ELEIÇÕES SUPLEMENTARES

No pior momento da pandemia na cidade, Pinheiro Machado tem data definida para novas eleições

TRE-RS, em resolução publicada esta semana, definiu o dia 4 de julho para a escolha de prefeito e vice

Atualmente o Executivo tem a frente Ronaldo Madruga Foto: Divulgação TP

Mergulhada numa crise política e econômica, a mais que centenária Pinheiro Machado (completou 143 anos no último dia 2), vive também o seu pior momento da pandemia iniciada em março do ano passado no Brasil. Em meio a esta tempestade, a cidade foi surpreendida esta semana, com a definição da nova data das eleições suplementares.

ANULADA – Com um governo provisório desde o dia 1º de janeiro, quando assumiu a Prefeitura o presidente da Câmara, Ronaldo Madruga (Progressistas), o município vive a expectativa desde 15 de novembro do ano passado, quando escolheu o ex-prefeito Carlos Ernesto Betiollo (PSDB), de quando seria as novas eleições.
Betiollo foi impedido pela Justiça Eleitoral de assumir o cargo, apesar de ter vencido as eleições com certa margem no ano passado. Ele, em função de um processo na Justiça Federal, sob a acusação de desobediência e resistência, após uma fiscalização ambiental em sua propriedade rural em Candiota no ano de 2017, foi condenado em segunda instância, portanto, por órgão colegiado, e assim incorreu na Lei da Ficha Limpa. O ex-prefeito recorreu até ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, para tentar reverter a situação, porém, não obteve êxito. O fato gerou a anulação das eleições.
Betiollo ainda batalha com um recurso junto ao Superior Tribunal Federal (STF) no sentido de reverter a condenação e retomar seus direitos políticos, porém esta ação não interfere mais na questão eleitoral de agora, seguindo ele impedido de concorrer.

Em 15 de novembro passado, Betiollo chegou a comemorar o resultado pelas ruas da cidade, mas a Justiça Eleitoral o impediu de assumir em janeiro, tendo marcado esta semana novas eleições Foto: Arquivo TP

DATA MARCADA – Neste sentido, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio Grande do Sul (TRE-RS) determinou, por meio da Resolução º 357/2021, na última terça-feira (11), mas publicada apenas na quarta (12), que as eleições suplementares pinherenses para escolha de prefeito (a) e vice-prefeito (a) vão acontecer no próximo dia 4 de julho, das 7h às 17h.
Segundo a Resolução, estarão aptos a votar os eleitores com inscrição eleitoral regular, domiciliados no município de Pinheiro Machado até o dia 3 de fevereiro de 2021.
Em contato com o chefe do Cartório da 35ª Zona Eleitoral, Alexander Mendonça, ele informou que uma reunião na segunda-feira (17) está marcada para que o órgão já inicie os preparativos para a nova eleição. Conforme ele, após isso será possível dar mais detalhes sobre a organização do pleito.

CALENDÁRIO – A Resolução regulamentou ainda o calendário eleitoral, que por ser uma eleição atípica, também possui prazos mais exíguos a serem cumpridos.
Neste sentido, de 21 a 29 de maio próximos é o prazo para que os candidatos (as) que pretendem concorrer a prefeito e vice, sejam homologados pelas convenções de seus respectivos partidos. Outra data importante é o dia 30 de maio, quando oficialmente é permitida a propaganda eleitoral e quando efetivamente começa a campanha.

COVID-19 – Como já referido no início desta reportagem, a Covid-19 avança com força na Terra da Ovelha e este é o pior momento desde o início da pandemia. Nesta semana, a cidade chegou a ter 150 casos ativos, um recorde. Neste fim de semana está acontecendo a paralisação quase que total das atividades no município, o chamado lockdown (ver reportagem completa nesta edição).
Em meio a isso, a notícia da data da nova eleição não foi muito bem recebida pelos pinheirenses. O próprio prefeito provisório Ronaldo Madruga, disse ao TP que se posicionou contrário a data de 4 de julho. “Essa data não foi motivada por mim, pelo contrário. A minha manifestação por escrito ao TRE-RSfoi que as eleições não fossem em 4 de julho. Mas o juiz de Pinheiro Machado, segundo a própria declaração do desembargador, é de que há condições para acontecer. Se vai se manter esta data pelas condições sanitárias, ainda não sei. Acho uma insegurança total, o avanço da Covid-19 está muito forte em Pinheiro Machado. Tivemos que fazer lockdown para tentar conter. Nas eleições em novembro não tinha vacina e tínhamos muito menos casos. Agora temos vacina e tem o triplo de casos e a Justiça Eleitoral publica um calendário no meu ponto de vista um pouco temerário, porque nem o Judiciário está fazendo as audiências de forma presencial para proteger os seus funcionários. As eleições em 4 de julho, se não melhorar as condições sanitárias, é colocar a população em risco”, alerta o prefeito.
No perfil do jornal no Facebook, onde o link da notícia da nova eleição foi compartilhado esta semana, muitas pessoas também criticaram a medida. “Bora fazerem visitas, caminhadas, aglomerações e promessas para enganarem mais o povo. Triste realidade na situação que estamos vivendo”, declarou Jussara Da Feira Fagundes.
“Agora o vírus desaparece; só fica espaço pras aglomerações. Triste realidade”, expressou Orfila Gomes.
Já Sonia Gois criticou a Justiça Eleitoral. “Essa Justiça Eleitoral só pode estar de brincadeira, estamos no meio de um colapso e fazer novas eleições. Eu que não quero nem saber dessas coisas, pois com o vírus que tenho que me preocupar, pois esse mata depressa, já os políticos bem devagar e meus velhos não levo para votar. Vida em primeiro lugar!”, afirmou.
O internauta Flavio Max ironizou. “Do jeito que tá a Covid, tá bom pra novas eleições mesmo”.
O jornal solicitou um posicionamento do TRE-RS, via assessoria de Comunicação, em relação ao tema, porém até o fechamento da edição impressa ainda não tinha um retorno.

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