ELEIÇÕES 2020

Papo de Redação 21/NOV/2020

ANÁLISE DOS NÚMEROS
Passada as eleições, os ganhadores comemoram, os perdedores, em geral, sofrem. Para além disso, tem a análise dos números que a eleição trouxe. Neste sentido, num esforço jornalístico, a coluna, que é especial nesta edição, traz uma contextualização regionalizada dos resultados.

ABSTENÇÃO MAIOR
Já era esperado que a abstenção, ou seja, não comparecimento de eleitores, seria maior em função da pandemia. Na região não foi diferente e o maior índice foi verificado em Bagé, com 27,99% (25.454 eleitores), que em 2016 teve índice de 20,70% (18.969 eleitores). Em segundo lugar ficou Pinheiro Machado com 23,17% (2.349 eleitores) ante 11,42% (1.136 eleitores) verificados em 2016. Hulha Negra teve o terceiro maior índice, com 16,05% (753 eleitores), contra 5,58% (252 eleitores) na última eleição municipal. Candiota teve abstenção de 15,61% (1.196 eleitores) em 2020, parecida com a 2016, que foi de 13,92% (1.148 eleitores). Pedras Altas teve um não comparecimento de 14,19% (286 eleitores) contra 8,15% (160 eleitores) em 2016.

FOLADOR EM CANDIOTA 1

A eleição do último domingo (15) mostrou que o nome de Luiz Carlos Folador tem bastante peso num processo eleitoral na Capital Nacional do Carvão. Já havia ficado um sentimento assim nas eleições de 2016.

FOLADOR EM CANDIOTA 2
Mesmo mudando de partido, saindo após 30 anos do PT e indo para o MDB, Folador não perdeu sua conexão natural com o povo local. A campanha dele, sem quase apelo visual, penetrou nos lares e a impressão que se tem, é que tenha atingido amplas camadas da população candiotense.

FOLADOR EM CANDIOTA 3
A eleição de 2020 jogou luz no fato de que Folador possui força própria. Aliás, o foladorismo (termo cunhado agora pela coluna), já existia quando ele governou a cidade pelo PT. Contudo, o casamento com as forças políticas do MDB e PSDB, tirando Betiollo do jogo em Candiota, foi fundamental para a sua vitória.

FOLADOR EM CANDIOTA 4
A trajetória dele em Candiota é de confronto nas urnas com o MDB. Quando se elege pela primeira vez prefeito, em 2008, derrota Gildo Feijó – expoente emedebista e o mais votado agora como vereador. Depois, em 2012, impõem uma derrota acachapante à maior liderança do partido, o primeiro prefeito da cidade, Odilo Dal Molin, fazendo quase 75% e se reelegendo prefeito pelo PT.Agora, unidos, derrotaram outra força importante da cidade, que é o PT e seus aliados.

FOLADOR EM CANDIOTA 5
Em sua trajetória eleitoral vitoriosa como candidato a prefeito, o catarinense de Pinhalzinho fez 3.199 votos em 2008, 4.750 em 2012 e no último domingo alcançou 3.268 votos. Também é o único a alcançar três mandatos de prefeito em Candiota e o pioneiro na região a vencer, ao menos após a redemocratização em 1995, eleições majoritárias por dois partidos diferentes.

FOLADOR EM CANDIOTA 6
Folador é sem dúvida um líder político regional consolidado. Já chegou a ser uma liderança estadual quando foi presidente da Famurs em 2015. Tentou um voo bem mais alto, ao ensaiar uma candidatura a presidente da República em 2016. Eleito prefeito novamente, recomeça a trilhar esse caminho.

ADRIANO, PT E ALIADOS
O prefeito Adriano dos Santos, o PT e os aliados mantiveram praticamente a mesma votação feita na última eleição. Em 2016, Adriano fez 2.974 votos (43,59%) e agora 2.911 (46,56%) – uma diferença a menor para 2020 de apenas 63 votos. Ainda jovem, Adriano é o principal nome da oposição a partir de 2021.

CÂMARA DE CANDIOTA 1
A renovação na Câmara de Candiota foi menor do que alguns analistas de plantão projetavam. Não chegou a 50%, ou seja, são cinco reeleitos e quatro novos. Os vereadores petistas, Ataídes da Silva e Danilo Gonçalves, aumentaram suas votações em relação a 2016. Ataídes pulou de 304 em 2016 para 311 agora. Danilo de 206 para 236. Fabrício Moraes, o Bibi (MDB), baixou de 398 para 259; Guilherme Barão (PDT) baixou de 243 para 195 votos e Claudivam Brusque de 161 para 149 votos.

CÂMARA DE CANDIOTA 2
Dos novos para a legislatura 2021-2024, Gildo Feijó pela terceira vez na história é o campeão de votos na cidade e já pode pedir música no Fantástico, quando desta vez recebeu 456 votos. A coordenadora da Gestão Participativa no governo Adriano, Luana Camacho Vais, foi a terceira mais votada com 276 votos. O assessor da Secretaria de Saúde no governo Adriano, Léo Lopes (PTB), alcançou 193 votos e a extensionista da Emater, Hulda Alves (MDB), recebeu 190 votos.

CÂMARA DE CANDIOTA 3
Teoricamente, Folador não terá maioria na Câmara, pois elegeu quatro vereadores de sua aliança, enquanto a coligação em torno de Adriano elegeu cinco.

GRATA SURPRESA EM CANDIOTA
O jovem negro Dieguinho Lima, morador de Seival, 23 anos, fez 177 votos e ficou na primeira suplência do MDB, surpreendendo muita gente nestas eleições. Ele não aparecia em nenhuma projeção dos analistas de plantão. Muito provavelmente deverá assumir uma cadeira no Legislativo, bastando Folador chamar um dos eleitos para uma Secretaria. O TP prepara uma reportagem com ele.

PT DE CANDIOTA

Apesar da derrota, o PT de Candiota segue sendo uma força considerável da política candiotense. Elegeu três vereadores e tem um legado de 12 anos de governo para defender. No domingo (15), dois novos nomes surgiram no horizonte do partido: Dirceu Zanato com 194 votos (primeiro suplente de vereador) e o jovem Ronald Mansour (foto) com 162 votos (segundo suplente).

NÃO ACABOU EM PINHEIRO 1

Devido ao problema judicial enfrentado por Betiollo, as eleições não acabaram em Pinheiro Machado. O ex-prefeito venceu o pleito com certa margem, porém ainda não foi proclamado pela Justiça Eleitoral como eleito. Indeferido em primeira e segunda instância, Betiollo e toda a cidade aguardam o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em Brasília. O processo ainda está no TRE-RS. Na foto, Betiollo e o seu vice Danúbio foram juntos para a votação no último domingo.

NÃO ACABOU EM PINHEIRO 2
Por conta disso, sobram especulações e até mesmo notícias falsas, as famosas fake news. O fato é que se não houver um julgamento favorável a Betiollo até o dia 31 de dezembro, a cidade terá que conviver os primeiros dias de 2021 com um prefeito temporário, escolhido entre os nove vereadores eleitos, além da expectativa de uma nova eleição. Caso tenha decisão positiva a Betiollo, ele assume em 1º de janeiro do ano que vem.

NÃO ACABOU EM PINHEIRO 3
Em função do impasse, já há muitas articulações em curso, até mesmo projeções de quem será o prefeito temporário. O fato é que agora está tudo nas mãos da Justiça e Betiollo trava uma batalha nesse sentido. A eleitoral ele já ganhou.

NÃO ACABOU EM PINHEIRO 4
Muitos analistas afirmam que caso Betiollo não tivesse tido problemas com sua candidatura, sua vitória seria maior e até mesmo seus adversários poderiam ser outros, bastando lembrar que Rogério Moura e Paulinho Alves tiveram que substituir Ronaldo Madruga e Éliton Rodrigues de última hora.

NÃO ACABOU EM PINHEIRO 4
Aliás, Pinheiro Machado vive tempos estranhos, pois passa pela sua maior crise econômica desde a sua fundação há 141 anos e agora tem este impasse jurídico-político, que queira ou não, não é bom para ninguém.

CÂMARA DE PINHEIRO 1
Com grande renovação, atingindo mais de 65%, a Câmara pinheirense também vai experimentar na próxima legislatura um toque feminino – fato que não acontece há 17 anos, quando a última mulher foi vereadora (ver matéria nesta edição). Serão três mulheres. Caso Betiollo assuma a Prefeitura, terá ampla oposição ao seu governo na Câmara, quando seis vereadores são dos partidos derrotados – três do Progressistas, dois o MDB e um dos PSB. Nesta semana, o sexteto já se reuniu (foto).

CÂMARA DE PINHEIRO 2
A relação com a saúde, especialmente como dirigente do hospital da cidade, deu pela segunda vez seguida o ‘troféu’ de vereador mais votado a Ronaldo Madruga (Progressistas), com 799 votos. Ele baixou a votação de 2016, quando havia alcançado 832 votos. Depois de bater na trave em 2016, a professora pedetista Magda Afonso finalmente se elegeu vereadora, com 301 votos. Famílias tradicionais pinheirenses também emplacaram vereadores, com Laura Ratto (MDB), a segunda mais votada com 397 votos; Cássio Câmara Garcia (Progressistas), filho do saudoso Carlos Irigoyen Garcia, o Funfa, com 260 votos, e Elizete Baldez (Progressistas), com 214 votos.

CÂMARA DE PINHEIRO 3
Renato Rodrigues (PSDB) e Fabrício Costa (PSB), junto com Ronaldo, foram os únicos três a se reelegerem, porém é preciso salientar que dois dos nove atuais não concorreram: Jaime Lucas e Gilson Rodrigues (que concorreu a prefeito). Renato fez 332 votos, aumentando sua votação de 2016, quando tinha feito 284 votos. Já Fabrício manteve seu eleitorado, com 277 votos, fazendo um a mais do que 2016. Fábio Dias (PSDB) deu a volta por cima e depois de não se reeleger em 2016, retornou este ano com 281 votos.

CÂMARA DE PINHEIRO 4
Mesmo sendo o terceiro mais votado da cidade este ano, o jovem Taikiro Pereira (PT), com 352 votos, não conseguiu uma cadeira na Câmara de Pinheiro Machado. Segundo os cálculos, faltaram 18 votos para que ele fosse eleito. De difícil compreensão para a maioria das pessoas, as eleições para vereador, assim como para deputados, não levam em conta apenas estar entre os mais votados e às vezes até em ser o mais votado. O fato é que o partido precisa conseguir a chamada legenda, ou seja, que todos os candidatos daquela sigla alcancem, somados, um número mínimo de votos. Foi o que aconteceu com Taikiro. Os demais candidatos petistas tiveram votações muito baixas, o que deixou o partido sem representação no parlamento pinheirense a partir de 2021.

RENATO EM HULHA 1

O prefeito reeleito Renato Machado (Progressistas) vai para a galeria dos grandes políticos de Hulha Negra. Com a vitória de domingo (foto), ele iguala o ex-prefeito Marco Antônio Ballejo Canto, com três mandatos. Além disso, Renato ocupou todos os outros cargos públicos que um município pode oferecer. Foi vereador e presidente da Câmara, além de secretário de governo e vice-prefeito por dois mandatos.

RENATO EM HULHA 2
Quando se elegeu novamente em 2016, Renato Machado fez 2.274 votos, contra 1.191 do então prefeito, já falecido, Erone Londero (PT) e 652 votos de Ester Köester (PTB). Juntos, em 2012, PT e PTB derrotaram Renato, justamente com Erone e Ester, quando atingiram 2.452 votos contra 1.733. Agora, enfrentando novamente os dois partidos unidos contra ele, Renato manteve praticamente a votação de 2016, fazendo 2.212 votos contra 1.648 de Campani.

CÂMARA DE HULHA 1
A renovação na Câmara hulhagrense é alta, atingindo mais de 50%, sendo cinco novos e quatro reeleitos. De família tradicional na política da cidade, Jorge Coelho, o Coruja (PDT) foi o mais votado, com 265 votos. Ele já havia ficado na suplência em 2016, tendo até assumido por um tempo nesta legislatura. Coruja é irmão do ex-vereador, ex-vice-prefeito e atual presidente da Coopersul, Jaci Jacinto Coelho (Titi).

CÂMARA DE HULHA 2
Dos quatro reeleitos, todos tiveram queda de votação em relação a 2016. Dalvir Zorzi (PT), que vai para seu sétimo mandato seguido (se elegeu a primeira vez em 1996), baixou de 239 para 194 votos. Getúlio Porto (PDT) fez 247 votos em 2016 e agora 179 (vai para seu sexto mandato consecutivo). Hugo Teixeira (PT) fez 204 há quatro anos e agora 198 votos. Ronaldo Pereira (Progressitas) e atual presidente da Câmara, fez 256 em 2016 e no último domingo 199 votos.

CÂMARA DE HULHA 3
Dos novos, além de Coruja já citado antes, Volnei Manfron (PT), que já foi vereador em duas legislaturas (2000-2008), retorna à Câmara sendo o segundo mais votado da cidade, com 240 votos. A petebista Tanira Martins se elegeu com 219 votos, sendo a terceira mais votada e a mulher que mais fez votos na história da cidade. Completam a Câmara, os estreantes Diego Rodrigues (Progressistas) com 189 votos e Luiz Gustavo Dias, o Baixinho da Patrola (Progressistas), com 158 votos. O prefeito Renato Machado terá maioria com cinco dos nove vereadores.

AMPLA VITÓRIA EM PEDRAS

O prefeito Bebeto Perdomo (Progressistas) venceu com uma ampla margem de votos em Pedras Altas. Acometido por um infarto grave em meio à campanha e depois ainda contraiu a Covid-19, Bebeto interrompeu sua campanha no dia 19 de outubro, quando infartou, sendo ela tocada apenas pelo seu vice José Volnei Oliveira (PT). Bebeto venceu de forma inapelável com quase 80% dos votos.

CÂMARA DE PEDRAS
No papel, Bebeto também teve outra vitória avassaladora na Câmara de Vereadores, com os nove vereadores da sua aliança sendo eleitos. O PT elegeu seis e o Progressistas três. Além disso, a Câmara pedrasaltense a partir de 2021 terá quatro mulheres com assento no parlamento local. Quatro se reelegeram e cinco são novos.

EX-PREFEITOS NÃO SE ELEGEM 1
Considerada a eleição mais difícil de todas, especialmente em cidades menores, que concentram muitos candidatos e poucos eleitores, a disputa pela vereança do último domingo (15) não teve êxito para três ex-prefeitos da região. A memória eleitoral dos tempos em que estiveram no poder não foram suficientes para que os ex-prefeitos de Aceguá, Júlio Pintos (MDB); de Candiota, Marcelo Gregório (PSDB), e de Pinheiro Machado, Felipe da Feira (Progressistas) se elegessem.

EX-PREFEITOS NÃO SE ELEGEM 2
Júlio Cézar Pintos governou Aceguá por três mandatos (2000-2008 e 2012-2016), feito na região só conseguido por Laudelino Cunha de Moura (já falecido) em Pinheiro Machado, por Marco Antônio Ballejo Canto em Hulha Negra e agora com as eleições de domingo, por Luiz Carlos Folador em Candiota e Renato Machado em Hulha Negra. Porém, todo este belo currículo político, não foi suficiente para a sua eleição na Princesa da Fronteira. Pintos recebeu 63 votos, ficando somente na segunda suplência do MDB.

EX-PREFEITOS NÃO SE ELEGEM 3
Já Marcelo Menezes Gregório percorreu em Candiota, em cerca de 20 anos de vida pública, todos os cargos que um político pode alcançar dentro de um município – feito que ninguém repetiu em Candiota até hoje. Ele foi secretário de governo, vereador e presidente da Câmara, vice-prefeito e prefeito da cidade (2005-2008). Também, com toda essa trajetória brilhante não foi argumento para que o eleitorado candiotense o elegesse vereador no último domingo. Marcelo, que tinha feito carreira política no MDB e agora está no PSDB, fez 109 votos, ficando na primeira suplência tucana.

EX-PREFEITOS NÃO SE ELEGEM 4
Por fim, José Felipe da Feira, que foi vereador e governou Pinheiro Machado em duas ocasiões (2005-2008 e 2012-2016), também não teve êxito na sua tentativa de voltar ao Legislativo pinheirense, apesar de todo o seu patrimônio político. Felipe, que já havia sido filiado ao PSDB e ao PTB, em 2020 concorreu pelo Progressistas, tendo recebido 144 votos, ficando apenas na segunda suplência.

PARTIDOS E REELEIÇÕES
Na região, o partido com mais prefeitos eleitos foi o Progressistas (Dom Pedrito, Hulha Negra, Pedras Altas e Herval). O MDB elegeu em Candiota e Piratini, o PDT em Lavras do Sul, o PTB em Bagé e o PSDB em Aceguá, podendo ter Pinheiro Machado, que ainda depende de decisão judicial. Em Pinheiro, Herval e Aceguá os atuais prefeitos não foram à reeleição. Em Piratini e Candiota os atuais não venceram as eleições. Em Bagé, Dom Pedrito, Hulha Negra, Lavras e Pedras Altas, os atuais foram reconduzidos.

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