“Justiça para os 96”

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* Adoniran Lemos Almeida Filho

A pandemia do chamado novo “Coronavírus” (COVID-19) conseguiu uma proeza que, até então, somente as duas grandes Guerra Mundiais haviam conseguido protagonizar: suspendeu a realização dos XXXII Jogos Olímpicos da era moderna, que se realizariam em Tokyo, no Japão, e que estavam programados para iniciar no último dia 23 de julho. E não apenas as Olimpíadas, mas todas as atividades esportivas pelo mundo afora foram suspensas, desde as mais prosaicas, como o campeonato de bocha do seu bairro, até as milionárias competições de basquete da NBA, do futebol americano (NFL), da Copa da Libertadores da América e da cosmopolita Champions League.

O que, talvez – seja pelo inusitado da sua ocorrência, seja pelas milionárias implicações econômicas envolvidas –, possa sugerir aos mais desavisados um pouco da gravidade do momento que estamos vivendo, o qual vai muito além de rasteiras discussões políticas de Facebook. Ao mesmo tempo em que esperamos que, contrariamente a esse cenário, se possa ver no retorno gradativo das atividades esportivas em todo o mundo um alvissareiro indício de que a “normalidade” possa estar sendo retomada.

Especialmente, aqui no Brasil, com a retomada das competições de futebol profissional. Por certo que a opção de retomada dessas atividades pode ser alvo de todo o tipo de críticas, porém, e uma vez que foram retomadas, procuremos, então, ver o lado positivo dessa iniciativa, afinal retomou o nosso povo aquele que é, por excelência, o entretenimento favorito de dez entre cada dez brasileiros. O futebol. A paixão nacional. E minha também.

E é dentro dessa perspectiva maior da retomada do futebol como algo positivo que trago à sua lembrança, querido leitor e querida leitora, a sugestão para que assistam ao excelente documentário “HILLSBOROUGH”, transmitido pela ESPN, o qual retrata os desdobramentos que até hoje assombram a Inglaterra em decorrência da forma mal resolvida com que foi conduzida a investigação das causas da tragédia ocorrida em 15 de abril de 1989, durante um jogo de futebol no qual 96 torcedores do Liverpool (esse mesmo que, para a alegria de todos nós gremistas, encaçapou o Flamengo no último Mundial de Clubes) morreram esmagados e pisoteados em decorrência de superlotação no estádio (cerca de 800 outros restaram feridos), permitida por uma sucessão de evidentes erros humanos que as autoridades públicas inglesas tentaram a todo custo acobertar desde então.

O que redundou não apenas na modernização definitiva do futebol inglês (ponto positivo), mas também no mais longo inquérito policial da história da Justiça inglesa, ainda em aberto, e cuja retomada das investigações sob a presidência do Arcebispo de Liverpool somente foi possível 20 anos após a tragédia, quando mais de trinta mil pessoas se reuniram no mítico Estádio de Anfield e começaram a gritar juntas; “JUSTIÇA PARA OS 96”.
Mais um exemplo real do efeito catastrófico que sempre é gerado quando se tenta manipular a opinião pública – e a própria verdade dos fatos – a partir de fake news.

E lembre-se: isso não aconteceu aqui no quintal do Terceiro Mundo, mas sim no país que talvez seja sempre o mais lembrado quando se fala de progresso civilizatório e de integridade das suas Instituições.
Assista ao documentário e tire as suas próprias conclusões.

OBS: aos amigos e leitores que sentiram a nossa ausência na Edição nº 1313, não se preocupem pois estamos de volta com as nossas colunas quinzenais; aos que ficaram felizes, sinto decepcioná-los kkkkk

Boa semana e até a próxima !!!

 

* Promotor de Justiça em Pinheiro Machado

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