Do ponto de vista legal a Associação Pró-Carvão (APC) nunca foi paralisada. Porém, politicamente ela estava, digamos assim, em estado latente. No último dia 22, em reunião no salão de eventos do Sindicato dos Mineiros de Candiota, um grupo de lideranças resolveu reativar a luta em defesa do carvão mineral, porém com vistas à manutenção da Companhia de Geração Térmica de Energia Elétrica (CGTEE), dona da Usina de Candiota e subsidiária da Eletrobras, bem como, da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), proprietária da Mina de Candiota e pertencente ao Governo do Estado, como empresas públicas.
O alerta da APC foi aceso após o anúncio recente pelo presidente da República Michel Temer (PMDB), de que a partir de 2017 será concedida a iniciativa privada uma mina de carvão em Candiota, que pertence à União, através da Companhia de Pesquisas em Recursos Minerais (CPRM), bem como, o embargo milionário imposto pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama) e o constante sucateamento a que é submetida a Usina de Candiota.
O encontro foi conduzido pelo presidente da APC, Wagner Pinto, que também preside o Sindicato dos Mineiros. Ele assinala que o momento vivido pelas duas estatais é delicado e inspira cuidados. “Há um processo de destruição da CGTEE e CRM em curso, que não é de hoje. Senão mudarmos isso, não teremos mais estas empresas que ajudaram a construir a cidade e a região”, alertou ele.
Wagner ainda fez questão de frisar, que assim como foi o movimento anterior, este também possui caráter apartidário, apesar de admitir que todos os partidos também de engajem na luta.
O prefeito Luiz Carlos Folador, presente no encontro, lembrou a luta desenvolvida pelo movimento para que o carvão fosse reincluído nos leilões de energia. Folador se colocou novamente a disposição da APC e convocou a comunidade regional para mais uma vez entrar na luta. “Nós sempre estivemos com a razão e agora estamos de novo”, disse.
Durante o encontro, várias manifestações salientaram a importância das empresas estatais, inclusive para regular o mercado, com atuação muitas vezes em áreas da economia que a iniciativa privada não quer ou não se encoraja atuar. No caso da CRM e CGTEE, ambas tiveram e têm papel fundamental no desenvolvimento das pessoas e da região.
Também participaram do encontro funcionários e lideranças da CGTEE e CRM, dirigentes partidários, a vereadora Giselma Pereira, que é da Comissão Pró-Carvão da câmara de vereadores de Candiota, os candidatos a prefeito de Candiota Adriano dos Santos (PT) e Gildo Feijó (PMDB) – que também é vereador e faz parte da Comissão Pró-Carvão da câmara, o candidato a vice-prefeito na chapa de Adriano, Gil Deison Pereira, entre outras lideranças.
Como encaminhamento prático da reunião, além da reativação do movimento, ficou acordado que uma nova reunião será realizada no dia 6 de outubro, no Sindicato dos Mineiros, quando se pretende inclusive mobilizar as lideranças dos municípios da região.