PROBLEMA ANTIGO

Moradores de Pedras Altas falam sobre os prejuízos com quedas frequentes de energia elétrica

Equipamentos queimados e gastos para evitar prejuízos ainda maiores estão entre as queixas dos moradores

Aparelhos eletrônicos e equipamentos queimados, buscas por alternativas e custos elevados de produção. Desta forma a comunidade de Pedras Altas relatou ao Tribuna do Pampa estar vivendo já há algum tempo devido a problemas na rede de energia elétrica.
O jornal foi contatado por moradores da cidade, que relataram muitos problemas provenientes da falta constante de energia elétrica ou quedas frequentes, os famosos “pisca-piscas” de energia, tanto na área urbana, como na rural.

Conforme análise, apesar de investimentos realizados em parte da rede realizado recentemente, quando ainda CEEE-D, a falta de energia e a demora para o restabelecimento da energia, segundo a comunidade, está maior nas últimas semanas, já sob a responsabilidade do grupo Equatorial Energia.
Proprietário de um mercado na sede do município, Amarildo Borges falou sobre os problemas enfrentados no estabelecimento comercial em virtude das quedas de energia. Ele também fez um panorama acerca da situação enfrentada em outros comércios menores. “Os estabelecimentos menores sofrem com as oscilações de energia, pois acabam queimando freezer, geladeira, ilhas de alimentos refrigerados, pois a energia quando retorna é de forma instável. Já os maiores, como é o meu caso, além destes pontos, sofrem com outros tipos de problemas em equipamentos como nobreak. Tranca notas, cai sistema e quando retorna com o uso de gerador não é com a mesma capacidade, não atinge 220watts contínuos, o que prejudica o serviço. É muito transtorno, estresse diário”, relatou o empresário.

Uma ilha de refrigerados queimou recentemente em um mercado da cidade Foto: Divulgação TP

Borges também relatou prejuízos enfrentados por ele no último ano em virtude dos problemas de energia na cidade. “Perdi uma ilha de refrigeração de alimentos que custa R$ 5 mil e que para arrumar se gasta em torno de R$ 3 mil, há uns 15 dias. Antes já havia perdido dois freezers que queimaram com as quedas de luz, além de diversos produtos. Também já tive problemas com fiscalização sanitária em razão dos freezers não estarem em temperatura adequada em razão do uso do gerador pela falta de energia”, contou Amarildo, relatando ainda que quando há falta de energia, em seguida não é mais possível utilizar caixas eletrônicos para transações bancárias ou aplicativos, visto acarretar falha ou instabilidade na internet. “Estamos juntando protocolos para ver a possibilidade de entrar com uma Ação Civil Pública pela falta e instabilidade de energia”, ainda informou o empresário.

ÁREA RURAL – O problema de falta de energia, segundo relatos de moradores, é ainda maior no interior do município, área rural. A reportagem do TP conversou com a produtora de leite da Associação Municipal de Produtores de Leite de Pedras Altas (Amplepa), Sidilene Madruga Garcia, moradora do assentamento Regina.

Produtora Sidilene Madruga possui tambo e para não perder a produção do leite quando falta luz, precisa gastar com um gerador para não perder a qualidade do leite Foto: Divulgação TP

Ela disse que a situação é bastante precária e que já chegou a perder a produção devido a falta de energia elétrica. “Essa semana passamos quatro dias sem luz, quando está para chuva, já falta energia. Muitos aparelhos queimando pelas quedas de energia. Já perdemos produção de leite, pois temos que manter a qualidade para recebermos o valor integral do litro. Toda vez que o leite é entregue é feito teste de acidez”, relatou.

Questionada pelo jornal sobre as alternativas para reduzir os problemas, Sidilene citou o uso do gerador e os prejuízos com gastos mais elevados. “Nossa produção é de 220 litros de leite por dia e para não perder mais o produto, precisamos aderir ao uso de gerador, o que demanda um gasto ainda maior com combustível, visto o alto valor da gasolina atualmente. Associado ao alto valor da energia elétrica, os prejuízos são quase insuportáveis”, manifestou.

O jornal também conversou com a produtora rural de soja e gado, Jaqueline Trombetta da Silva, do assentamento Lago Azul. Filha de produtor rural e moradora do local há mais de 20 anos, ela contou a reportagem que enfrenta o problema de falta de energia desde que chegou na localidade com a família, porém nos últimos anos a situação piorou. “A falta de luz e a demora no restabelecimento sempre ocorreu, mas as quedas estão muito frequentes, as famosas ‘piscadas’ estão quase que diárias, chegamos a contar 15 vezes no dia. Estamos com eletrodomésticos e equipamentos utilizados para trabalho queimando com frequência. Semana passada ficamos três dias sem energia, às vezes não é possível ligar um aparelho soldador, um compressor. Tivemos também um problema com a queda de um fio de alta tensão e o serviço levou quase 40h pra ser restabelecido”, relatou.

Jaqueline disse que as pessoas estão indignadas com a situação, pois é um problema de anos que se agravou e muito. “É um direito ter energia, pagamos caro e não temos o serviço de qualidade. Interior é muito pior que a cidade, principalmente à noite. Até mesmo com tempo bom, de sol, sem muito vento ou chuva, a energia cai. Também somos prejudicados pela internet que as quedas de energia também geram problemas nos equipamentos”, afirmou a produtora.

Ainda integra o material produzido pelo TP o depoimento do produtor de leite e proprietário da agroindústria Queijaria Mãe Natureza, Elio Vicente Lazari, que disse ao jornal que a falta de energia é praticamente diária na localidade. “As quedas causam problemas na nossa rotina diária, tanto na nossa casa como na agroindústria. Já perdemos produtos, mas nunca fomos atrás dos nossos direitos. Ficamos dois dias sem energia até o restabelecimento. Quando era somente a CEEE tínhamos muitos problemas, mas em temporais, agora vejo que com a Equatorial, a situação está pior, em plena seca não temos energia. É bastante difícil, um transtorno muito grande”, disse o produtor.

Elio ainda contou que para amenizar o problema utiliza um motor para tocar um gerador, o que eleva os custos de produção. “Não sei o que pode ser feito, mas estamos enfrentando muitos problemas”, concluiu.

CEEE EQUATORIAL – O Tribuna do Pampa entrou em contato com a assessoria de Imprensa do grupo CEEE Equatorial em busca de um posicionamento da empresa e busca de melhorias no fornecimento de energia elétrica para a população de Pedras Altas.

Conforme nota enviada ao TP, as ocorrências de interrupção em Pedras Altas são causadas por fatores naturais, tais como ventos, chuvas e eventuais galhos e árvores que caem sobre a rede elétrica.

Quanto a melhorias futuras, foram feitas algumas previsões. “A empresa realizará um estudo de coordenação e, no dia 16 de dezembro, estão previstas ações de melhoria de energia elétrica, que incluem podas de galhos que interferem ou possam vir a interferir na fiação. Em janeiro de 2022, quando haverá permissão de acesso às áreas de lavoura, a CEEE Equatorial também trocará postes na região, de forma preventiva”, diz a nota.

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