O dia em que São Pedro chorou

Para escrever, eu leio, e, confesso, leio bastante. A leitura é, para mim, uma atividade essencial, de modo que me considero um aficionado ou apaixonado por essa prática. Entendo que a leitura proporciona enriquecimento cultural, aprendizado, sabedoria, trata-se de um passatempo prazeroso e agradável. Desperta a imaginação e a reflexão do leitor. Por isso, como resultado de uma das tantas leituras que faço, resolvi transcrever neste espaço, uma crônica de Arruda Alvim, que achei deveras interessante!

Conta a lenda que três ministros, um russo, um norte-americano e um brasileiro, mortos de indigestão após um banquete, compareceram ao paraíso, perante São Pedro. Ao recebê-los São Pedro disse-lhes: É de praxe nesta divisão, que, antes de entrarem no céu, os candidatos façam algumas perguntas de transcendente significado. Assim, estou esperando-as.

Perguntou o russo: São Pedro, eu queria saber quantos anos vão se passar, ainda, antes que o comunismo possa ser aceito por todas as nações? Vinte mil anos, respondeu o santo. Lastimando-se, o ministro russo retirou-se a um canto e se pôs a chorar pela resposta recebida!

A seguir, o norte-americano perguntou: “Estimado São Pedro, quanto tempo irá passar antes que a verdadeira democracia dos direitos humanos seja implantada no mundo inteiro? Quarenta mil anos, respondeu São Pedro, e então, o norte-americano caiu em prantos, desesperado!

Chegou então a vez do brasileiro, que perguntou:

São Pedro, sou ministro de um país católico que sempre o reverenciou. Um Pedro descobriu o Brasil. Foi também um Pedro que lhe proclamou a Independência e um outro Pedro o governou demoradamente com justiça e humildade. Assim, me responda, por favor, com toda a sinceridade, quanto tempo ainda vai durar a inflação brasileira?

São Pedro ficou pensando, pensando e pensando. Fez-se então um grande silêncio. O brasileiro, sequioso pela resposta, insistiu na sua pergunta. Ouvindo-o sem responder, São Pedro começou a chorar, desfez-se em prantos. E chorou tanto, tanto, que as suas lágrimas inundaram o céu, e, depois, despejaram na maior chuvarada que todos sabemos, o dilúvio universal!
“Sabem por que o mundo não é melhor? Pela carência de homens com coragem para tentar melhorá-lo.”

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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