Postes de energia elétrica foram destruídos pelo incêndio Foto: Divulgação/TP
Na última terça-feira, (31), mais um incêndio de grande proporção foi contabilizado na cidade de Candiota. Desta vez, o cenário foi a área de preservação ambiental na sede do município, onde a tomada d´água foi atingida e deixou a comunidade sem abastecimento por quase 48 horas. Infelizmente, este já está se tornando um assunto rotineiro no município, onde somente no mês de janeiro, mais de 25 focos foram combatidos.
A Prefeitura está classificando o incêndio como criminoso. Em nota divulgada, a Prefeitura assinala que foram encontrados vestígios que comprovam que a ação foi provocada e sendo assim, considerado um crime ambiental.
Foi necessário acionar empresas locais que possuem caminhão-pipa para controlar as chamas que atingiu uma área extensa do parque ambiental Maria Anunciação Gomes de Godoy.
FALTA DE ÁGUA – Logo na manhã após o incêndio, as equipes da Prefeitura de Candiota se concentraram em trabalhar para restaurar a energia elétrica no local onde ocorreram as queimadas e para o restabelecimento da distribuição da água. O fogo atingiu as bombas de captação de água na barragem que abastece a Estação de Tratamento de Água (ETA) Central, ocasionando a falta de água.
Após consertar os postes de madeira e chegar a restabelecer o abastecimento na noite de quarta-feira (1º), já na manhã seguinte, a bomba submersa acabou dando problemas e uma nova interrupção aconteceu. O restabelecimento aconteceu por volta das 17h desta qiunta-feira (2).
COMPENSAÇÃO – O TP entrou em contato com a secretária do Meio Ambiente, Josuelem Ávila (Jô), que informou que para a área já há um recurso de compensação ambiental da empresa Pampa Sul, com o valor aproximado de R$ 1,4 milhão. “Está previsto a construção da sede da unidade (em andamento), o cercamento do parque, monitoramento, a construção de um viveiro de mudas nativas e a compra de um veículo”, disse.
Além disso, Jô falou que o próximo passo será a licitação do cercamento da área, que inclusive já estava passando pelo processo de documentação para ser encaminhado ao Setor de Licitações. “A gente já tem tudo programado, foi uma questão de azar mesmo, porque tudo isso já está em execução e já se tem o recurso. Só faltava cercar e monitorar a área que já estava protegida, o que já está no nosso cronograma”, destacou a secretária, informando que o processo do cercamento e videomonitoramento será acelerado a partir de agora.
PRÓXIMOS PASSOS – Nos próximos dias, placas de aviso com a proibição de pesca e animais soltos no local, serão instaladas na área.
Ademais, Jô afirma que haverá multa para quem não cumprir as regras. “Antes de fazer o cercamento, vamos fazer essa prática de proibição. Qualquer pessoa que for vista dentro da área vai ser multada e levada pela polícia, nós vamos usar os mesmos códigos federais, vai ser bem rígido”, ressaltou.
Em relação ao espaço, Jô disse que já houve queima no local, mas que tudo estava sendo monitorado. Também enfatizou que há um guarda vigiando as bombas d’água da Prefeitura, mas que no momento do ocorrido, o colaborador ainda não estava no local por não ter sido em seu horário de trabalho. “Agora, a circulação de pessoas não autorizadas está proibida”, reforçou.
Além disso, a parte exterior do campo estava recebendo limpeza por barramento de fogo. “Nosso interesse é que se a pessoa passou na faixa e largou um toco de cigarro, não vai chegar até a unidade, porque vamos fazer o chamado “corta-fogo”, que também não deu tempo de fazer”, lamenta.
Ao ser questionada sobre a realização de roçadas no local, a secretária explicou que toda a vegetação da área é nativa, e por isso não pode haver limpeza na área que é totalmente preservada.
INFRATORES – Mesmo com o conhecimento da grave estiagem que assola os municípios da região, a maior parte dos incêndios é provocado por alguém. Com o solo completamente seco, até mesmo uma bituca de cigarro jogada no chão, pode ser o suficiente para iniciar uma chama de fogo, já que os termômetros também não baixam dos 35° graus.
No local, a secretária afirmou que havia mais de um foco de incêndio em lugares específicos, o que não deixa dúvidas de algo provocado propositalmente. “A gente lamenta esse tipo de postura das pessoas, porque foi totalmente criminoso. Tinha mais de um foco de incêndio dentro da unidade, então não foi um toco de cigarro que foi sem querer, não foi nada disso”, destaca. “Tivemos dificuldade de onde combater, porque tinha um no meio do parque, um no acesso do parque, e um foco na tomada de água, na bomba de abastecimento”, informou.
Há uma equipe trabalhando para identificar os infratores, que de acordo com Josuelem, serão punidos.
IMPACTOS – De acordo com informações, as queimadas não afetam apenas a vegetação, mas também a qualidade do ar. Ao finalizar sua fala, Jô, citou as usinas de Candiota. “Temos muitos padrões ambientais para provar que Candiota tem áreas nativas preservadas, e uma qualidade de ar excelente, viabilizando novos empreendimentos. Com essas queimadas, o município só perde com atitude e posturas de criminosos”, finalizou.
As chamas atingiram uma área extensa do parque ambiental Maria Anunciação Gomes de Godoy, que está prestes a receber uma série de ações e melhorias Foto: Divulgação/TP
* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso
