Um áudio que circulou nos aplicativos de mensagens na última semana, em Pinheiro Machado, ainda causa impactos para Ana Gorete Teixeira e Solano Cardoso, proprietários da Padaria e Restaurante da Aninha. Na mensagem, repassada logo em seguida da confirmação do primeiro caso confirmado de coronavírus no município, um homem comenta que o paciente havia realizado uma refeição no estabelecimento do casal. A informação foi confirmada para ambos pela própria empresa empregadora do paciente infectado.
O repasse do áudio foi instantâneo entre amigos, familiares e grupos no aplicativo. Em poucos minutos os pinheirenses já mencionavam o estabelecimento ao falar sobre o paciente – natural de outro estado e que presta serviços em uma empresa que atua em Pinheiro Machado. “Nós recebemos o aviso oficial da empresa e um pouquinho antes de sair o boletim oficial já tivemos um cancelamento de encomenda de bolo, a justificativa era que estaria circulando um áudio dizendo que todos os nossos funcionários estavam infectados pela Covid-19”, contaram para o jornal.
E assim seguiram as horas. Do áudio original outras tantas conversas surgiram e circulavam ainda mais. Para os empresários e seus colaboradores um misto de tristeza e medo – tanto em relação ao trabalho quanto à doença causada pelo novo coronavírus que acabava de chegar na cidade. O grupo e seus familiares também relataram ser vítimas de discriminação por onde passavam. Logo em seguida, o casal e os colaboradores – 12 pessoas no total – foram submetidos aos testes em um laboratório de Pelotas e nenhum deles estava infectado.
Mesmo com o resultado, o movimento caiu significativamente e os impactos financeiros e psicológicos ainda estão presentes entre os membros da equipe. Os proprietários do estabelecimento lembram que, desde o início dos decretos que implicou em uma série de medidas para conter a disseminação do vírus, todas as recomendações foram atendidas. “Sempre tomamos todas as precauções necessárias para manter ainda mais a higiene, a utilização dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), a organização do fluxo de pessoas nas filas e todas as medidas recomendadas pela vigilância sanitária do município”, destacaram.
Questionados sobre que lição tiram desse episódio, Ana Gorete e Solano disseram que ela deve servir para todos independente do local onde vivem: ter cuidado com a disseminação de mensagens que podem impactar de forma muito negativa e até mesmo serem distorcidas por tantas outras pessoas. “Nós ficamos chocados com tudo isso, minha esposa ficou abalada emocionalmente porque ela estava vendo o árduo trabalho dela indo por água abaixo por causa de um áudio que considero maldoso. As pessoas não deveriam falar o que não compete a elas e se quiserem alertar algo para um grupo de colaboradores, que usem de bom senso e bondade para não acontecer com outras pessoas o que aconteceu conosco”, finalizaram.
COMITÊ – A equipe do Comitê Extraordinário de Saúde, criado exatamente para acompanhar o cenário de pandemia no município, reforçou a necessidade de procurar os canais oficiais para se informar. Além disso, mesmo com dois casos confirmados da doença, a orientação dos profissionais continua a mesma: que a população mantenha os cuidados de higiene e evite aglomerações;o uso de máscaras é obrigatório tanto nas vias urbanas quanto nos estabelecimentos comerciais ea recomendação é que só saiam de casa se for necessário.