MULHER NA POLÍTICA

“Não é apenas uma questão de equidade, mas de transformação”, afirma prefeita de Pedras Altas

Viviane Albuquerque, a Veca, está entre as 727 mulheres eleitas prefeitas no Brasil em 2024

Veca é a primeira mulher prefeita da cidade Foto: Michele Brum/Assessoria

Recentemente foi comemorado o Dia Internacional da Mulher, no dia 8 de março. Mas o mês costuma ter várias atividades e lembranças alusivas a data, visando destacar trabalhos, políticas públicas e incentivar as mulheres ao empoderamento feminino e participação na política.
Na região de cobertura impressa do Tribuna do Pampa, assim como da campanha gaúcha, apenas Pedras Altas possui uma mulher no comando do município. Viviane Ávila Albuquerque, a Veca, do Partido Progressista, foi eleita primeira mulher prefeita da cidade desde a emancipação de Pinheiro Machado em 1999, com 54,29% dos votos. Ela fez 961 dos 1.785 votos válidos nas eleições de 2024, tendo assumido o Executivo em 1º de janeiro de 2025.
MAIS PREFEITAS
Importante destacar que segundo material divulgado pelo Senado Federal, as prefeituras de 727 cidades estão sendo chefiadas por mulheres em 2025, o que corresponde a cerca de 13% dos 5.569 municípios brasileiros. São 64 prefeitas a mais do que em 2020, um aumento de um ponto percentual. Apesar de compor maioria no eleitorado brasileiro, as mulheres ainda não conseguiram chegar perto da tão sonhada paridade na representação política.
Na região somente Pedras Altas tem uma mulher como prefeita. Depois, há uma prefeita na cidade de Rio Grande, Darlene Pereira (PT) e em Santana do Livramento, Ana Tarouco (PL) que foi reeleita.
Disputa entre duas candidatas só houve em Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, com vitória de Adriane Lopes sobre Rose Modesto; e em Ponta Grossa, no Paraná, com Elizabeth Schmidt eleita e Mabel Canto em segundo. Adriane Lopes é a primeira prefeita eleita pelo voto direto na capital de Mato Grosso do Sul.  Outras seis capitais tiveram mulheres concorrendo com homens: Natal, Porto Alegre, Curitiba, Aracaju, Porto Velho e Palmas. Destas, houve vitória feminina somente em Aracaju. Emilia Correa é a primeira mulher prefeita da capital sergipana.  Fora as capitais e a cidade de Ponta Grossa, houve mulher concorrendo no segundo turno em apenas outros cinco municípios: Imperatriz, no Maranhão; Uberaba, Minas Gerais; Olinda, Pernambuco; Londrina, Paraná e Santos, em São Paulo. Desses municípios, apenas Olinda e Uberaba elegeram mulheres: Mirella Almeida, de 30 anos, será a prefeita mais jovem de Olinda; e, em Uberaba, quem comandará a prefeitura a partir de primeiro de janeiro será Elisa Araújo.
Conforme nota do Senado, o desempenho feminino nas eleições é um dos tópicos pesquisados pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos, o Inesc. José Antônio Moroni, que integra o colegiado de gestão do Instituto, avalia que o mecanismo de 30% de cotas de candidaturas femininas, por si só, não garante avanço significativo na ocupação dos espaços de poder por mulheres. Para ele, o ideal é que haja também a cota de 50% no número de cadeiras. “Só garantir cotas para as candidaturas não necessariamente tem impacto nas eleitas. A gente viu: o percentual que aumenta de eleição para eleição é muito pequeno. O que a gente precisa ter é, sim, o mecanismo de cotas na questão das eleitas. Então, a gente tem que pensar na questão da paridade: metade homens, metade mulheres e a proporcionalidade racial nesses espaços.”
Já nas Câmaras municipais do país, as mulheres ocupam 18% das vagas de vereadores. Na eleição anterior, elas eram 16%.
A PREFEITA
Para marcar a data, Veca concedeu uma entrevista ao TP, falando sobre sua visão da política e sobre estar prefeita, assim como a participação feminina. A prefeita lembra que ao longo da história as mulheres enfrentaram inúmeros desafios para conquistar espaços na política e que cada barreira superada representa um avanço não apenas para as mulheres, mas para toda a sociedade.
“Sempre acreditei que a política precisa ser diversa e representativa, e foi com esse propósito que aceitei o desafio de me tornar a primeira prefeita de Pedras Altas, após atuar como vereadora na gestão anterior. Minha trajetória na política começou com a vontade de transformar realidades. Como vereadora, tive a oportunidade de conhecer de perto as demandas da nossa cidade e compreender a importância de uma gestão pública que realmente escuta a população. Foi essa experiência que me motivou a dar um passo adiante e assumir a missão de liderar Pedras Altas, trabalhando por um município mais forte e mais justo para todos”.
Segundo Veca, a “presença feminina na política não é apenas uma questão de equidade, mas de transformação”. “Quando ocupamos cargos de liderança, trazemos novas perspectivas, fortalecemos o diálogo e garantimos que as políticas públicas atendam às reais necessidades da população. Nossa voz não pode ser secundária em decisões que impactam diretamente nossas vidas e nosso futuro. Tenho visto de perto os desafios que ainda enfrentamos, como a resistência a mulheres em posições de poder, a dificuldade de acesso a oportunidades e a violência política de gênero. Mas acredito que esses obstáculos não devem nos desanimar, e sim nos motivar a seguir em frente”.
A prefeita, que foi vereadora por quatro anos, assumiu também como conselheira fiscal da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul) e como tesoureira do Consórcio Público Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico dos Municípios da Bacia do Rio Jaguarão, o Cideja. “Esses novos desafios reforçam meu compromisso não apenas com Pedras Altas, mas com o desenvolvimento de toda a região. Sei que cada conquista abre caminhos para que mais mulheres possam sonhar, acreditar e ocupar esses espaços. A política precisa de mais mulheres. E essa mudança não depende apenas de nós, mas de toda a sociedade. Precisamos incentivar, apoiar e reconhecer o valor da participação feminina em todas as esferas do poder. Que sigamos avançando, lado a lado, por um futuro onde capacidade, dedicação e compromisso sejam os verdadeiros critérios para liderar”, finalizou.
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