AGOSTO DOURADO

Mães de Candiota relatam medos e desafios durante a amamentação

Desde 2017, no Brasil, o mês de agosto é voltado para atividades alusivas ao aleitamento materno e carrega a cor dourada como símbolo do ouro, o que caracteriza a qualidade do leite produzido pelas mães. Pensando nisto, o Tribuna do Pampa conversou com duas mães de Candiota que fizeram o seu relato de amamentação e deixaram seu registro de superação perante os desafios do momento.

 

MUDANÇA NA ALIMENTAÇÃO 

Momento de conexão com o filho fez com que Rafaela não desistisse Foto: Divulgação TP

Começamos com a história da professora e ex-conselheira tutelar Rafaela Paródes, 33 anos, que contou como é a amamentação do seu segundo filho, Joaquim Ortiz Ribeiro, de 10 meses. Rafaela relatou que durante a segunda gestação buscou se organizar para amamentar, mas sem medo algum, pois já tinha experiência com o primeiro filho João, 12 anos, que manteve esta conexão com a mãe durante um ano e meio, e o seu maior medo era não ter leite suficiente.

Mas após 20 dias do nascimento de Joaquim, Rafaela descobriu que o filho tinha uma alergia alimentar causada pelo sistema imunológico que reage a proteínas do leite de vaca, mais conhecida por APLV. Sendo assim, ela precisou fazer uma dieta rigorosa sem a proteína do leite, soja, amendoim e ovo. “Sai do consultório da gastro achando que não seria tão difícil e que seria por pouco tempo”, disse. Porém o desafio era muito maior, já que ao chegar no mercado se deparou com uma realidade completamente diferente, ao ver que a maioria dos alimentos que era acostumada comer continham os itens restritos na sua nova alimentação.

“Foi um choque nos primeiros meses, pois tem a dificuldade de sair de casa e não encontrar nada para comer, além de frutas e frutas”, lamentou. Além disso, Rafaela ficou com limitações para sair de casa, pois ir a restaurantes e lancherias, por exemplo, se torna difícil. Inclusive, segundo ela, ainda é preciso ter cuidado com a contaminação por contato “que é quando se usa, por exemplo, um liquidificador para fazer uma receita com leite e depois faz algo para comer sem passar água fervida antes”.

Por ainda amamentar, seu maior desafio atualmente é a restrição alimentar. “Há 12 anos, na amamentação do João, eu poderia dizer que era o sono. Mas hoje, mesmo o Joaquim mamando a noite toda, ainda acho que é desafiador esta questão da minha alimentação”, comentou. Rafaela ainda citou que a desistência apareceu várias vezes, principalmente pelos momentos de exaustão que passou. Mas, pela conexão e carinho que a amamentação propõe, seguiu firme e forte. Atualmente, Joaquim já faz refeições no almoço e na janta, além das frutas e desde os cinco meses toma fórmula apropriada, e mesmo assim continua mamando no peito. “Estamos nos organizando para tentar tirar o peito, mas de uma forma que não seja traumatizante e que ele fique tranqüilo”, finalizou a mãe.

 

COVID-19 SEGUIDA DE MASTITE 

Elem mantém a rotina de amamentação do filho mesmo no trabalho Foto: Aline Maldaner/Especial TP

A técnica em enfermagem e mãe de primeira viagem, Elem Renata Machado Nunes, 27 anos, contou como foi os primeiros meses de amamentação do pequeno Henry Gabriel Machado Nunes, de cinco meses. Ela sempre pensou que o momento seria difícil, mas nem tanto.

Após o nascimento do filho, Elem tinha medo de não conseguir amamentar o filho e ter esse momento de conexão. Porém, o desafio que enfrentou se tornou ainda maior. Ao retornar para casa com o pequeno, os sintomas da Covid-19 começaram a aparecer, e mesmo com febre e falta de apetite, a mãe continuou amamentando. O resultado foi positivo para o vírus, mas Elem recebeu o suporte e atendimento necessário do município.

Ao passar dos dias, quando já deveria estar recuperada, a febre persistia e as dores nos seios também. Após a consulta, o resultado para mastite, que é a inflamação aguda dos tecidos da mama, que pode vir ou não acompanhada de uma infecção bacteriana, foi constatada nas duas mamas. “Com o tempo da medicação os sintomas foram diminuindo, e eu sempre contei com atendimento e suporte da equipe da saúde, e continuei amamentando”, informou. Mas a notícia que mais abalou a mãe, foi quando seu médico disse que Henry não havia ganhado peso como esperado. “Nisso eu recebi a orientação da complementação, e aí surgiram meus medos e desafios, porque eu não entendia muito sobre isso e ficava pensando que ele largaria o meu peito e só ficaria com o outro leite”, contou.

Segundo Elem a busca pelo suporte, principalmente psicológico, foi fundamental neste período. “Após essa ajuda, eu consegui enfrentar esse desafio, mas no início eu me senti incapaz e me questionava em relação a amamentação, e após a orientação eu retornei a acreditar que eu seria capaz e conseguiria amamentar o meu filho. Mas hoje, graças a Deus ele está tomando o tetê dele”, falou empolgada. Atualmente, Henry já faz suas refeições e segue mamando normalmente. Para finalizar, Elem deixou um recado para as outras mães, sejam gestantes ou lactantes. “Não desistam, vocês não estão sozinhas, procurem orientação no posto de saúde mais próximo. Tenho certeza que vocês serão bem acolhidas, assim como eu fui. Viva a amamentação”, concluiu.

 

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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