhas. O milagre aconteceu e a capela foi construída em terreno doado por Dutra de Andrade, em 10 de abril de 1851, que por lei nº215, de 10 de novembro de 1851 (apêndice nº1) foi criada a capela Curato com invocação de Nossa Senhora da Luz, na Coxilha do Veleda.

Questionado pelo TP se o grupo ainda pensa em fazer algum movimento para que o município volte a se chamar Cacimbinhas, Nikão diz que o nome Cacimbinhas está nos corações da maioria de seus habitantes, como herança cultural, histórica e afetiva dos antepassados. “Mas não ouso pensar em mudança, porque penso ser essa uma decisão que deve surgir dos moradores, saí da cidade em 1969 e para mim, basta estar, para sempre, nos nossos corações”, expôs o pinheirense, acrescentando também ser “importante dizer que amar Cacimbinhas não significa rejeitar Pinheiro Machado (o político). Foi um idealista pela República e, na sua época, o homem público gaúcho mais importante nacionalmente, só não tinha vínculo algum com nossa cidade”, concluiu.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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