Na sessão ordinária da Câmara de Vereadores e Vereadoras de Candiota de segunda-feira (18), uma das principais pautas levantadas foi o cancelamento dos atendimentos para crianças autistas por parte da Prefeitura na clínica privada PsicoClin, localizada na Vila Operária.
O vereador e presidente Gildo Feijó (MDB), disse que foi procurado por mães e pais de crianças autistas da cidade, mas que acreditava se tratar de alguma atrapalhação da Secretaria de Saúde, bem como falou sobre a solução apresentada. “Houve um atrapalho na Secretaria de Saúde, acredito que seja isso, e essas mães foram comunicadas que o atendimento seria interrompido. Pedimos uma reunião com o prefeito Luiz Carlos Folador, onde também estavam presentes a vereadora Luana Vais, o vereador Fabrício Moraes, pais e mães. Propomos que a Câmara devolva a Prefeitura o valor necessário para que seja paga essa clínica para que essas crianças, esses inocentes, não deixem de ser assistidos até o final do ano. Essa foi a proposta que levantei e foi aprovada pelos pais, mães e prefeito”, explicou.
Gildo ainda acrescentou: “Espero que na virada do ano seja tudo legalizado e normalizado, porque os inocentes precisam e não podem passar por este tipo de situação. Meu sonho é ver as crianças atendidas no nosso CRA (Centro de Reabilitação e Apoio), que é a bandeira do nosso gabinete. Em breve deverá ser inaugurado e lá contratado novos profissionais que ainda não temos na rede, que nossas crianças sejam tratadas em Candiota com dignidade, seriedade e que ninguém tire proveito dessa situação”, enfatizou.
DEMAIS VEREADORES
Utilizando seu espaço na tribuna, o vereador do MDB, Fabrício Moraes, que é ex-secretário de Saúde, afirmou que o problema não foi da Saúde. “Atrapalho não foi bem da Secretaria de Saúde, foi a pedido do prefeito”, acusou.
A vereadora Luana Vais, do PT, disse que não havia se manifestado antes sobre o assunto porque precisava entender o processo, mas afirmou que se foi atrapalho da Secretaria de Saúde ou decisão do prefeito, mexeu com algo muito complexo, a saúde, principalmente de crianças. Ela usou o termo eleitoreira para se referir ao processo. “Nosso município sempre foi muito elogiado, inclusive por mim, na questão da saúde, mas de fato, algumas situações tem chamado a atenção, de que a Secretaria de Saúde tem sido usada de forma eleitoreira. Essa ação dos atendimentos foi isso que aconteceu.Tínhamos uma fila de espera no atendimento de algumas crianças, isso é comprovado. Em agosto começam atendimentos na PsicoClin, saem muitas crianças da fila, perfeito, maravilhoso, pois como temos dito aqui, o autismo e outras questões tem aparecido com mais frequência e a gente tem que colocar a atenção do município para isso também. Em abril votamos uma lei criando o Conselho Municipal das Crianças com Deficiência e um Fundo, uma iniciativa do vereador Adriano Revelante (MDB), que até hoje não foi colocado em prática, criado o Conselho, só aprovado por esta Casa. Dois meses antes da eleição começam os atendimentos, e um mês após a eleição é cortado, isso é uma falta de respeito com as pessoas, com os pais”, expôs Luana.
A vereadora ainda falou sobre a solução apresentada. “Aquela reunião foi constrangedora vereador Gildo, as pessoas terem que ir atrás de um direito estabelecido em lei. Me senti mal por estar discutindo algo que é lei.Soube também de outros atendimentos com especialistas que foram cancelados, mas isso não é despesa, saúde é investimento. Parabenizo o vereador Gildo pela iniciativa de devolução do dinheiro, mas na minha opinião não seria necessário, o município deveria cumprir com os atendimentos previstos em lei”, destacou.
O vereador Léo Lopes (PSDB), também falou sobre a pauta.Quanto a PsicoClin, o vereador disse não ser momento de procurar culpados. “Se foi uma barberagem, decisão de fulano e beltrano, o momento é de parabenizar o Gildo e os colegas pela ação de buscar manter esse contrato, ações desse tipo são políticas públicas e para isso fomos escolhidos, para a tomada de decisões e preservar o direito da criança e de todas as pessoas”.
ARTIGO 25
Como líder, Fabrício usou o artigo 25 para defender o trabalho da Secretaria de Saúde, questionando o pronunciamento da vereadora Luana. “Não posso admitir que queiram desfazer do que foi feito e não é eleitoreira vereadora Luana, a senhora levou inúmeras demandas na Secretaria e a gente atendeu a todas. Atendemos a população sem perguntar em quem as pessoas iriam votar. Convênios e atendimentos com especilaistas há muito tempo não eram feitos. Não estou puxando brasa somente para meu assado, preciso falar dos profissionais que atuaram desde o início, em uma pandemia. Temos traumatologista que era uma coisa que não tinha há anos e claro que a senhora sabe disso porque fez parte do governo que antecedeu ao Folador. Quando chegamos à Secretaria não tínhamos crédito com os médicos porque o município cancelou tudo que era contrato em outubro quando perdeu a eleição e não pagou. Fomos recuperando a confiança e entregando para a comunidade. Temos uma saúde de primeiro mundo. Quando ta errado, ta errado, não sei de quem foi a barberagem, se foi da Saúde ou do prefeito, mas dizer que tratamos com desrespeito famílias atípicas não é verdade. Hoje temos o Centro de Saúde Mental com terapias, pilates, danças. Podemos chamar a funcionária que marcava para ver essa questão de ter começado em agosto e esclarecer, pois não respondo por essa época”.
Na sequência, como líder, Luana continuou. “Não há motivos para sua alteração e justificativa do seu trabalho. Nunca disse que fui lá e não fui atendida, pelo contrário. Mas volto a reafirmar, não sei se o culpado foi o prefeito e se não tinha antes em três anos e meio de governo e foi ter dois meses antes das eleições, pra mim sim é uma questão eleitoreira. Isso também ouvi dos pais, que não se manifestam porque os filhos precisam. A causa dos autistas é uma bandeira sua e os autistas é uma causa que estou estudando para conhecer. Que bom que antes não tinha e agora tem, estão no governo e tem que melhorar, não justificar os erros desse governo em cima dos outros. Esse governo não perdeu, continua, porque tem que parar os investimentos”, concluiu.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*