Investir para produzir

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O ano se enca­minha para o final e as notícias sobre a evolução da economia tendem a ser otimistas, com ex­pectativa de melhoria do PIB em 2020, que poderá ficar entre 2 e 3%. Num país com milhões de desempregados e com o Congresso Nacional aprovando as leis que aprovou como a reforma da previdência, o PIB de 2019, que ficará em torno de 1%, foi decepcionante, embora festejado por alguns diante da possibilidade de que fosse pior.

A desigualdade social é um problema social presente em todos os países do mundo. Ela decorre, principalmente, da má distribuição de renda e da falta de investimento na área social, como educação e saúde.

Esta semana, uma pesquisa colocou com o Brasil como um dos países com maior desigualdade social no mundo. Em agosto, a Fundação Getúlio Vargas informava que a desigualdade social no Brasil aumentou 17 trimestres seguidos, a maior sequencia da história. Segundo a mesma fundação, no último trimestre de 2014 o Brasil havia chegado ao menor índice de desigualdade social da história.

Escrevo sobre PIB e desigualdade social porque o aumento do PIB necessariamente não reflete na me­lhoria da qualidade de vida, embora seja provável que a qualidade de vida melhore com o aumento do PIB, que reflete o resultado do conjunto da produção nacional. A desigualdade social resulta da concentração da riqueza. No Brasil, nas mãos de muito poucos.

Esta semana, a taxa Selic caiu para 4,5%. Do ponto de vista estratégico está correto. Com esta taxa, o governo federal paga menos juros e pagar juros é o maior problema do Brasil. Esta Selic, porém, pode criar problemas. Os donos do dinheiro no Brasil não apreciam investir para produzir, mas viver de renda. De agiotagem. Os ricos no Brasil preferem ganhar dinheiro fácil. Esta Selic incomoda. Os ricos vão reagir. E podem gerar instabilidade.

As ações deste governo geram mais concen­tração de renda, como a redução dos direitos dos trabalhadores e o empobrecimento das classes mais pobres, em especial de quem se aposentar. Porém, a Selic baixa é a única contrapartida imposta aos mais ricos. Com Selic baixa, parece mais interessante investir para produzir. Viver de renda é muito mais confortável.

Num cenário econômico incerto e sem dados relevantes para garantir qualquer perspectiva, vamos torcer para que as opiniões otimistas sobre o PIB de 2020 se concretizem.

Em tempo: atualizo a foto. Como diria Radicci, personagem de Iotti, vendendo carro usado, “com larga quilometragem, mas em estado de novo”. E a Genove­va, mulher do Radicci, com um rolo de amassar massa nas mãos, louca pra dar na cabeça dele.

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