
A dupla realizou o caminho de ida e volta em um Palio, apelidado de “Tião” Foto: Divulgação TP
No último dia 12 de maio, Cristian Silva, juntamente com o amigo Douglas Oliveira, ambos pinheirenses, retornou de uma viagem que sempre foi o seu sonho. Eles enfrentaram seis dias de estrada e mais de 4 mil quilômetros até chegarem na cidade do Fim do Mundo, Ushuaia, na Argentina.
Segundo Cristian, a ideia de chegar até a cidade mais ao Sul do mundo sempre esteve em seus planos, mas por problemas de saúde e com a chegada da pandemia da Covid-19, este sonho foi ficando para trás. Porém, alguns anos depois em conversa com Douglas, ele perguntou se o amigo conhecia Ushuaia, e após falar sobre a aventura para chegar até a cidade e conhecer a neve, ele arrumou um parceiro de aventura. “A missão seria em que carro que nós iríamos? Fusca, Uno, Corsa, Kombi? Pensei, cara tem um amigo meu que tem um Palio para vender, vou ir lá buscar em Piratini. Fui lá, um dia chuvoso e trouxe o carro no qual batizamos de Tião, o equipamos com rack, placa solar e mais alguns acessórios que nem usamos, e revisamos a mecânica toda”, relembrou ele.
Mesmo com pouco dinheiro, eles planejaram a data que iriam e em 29 de abril, partiram de Pinheiro Machado em direção a Jaguarão, depois em Rio Branco no Uruguai, onde passaram pela imigração. “Acampamos no meio do nada, comemos um miojo e fomos direto a Punta Del Este para conhecer o monumento las manos, depois partimos a Piriapolis para conhecer a casa Pueblo, lugar magnífico”. Após ficarem em um camping, no dia seguinte eles foram para Colônia do Sacramento, quando pegaram uma balsa e passaram para Buenos Aires, na Argentina. “Chegamos, nos hospedamos e no dia seguinte seguimos nosso trajeto até Bahia Blanca, onde conhecemos a praia de Las Grutas. Acampamos em um posto Puma e seguimos até a cidade de Mar del Plata, outra vez ficamos em um posto, onde pegamos temperaturas de menos 7° graus”, contou.
Deste caminho em diante, a cada quilômetro percorrido, Cristian disse que a ansiedade aumentava por saber que estavam próximos do destino final. Na parte da noite, em Comodoro Rivadavia, eles acionaram um aplicativo que ajuda a encontrar uma pessoa que esteja disponível para dar apoio, foi quando um senhor chamado Alejandro ajudou os gaúchos, uma dupla de uruguaios e outra de argentinos. “Guardamos o Tião na garagem, fomos até a padaria, farmácia e nos reunimos à mesa, dividindo nossas culturas e partilhando nossas pizzas”, falou, informando que no dia seguinte também conseguiram estadia, só que desta vez na casa de uma moça chamada Adriana, onde aproveitaram para comprar correntes para os pneus do carro, o que é necessário para dirigir em áreas com neve.
“No dia seguinte a missão era pegar a balsa que atravessa o Estreito de Magalhães. Não tínhamos pesos (moeda local) o suficiente, e não tinha como fazer cambio, pois era Domingo. Seguimos 176 quilômetros de viagem e encontramos a balsa, onde fomos os últimos a adentrar”. Com muita chuva e após passarem por diversas aduanas e imigrações, para conseguirem entrar no Chile, finalmente o destino estava mais próximo do que nunca. Chegando mais perto de Ushuaia, a neve começou a aumentar e Cristian disse que ficou com bastante receio em dirigir ali, pois estava muito perigoso.

Além de Ushuaia, outro sonho realizado foi conhecer a neve Foto: Divulgação TP
Mas após dias e dias enfrentando frio, chuva e neve, eles finalmente estavam com o sonho diante dos olhos, a tão esperada cidade de Ushuaia, onde ficaram por três dias fazendo atividades e conhecendo melhor a localidade. “Para nós esta viagem de 9,2 mil km foi de muita aprendizagem, companheirismo e apesar das dificuldades de idioma e econômica a qual fomos apenas com R$ 3, 5 mil cada, nunca nos demos por vencidos. Dirigíamos por mais ou menos 12 horas por dia, alimentação controlada, tudo isso para realizar um sonho, que era conhecer a Patagônia e conhecer a neve”, disse ele.
Ao ser perguntado sobre a parte mais difícil do trajeto, ele disse que foi a comunicação e dirigir na Patagonia, mas que tudo valeu a pena. “A sensação na hora que cheguei lá foi inexplicável, pois tive várias complicações de saúde desde 2019, onde passei por cirurgia e nunca conseguia sair para viajar, até que nesse ano decidi que iria e fui. Ao chegar lá comecei a chorar, porque não acreditava que chegaria tão rápido”, mencionou ele.

Os amigos Cristian e Douglas, viajaram durante seis dias até o destino final Foto: Divulgação TP
PRÓXIMO DESTINO
Sobre pretender encarar uma nova aventura, Cristian informou que está planejando ir do deserto do Atacama até a Cordilheira dos Andes, no Chile, e retornar pela Rota 40 na Argentina, tudo isso em uma Brasília 1976, que ganhou do pai justamente para isso.
Sobre sempre procurar carros clássicos para o trajeto, ele disse que a sua paixão é carro antigo e que sempre planejou viajar desta forma. “Para ir até Ushuaia de forma mais rápida, nós reformamos o Palio ano 1998, e vendi uma Kombi para conseguir fazer tudo. Tem gente que nos chama de louco, mas não somos loucos”, brincou ele, dizendo que tudo foi compartilhado em seu canal no YouTube.
Para o próximo ano, o trajeto, segundo ele, será na faixa de 12 mil km.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO