PECUÁRIA

Manejo de campo nativo é tema de encontro na Fepagro

Os participantes conheceram área experimental de 70 hectares

Os participantes conheceram área experimental de 70 hectares Foto: Darlene Silveira/Especial TP

A Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) Campanha realizou, recentemente, uma tarde de campo sobre manejo de campo nativo. Mais de 100 pessoas participaram da atividade, entre elas estudantes, técnicos e produtores. Depois das palestras, os visitantes foram ao centro de manejo conhecer o gado da raça Braford e a área experimental de 70 hectares, onde visualizaram a pastagem de campo nativo.

O diretor-presidente da Fepagro, Adoralvo Schio, prestigiou o evento e disse que o tema é bastante significativo. “Assim, cumprimos nosso papel de divulgar para a sociedade o trabalho desenvolvido na instituição”, destacou.

O evento marcou o encerramento do projeto “O efeito de diferentes intensidades de pastejo sobre a composição florística da pastagem natural na produção de forragem e no desempenho animal”, que iniciou em 2003 com a pesquisadora e engenheira agrônoma Zélia Castilhos, hoje aposentada. O objetivo foi gerar informação e conhecimento para o dia a dia dos produtores.

Conforme a zootecnista da Fepagro Campanha, Glaucia do Amaral, que apresentou o trabalho “Desempenho de novilhos de corte manejados em diferentes taxas de lotação em campo nativo”, no Rio Grande do Sul, o ecossistema pastoril é formado pelo Bioma Pampa, que compõe um dos seis biomas brasileiros. “Ele representa cerca de 2% do território brasileiro e abriga inúmeras espécies da fauna e da flora, compondo uma biodiversidade única”, explicou. Ela mencionou ainda que a vocação natural da região é a pecuária, no entanto, quando os ajustes de lotação são realizados sem considerar o quanto de forragem é produzida, o desempenho animal poderá ser prejudicado. “Por isso, é fundamental conhecer o potencial produtivo das pastagens naturais para melhor manejar o rebanho e preservar o ecossistema do Bioma Pampa”, destacou.

Glaucia contou que, de 2014 a 2016, em uma área de 70 hectares de campo nativo da Fepagro Campanha, foi estudado o efeito das diferentes intensidades de pastejo (taxas de lotação) no desempenho animal e na produção de forragem. “Os novilhos da raça Braford foram manejados em quatro níveis de lotação animal: alta, média, baixa e muito baixa”, informou.

As conclusões do trabalho foram: o efeito da subnutrição do rebanho resulta em abate mais tardio dos animais, tornando o sistema pouco produtivo economicamente; o manejo inadequado do campo nativo, principalmente pelo sobrepastoreio, tem causado prejuízos econômicos e ambientais; quando não há excesso de taxas de lotação, a flora e a fauna se mantêm em relativa harmonia com os rebanhos, pois assim o pastejo mantém a vegetação campestre; políticas específicas de apoio à pecuária sustentável e de fortalecimento da cadeia produtiva da carne de corte procedente de campo nativo deveriam ser estabelecidas.

 

AVALIAÇÃO ECONÔMICA – A avaliação econômica da utilização de campo nativo para produção de bovinos de corte foi abordada pela doutoranda em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Juliana Thurow. Os objetivos do estudo eram, através de indicadores econômicos, comparar a recria e terminação de bovinos de corte em campo nativo, com diferentes ofertas de forragem e um sistema de manejos integrados ao longo do ano, além de indicar a alternativa mais adequada financeiramente para a recria e terminação de bovinos baseadas em campo nativo.

A avaliação foi feita de 2003 a 2008 e definiu que a pecuária, baseada em campo nativo, é uma atividade produtiva com custos extremamente enxutos; reconheceu os principais custos de produção que auxiliam nas decisões de manejo e que o excesso de carga animal (4% OF), além de prejudicar a pastagem e o desempenho do animal, é uma alternativa cara.

Segundo Juliana, os indicadores econômicos demonstraram que o sistema de manejos integrados obteve um melhor desempenho e que, entre as possibilidades testadas, é a melhor alternativa econômica de forrageamento para recria e terminação de bovinos em pastagem natural.

O estudante do quarto semestre de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Miguel de Souza, participou pela primeira vez de uma tarde de campo. “Pretendo aplicar o que aprendi sobre o manejo de pastagens naturais na fazenda da minha família, em Lavras do Sul”, afirmou.

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