Ir ao encontro da população que não reside na sede do município e também precisa ser ouvida. Esse é o objetivo do projeto de interiorização da Câmara de Vereadores de Pinheiro Machado, que nesta quinta-feira (13) realizou a sua terceira reunião. Desta vez, os nove parlamentares foram até o Horto Florestal, no Passo do Machado, ouvir as demandas e conversar sobre o trabalho realizado até agora. Na oportunidade, os secretários de Agricultura e Meio Ambiente, Saúde e o setor jurídico do município também estiveram presentes.
O QUE DISSE A COMUNIDADE – Em parceria com a assessoria de comunicação da Câmara, o TP teve acesso aos principais relatos dos moradores da localidade que fica a cerca de 14km da sede. De acordo com as informações repassadas, o fechamento da escola e a situação das estradas foram os assuntos mais comentados da reunião.
As manifestações foram abertas com o pronunciamento do professor João Eliseu Santos – escolhido entre os presentes para representar parte da comunidade. Da lista de assuntos elencados para tratar com os vereadores, o docente priorizou o fechamento da escola – instituição de ensino que encerrou as atividades após 65 anos de fundação. “A nossa comunidade não aceita o fato de terem fechado a nossa escola. Digo isso, porque uma escola é uma referência para uma localidade e nós ficamos sem a nossa. Já se passou um ano e meio e queremos saber, de vocês vereadores e fiscalizadores, o que foi economizado com isso. Nós precisamos saber de números e se realmente houve alguma economia”, disse o morador.
Durante outro depoimento, Ademir Ortiz cobrou a manutenção das estradas e as atividades no Horto Florestal que estão paralisadas. Além disso, foi pedida a manutenção da ponte que faz divisa com o município de Piratini – já solicitada por representantes de Pinheiro Machado, em Brasília, através do Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental da Bacia do Rio Jaguarão (Cideja).
VEREADORES E SECRETÁRIOS – Durante a reunião, o debate entre Legislativo, Executivo e a população foi intenso em relação ao fechamento do educandário da localidade. Entre os vereadores, esse foi o foco. Segundo a assessora da Câmara, até mesmo membros da base do governo declararam que, na época, foram contra a atitude do prefeito.
Em contrapartida, respondendo o questionamento do professor, o procurador jurídico do município, Alex Martins, tornou público os números da economia com a drástica medida. “A decisão do Executivo gerou uma redução de 30 contratos – o equivalente a R$ 30 mil em economias mensais para o município. Além disso, alguns servidores foram deslocados para prestar serviços nas escolas da sede”, informou.
Finalizando seu discurso, o procurador foi firme ao dizer que o governo, de modo geral, está mudando a sua metodologia – seguindo recomendações do próprio gestor municipal. Segundo Alex, a orientação de Zé Antônio é trabalhar, com ou sem dinheiro, e que diante da falta de recursos deve ser utilizada a criatividade.
Sobre as estradas, o responsável pela pasta da Agricultura, Adroaldo Azambuja, o Dado, afirmou que apesar de todas as dificuldades a equipe tem sido incansável para suprir as demandas da população. “Conseguimos recuperar uma máquina que estava inutilizável há muito tempo pela Prefeitura e que logo deve voltar à ativa tanto na recuperação de estradas quanto na limpeza de bebedouros das localidades do interior. É importante destacar que essa manutenção teve custo zero para o município, porque foi realizada em parceria com o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer).”
Já o secretário de Saúde e Ação Social, Éliton Rodrigues, que ouviu que a comunidade está satisfeita com o trabalho desempenhado por sua equipe, aproveitou para ressaltar o trabalho de prevenção e combate à dengue – que foi intenso tanto na sede quanto no interior. “Os nossos agentes de Saúde orientam com excelência a comunidade sobre as ações necessárias para combater qualquer tipo de doença e o índice de prevenção no interior supera o da sede do município, devido ao empenho e conscientização das comunidades”, salientou. Ele ainda tratou de tranquilizar os moradores quanto à ocorrência de casos de dengue na cidade. “Não passaram de suspeitas, que após análises foram esclarecidas e devidamente constatadas que não tivemos nenhuma ocorrência até o momento”, disse Éliton.
AVALIAÇÃO – Em conversa com a reportagem, o proponente do projeto de interiorização da Câmara de Vereadores, Mateus Garcia (PDT), disse estar vendo de forma bastante positiva os encontros. “Aproximação é a palavra-chave. A interiorização da Câmara por si só já oportuniza uma integração da comunidade com os poderes. A ação do Legislativo forma um elo com as comunidades distantes da sede do município, que não costumam participar das sessões ordinárias da Casa”, destacou. Além disso, segundo Mateus, é importante ressaltar que as demandas levantadas por cada comunidade são encaminhadas para o Executivo ou para os setores específicos. “Esta ação dá voz à população rural”, finalizou.
O parlamentar, que desde janeiro atua como presidente do Legislativo pinheirense, retomou a iniciativa que não ocorria há alguns anos. Todos os vereadores foram a favor da ideia. De acordo com o cronograma de interiorização, as reuniões ainda acontecem até o mês de novembro. As comunidades da Aberta do Cerro, Chapeado, São João Batista, Torrinhas e Vila Umbu também serão ouvidas durante o projeto.