ACORDO COLETIVO

Nota de repúdio do Sindicato dos Mineiros de Candiota eleva tom das negociações

Reunião, que pode ser derradeira nesta fase, acontece nesta segunda-feira, 5

Logo após a assembleia realizada no final da tarde da última quarta-feira, 31, a entidade emitiu a nota de repúdio

Logo após a assembleia realizada no final da tarde da última quarta-feira, 31, a entidade emitiu a nota de repúdio Foto: J.André TP

A relação entre as direções do Sindicato dos Mineiros e da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), naturalmente, por se tratar da velha dicotomia trabalhista entre patrões e empregados, não é muito amistosa. Contudo, nos últimos tempos, pelas manifestações das partes, o tom vem se elevando acima do usual.

Neste momento acontece a negociação para o acordo coletivo de trabalho 2016-2017. É normal também que nestas ocasiões os ânimos se exaltem, porém uma nota de repúdio emitida pelo sindicato na noite da última quarta-feira, 31 de agosto, explicita o momento delicado da relação.

A nota foi emitida logo após a assembleia realizada em frente a sede administrativa da CRM/Mina de Candiota. Na oportunidade, a categoria deliberou que a reunião marcada para segunda-feira, 5, entre as direções do sindicato e CRM, em Porto Alegre, será definitiva quanto ao processo de negociação do acordo coletivo de trabalho 2016-2017. O encontro é a partir das 13h30, na sede da Companhia. Uma nova assembleia dos mineiros está marcada para terça-feira, 6, a partir das 16h, também em frente a CRM/Mina de Candiota.

NOTAS – Em nota emitida pela direção da CRM na última terça-feira, 30, é reafirmada a nova rodada de negociações na segunda-feira, assinalando que está sendo proposto 8,71% de reajuste, além de reconhecer as possíveis perdas anteriores, mas que estas devem ser discutidas no próximo dissídio. “A CRM vive, talvez, o momento mais delicado da sua existência, e não acreditamos que nossos principais parceiros, os colaboradores da Companhia, deflagrem greve em um momento que o país vive uma grave crise financeira com milhões de desempregados”, afirma o trecho final da nota.

Em resposta a esta nota, o Sindicato dos Mineiros emitiu outra em repúdio, assinalando que a direção da CRM faz ameaças indiretas, dando a entender que poderá haver possíveis demissões aos trabalhadores, caso a categoria decida por uma greve por exemplo. “Isso não intimida os mineiros. Pelo contrário, apenas mostra a fragilidade e insegurança desta gestão que vem já há dois anos massacrando seus colaboradores (como gostam de chamar o quadro funcional), não pagando seus direitos como as promoções do plano de cargos e salários, retirando vale-cultura, não pagando o Plano de Lucros de Resultado (PLR), não pagando as perdas salariais do ano de 2015/2016 que está ajuizado e ainda não ter fechado o acordo coletivo com data base de maio de 2016, além de ameaçar suspender o pagamento da periculosidade, conquista essa, por mais de décadas”, assinala um dos trechos da nota divulgada nas redes sociais.

Para o presidente do sindicato Wagner Pinto, falar em demissões com o atual nível de dependência da mineradora com os terceirizados, segundo, ele é uma piada de mau gosto. “Pois quando se tem mais de 400 trabalhadores terceirizados é sinal claro de uma defasagem do quadro funcional da empresa, ou seja, se tem que demitir, tem que começar pela diminuição dos terceiros que atuam inclusive e ilegalmente nas atividades fins da empresa”, destaca.

A direção da CRM disse ao jornal, que não vai se manifestar sobre a nota de repúdio do sindicato e que permanece com a mesma posição expressada anteriormente.

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