O que debater 9

*Por Marco Antônio Ballejo Canto

Uma das questões mais interessantes dos debates políticos é a questão da esquerda e da direita. Um dos temas mais controversos e que muito poucas pessoas entendem minimamente. Há, por exemplo, os que se dizem liberais e há os que são chamados de comunistas.

Já abordei algumas vezes a inconsistência de se chamar um socialista de comunista, coisa de quem não tem noção do que é o comunista, mas há uns quantos que insistem embora saibam que estão dizendo bobagens.

Já os liberais são outros quinhentos.

Dia desses, dirigentes da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – FIERGS – falavam dos recursos importantes que o governo federal está colocando para apoiar as indústrias afetadas pelas grandes enchentes no Rio Grande do Sul, mas que não eram suficientes. Não entendi. Por que estes liberais não vão buscar dinheiro no Bradesco, Itaú, Santander? Eles não dizem que o governo não deve se meter na economia? Dizem, mas não tem nenhum problema, nem vergonha, de pedir ajuda do governo quando convém. Neste momentos viram esquerdinhas de plantão.

Não são diferentes os que em razão das enchentes ou não entram em campo com grande desenvoltura para impedir que o arroz seja importado ou pedindo ao governo que não importem leite, ou seja lá o que for. Mas me digam, os liberais não são os que dizem que o mercado é que deve definir o valor das coisas? Dizem, mas quando o bolso afetado pelo mercado é o bolso do liberal ele vira esquerdinha na hora e sai gritando alto em favor da reserva de mercado e nada de livre concorrência.

São estas coisas que fazem a direita brasileira ser o que é. A direita que chega ao poder de vez em quando apelando para uns destrambelhados como Jânio Quadros, Collor de Melo e Jair Bolsonaro.

Nada de novo no front. Quando a enchente chegou quem pode socorrer é o Estado Forte Brasileiro, isto quer o Governo Federal. E o Governo Federal quer dizer o glorioso dinheiro dos impostos que a gente não sabe para onde vai. Eu sei, para socorrer os filiados da FIERGS, os grandes fazendeiros, na dificuldade e no Plano Safra, para apoiar os grandes empreendimentos feitos com recursos do BNDES, e até sobra bem pouquinho para socorrer os mais pobres, mas aqui são migalhas mesmo, nada que de longe se possa comparar com a imenso pagamento dos juros da dívida; mas disso a maioria dos pobres não entende.

Ser de esquerda é estar ao lado da maioria do povo, dos que têm menos. Eu, um ser político, não tenho muita afeição pelos poucos votos dos ricos, mas sempre fui eleito com os muitos votos dos mais pobres.

Nesta eleição, é importante perceber para que lado olha cada candidato. Se ele é um liberal afeito a agradar os interesses das elites e fazer um discurso sem fundamento e inverídico a favor da liberdade do mercado e a favor do Estado mínimo ou se o candidato é daqueles que sabem da importância dos ricos no contexto, mas também sabem que a riqueza das nações se faz com o trabalho do seu povo; estes são de esquerda.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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