A notícia nos últimos dias remete aos contratos que já pararam uma das usinas de Candiota em razão do veto do presidente ao projeto que permite a prorrogação dos contratos das usinas termelétricas.
Também se fala da transição energética justa. Conversa para boi dormir. Sem contratos não há transição, há usina fechada.
Em setembro do ano passado nesta coluna comparei o carvão com as queimadas.
“Certa vez fui à capital de Tocantins, Palmas, final do século passado. Quando o avião saiu de Brasília a informação era de que teríamos que enfrentar o problema da fumaça das queimadas. Descemos em Palmas? Não. Com o avião sumido na fumaceira descemos em um aeroporto pequeno de uma cidade próxima chamada Porto Nacional, Alguém já ouviu falar de Porto Nacional? Então, foi lá num dia que preferia ter esquecido que o avião desceu picando na pista. Um charutinho de cem lugares, dias depois de um igual ter caído em São Paulo.
Nada parecido com a pequena fuligem que bloqueia levemente o sol como temos visto por aqui(que resultaram das queimadas). As queimadas em Palmas permitiam ver cem ou duzentos metros a frente, não muito mais que isso.
Mas é importante que tenhamos que passar por estes momentos e lembrarmos deles quando formos tratar do carvão de Candiota e das nossas usinas à carvão.
Eu lembro que meu corpo estava todo acinzentado certa vez na adolescência quando joguei futebol em Candiota devido à fuligem que colava no corpo molhado, mas isso faz mais de quarenta anos. As melhorias realizadas nem de longe permitem a emissão de fuligem no patamar daqueles tempos.
Comparar as emissões das usinas de Candiota com as emissões das queimadas é algo que só pode ser atribuído a estupidez de quem compara e acredita que estão no mesmo patamar.
Na próxima vez que alguém falar perto de ti sobre poluição atmosférica não lembra do carvão e lembra das queimadas. Dia desses escrevi aqui que os que querem a extinção das usinas termelétricas à carvão desejam uma vitória poética. Não vão resolver quase nada nos gases do efeito estufa, mas vão dizer que obtiveram uma vitória.
Olhe para o céu. Há dias em que o sol está parecido com Marte ou com alguma outra coisa que não é o sol com o qual estamos acostumados. Queimadas no Brasil. Mas já vimos algo bem parecido com fuligem de vulcões no Chile.
Se há pouco para fazer com vulcões, há muito para fazer prevenindo queimadas e tudo que não precisamos em pouco tempo é fazer a extinção de usinas para diminuir o efeito estufa de forma significativa.”
Se Trump quer viver hoje e não está nem aí para a questão ambiental, sendo presidente do país que mais polui no mundo, disparado, se comparado ao Brasil, Lula se comporta, de vez em quando, como um poeta ambiental.
Resta mobilizar para que o Congresso analise o caso na sua devida dimensão e que a tal transição fique para daqui a pouco, mas que não seja agora.
O carvão e o poeta
18:42 - 17/01/2025
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