*Por Marco Antônio Ballejo Canto
Volto a uma série de colunas que vinha escrevendo tratando de diversos temas que são importantes em ano eleitoral. Hoje tratarei de um tema que considero importante.
Dia desses uma matéria no jornal se referia ao Centro de Atendimento Integral à Saúde de Hulha Negra, popularmente conhecido como Hospital. Pois bem, foi construído para ser um Hospital-dia. Um conceito de hospital de baixa complexidade onde pessoas poderiam ficar um dia ou dois em observação antes de ser encaminhada a um hospital regional. E também pensamos num Hospital onde pacientes em estado terminal poderiam encerrar seus dias com tratamento paliativo perto de casa, de seus parentes. O Hospital construído e inaugurado em 1996 pretendia ser um Hospital. Pelo menos o prefeito de então, este que aqui escreve, pretendia que fosse. E foi, quando voltei a ser prefeito em 2001, de 2001 até 2008. Também havia sala para pequenas cirurgias.
A partir de 2009 o conceito de hospital foi se perdendo, até porque um hospital-dia precisa alimentar pacientes e lavar roupa de cama. Para alguns, coisas difíceis de fazer.
Mas com o hospital-dia em atividade conseguimos diminuir as internações em hospitais regionais de 65 para 37 por mês, na média. Daí que me parece, até mesmo do ponto de vista matemático que é muito importante ser debatido o conceito de hospital-dia, em especial em Hulha Negra.
Por outro lado, uma Unidade de Saúde por município, pelo menos, precisa estar aberta 24h por dia e nem me falem de SAMU como elemento de substituição. SAMU é importante como elemento complementar. Se não há dinheiro para pagar um médico 24h que mantenha pelo menos um técnico de enfermagem de plantão. Sempre haverá quem diga “é pouco”. Pode ser.
Mas haverá momentos em que um técnico pode ser muito.
Corria o ano de 2008 e eu costumava ir na unidade de saúde de Hulha Negra verificar minha pressão. Eu tinha um diagnóstico feito após um eletrocardiograma de que o ventrículo esquerdo estava com um problema leve. Certo dia tocou ao Gabriel verificar minha pressão, quem mora em Hulha Negra sabe quem é, e ele verificou, conferiu, pediu para eu ficar um tempo parado, verificou de novo e concluiu “teu caso é grave”. E eu fui logo dizendo “o laudo diz que é leve”. Ele insistiu “é grave”. Acreditei.
Fui a um dos melhores cardiologistas do Rio Grande do Sul, Dr. Luis A. Nasi, que me pediu um ecocardiograma e não gostou do que viu. Pediu um exame mais complexo. Fiz, pediu mais um, mais complexo e finalmente chegou ao resultado “o meu caso era grave”. Um bom tratamento e continuo por aqui, mas este episódio me garante que um técnico de enfermagem pode ser muito em muitas situações.
Hospital-dia e Unidade de Saúde aberta. Dois temas para debate.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*