Os heróis anônimos da eleição

*Por Adoniran Lemos Almeida Filho

No próximo domingo a Democracia estará em festa mais uma vez, com a convocação da nação para continuar ajudando a construir, de forma democrática, o futuro do país. A escolha dos nossos governantes é um passo fundamental nessa construção, na medida em que, gostemos ou não, e queiramos ou não, as decisões que irão impactar as nossas vidas pelos próximos quatro anos passam, necessariamente, de alguma forma, pela escolha de quem irá nos liderar nesse processo.
E, nesse contexto, dizer da importância do voto ou da necessidade de que o eleitor compareça e exerça o seu papel na construção do seu próprio futuro, parece chover no molhado. Portanto, querido (e)leitor e querida (e)leitora, hoje eu quero falar com você sobre um outro personagem do processo eleitoral, cuja importância muitas vezes acaba sendo minimizada por ele próprio. Um verdadeiro “herói sem capa”.
Assim como a Constituição permite que o cidadão participe DIRETAMENTE do processo legislativo de elaboração das leis (por meio dos plebiscitos, referendos e da possibilidade de apresentar ao Congresso Nacional projetos de lei de iniciativa popular), também permite que eu, você – e todos nós – participemos DIRETAMENTE do Poder Judiciário na construção do ideal de Justiça da sociedade. E isso ocorre em duas ocasiões.
Uma delas é quando você é convocado para servir como jurado no Tribunal do Júri.
A outra quando você é convocado pela Justiça Eleitoral para ser mesário nas Eleições.
Nessas duas ocasiões, você, diretamente – sem intermediários –, passa a integrar os quadros do Poder Judiciário e ajuda os juízes a construir soluções para os problemas da nação.
Assim como o jurado, quando decide pela condenação ou absolvição de algum acusado no Tribunal do Júri, ajuda o Poder Judiciário a entender os valores éticos e morais de uma determinada comunidade, permitindo, pois, que se possa ver com clareza de onde essa comunidade vem e para onde ela quer ir; também o mesário ajuda, com uma contribuição inestimável, na mesma medida, que o eleitor possa exercitar esse instrumento poderoso de transformação social que é o voto.
E, ao contrário do que reza a lenda, ser mesário é uma tarefa gratificante.
Ainda lembro com muito orgulho de quando fui convocado a servir nas Eleições Gerais de 1998 como 2º Secretário junto à Seção Eleitoral na qual eu estava alistado em Porto Alegre.
Uma experiência que vou guardar para o resto da vida, e da qual eu só tenho a agradecer.
Não vou mentir. Quando recebi a “cartinha” pelo Correio e soube da convocação, a minha primeira reação foi aquela natural: “Que droga, vou perder o domingo…”
A mesma reação que, hoje como Promotor de Justiça, vejo sempre os jurados terem quando são sorteados a comporem o Tribunal Popular a cada júri. Cabeça baixa e balançando negativamente, caminhando pesarosamente, como se fossem eles os réus indo em direção ao cadafalso…
Mas, e não é que a minha reação ao término do serviço eleitoral prestado em 1998 acabou sendo a mesma que vejo hoje terem os jurados ao final de cada um dos tantos júris que tive o prazer de realizar nos últimos 16 anos: cabeça ereta, orgulho no peito e sentimento do dever cumprido.
Aquele sentimento que só o exercício pleno do dever cívico permite.
E que deveria ser permitido, ao menos uma vez na vida, a cada cidadão brasileiro.
Boa semana e até a próxima !!!

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