Dieguinho do Seival recebeu 177 votos e em sua primeira eleição já garantiu a suplência do MDB Foto: Divulgação TP
Nem nos seus melhores sonhos ele esperava o resultado expressivo que obteve na eleição de 2020. Essa foi a afirmação do jovem Diego Corrêa Lima (MDB), o Dieguinho do Seival, como é conhecido em Candiota. Aos 23 anos, negro e até então sem ligação alguma com a política, ele garantiu 177 votos (2,83%) e acabou conquistando a vaga de primeiro suplente do seu partido. Se Gildo Feijó, Fabrício Moraes ou Hulda Alves assumirem alguma Secretaria no governo de Luiz Carlos Folador (do mesmo partido), ele fica com uma vaga na Câmara de Vereadores.
Filho de Miraci Rodrigues Corrêa e Elso Rodrigues Lima, Dieguinho contou que tem sete irmãos, mora desde sempre na Capital Nacional do Carvão e estudou nas escolas Seival e Francisco Assis Rosa de Oliveira (Faro). Atualmente não possui emprego fixo e faz faxina para algumas pessoas quando é chamado. Em 2016 entrou para o grupo da Associação de Moradores de Seival (AMORS), onde ocupou o cargo de diretor social. “No mesmo ano criei o concurso Garota AMORS, que fez muito sucesso no bairro. Idealizei a “Vaquinha Solidária”, podendo ajudar algumas pessoas que passaram por momento difíceis, como por exemplo, doença ou acidente. Arrecadamos alimentos para famílias carentes e participei do trabalho para a limpeza do bairro, onde catamos lixo em todo o Seival”.
Questionado sobre a decisão de tentar um cargo no Legislativo, o jovem disse que acredita que a política precisa de inovação e de jovens. “Entrei na casa de cada pessoa com os meus projetos e minha garra de vencer para trazer uma vida nova ao meu bairro. Precisei usar o transporte público na maior parte da campanha e para participar das reuniões, porque nosso horário de ônibus é precário do Seival, temos que sair às 6h40 e esperar muito. Graças a Deus tive muita ajuda dos meus amigos, tanto próximos quanto os do partido, que me carregaram”, disse.
Sobre a escolha do partido para se filiar e concorrer, ele afirmou ter escolhido o MDB por já possuir uma história de outro jovem em destaque na política candiotense. “Há quatro anos o MDB elegeu o vereador mais jovem da nossa cidade, Fabrício Moraes, isso fez com que eu o procurasse para fazer a minha filiação no partido. Tenho grande admiração, não só por ter sido um jovem eleito, mas pelo vereador que ele se tornou”. Bibi foi candidato a vereador pela primeira vez em 2012, quando tinha apenas 19 anos. Na oportunidade, também garantiu um lugar na suplência e assumiu aos 22. Aos 23 anos, na eleição de 2016, acabou sendo eleito e agora reeleito pela população de Candiota.
Por ser um jovem negro, Dieguinho avalia que ainda há muito racismo em todo o lugar e uma grande necessidade de virar esse jogo. “Infelizmente, em pleno 2020, ainda existe preconceito e muito racismo, as notícias tanto na TV como nos periódicos trazem um número alto de pessoas que ainda sofrem com isso. Com o passar dos anos as “diferenças” deveriam ser cada vez mais deixadas de lado, mas acontece o contrário. Sou negro e sou jovem, espero poder servir de exemplo para outras pessoas deixarem o medo de lado”, afirmou.
Entre suas principais lutas, ele disse que prioriza a defesa da juventude e das mulheres. Além disso, para o início de 2021, independente de conseguir uma vaga no Legislativo, já pretende executar um projeto para crianças visando a conscientização negra – porque lembra que ninguém nasce preconceituoso. “Minha lição disso tudo é que nada é impossível para quem tem fé e carrega Deus no coração, acredito que as 177 pessoas olharam no fundo dos meus olhos e conseguiram enxergar a minha vontade de ser vereador”.
