
Portão da casa de bombas foi arrombado e equipamentos danificados Foto: J. André TP
A cena desoladora vista na manhã de sábado (11), na casa de bombas da barragem que abastece de água bruta a sede de Candiota e também vários assentamentos do município gerou consequências financeiras para o Executivo. Os prejuízos, segundo a equipe elétrica, devem ultrapassar os R$ 20 mil devido aos estragos e rastros de destruição vistos no local.
Segundo informado ao jornal pela eletricista e chefe do Setor de Elétrica da Prefeitura de Candiota, Inês Farias, na tarde desta quinta-feira (16), uma equipe especializada está sendo esperada em Candiota para avaliar os prejuízos com relação ao gerador que foi danificado, porém, os demais problemas encontrados após o ato de vandalismo, já chegam a R$ 20 mil.

Gerador que garante a captação e bombeamento da água bruta em caso de falta de energia, também sofreu depredação Foto: J. André TP
A equipe do TP esteve na casa de bombas na ocasião e conforme as informações prestadas pelos setores de Saneamento e Elétrica da Prefeitura, uma sequência de eventos ocorridos, culminou no desabastecimento de água total. No local, foram atacadas duas estruturas – uma que é uma subestação de energia, que pertence a Equatorial Energia e outra a casa de bombas, que retira água bruta da barragem e recalca até a estação de tratamento de água (ETA), que fica na região central da sede do município, a cerca de 2km do lugar.
A Brigada Militar foi acionada e esteve no local para fazer o registro policial. Segundo constatado pelos policiais, a ação, aparentemente teve por objetivo central, o de levar cabos elétricos de cobre de 35mm, que no chamado mercado paralelo possui um certo valor. Ao todo foram levados cerca de 80 metros, o que na avaliação de técnicos é uma quantia pequena em termos de transformar isso em dinheiro.
Conforme Inês, os responsáveis pela ação conhecem minimamente de eletricidade. Para poder agir, foi utilizado um arame que foi jogado na rede de alta tensão, ocasionando um curto-circuito e o desarme da energia. Com isso, se pode operar sem risco de choque. Ocorre que no local está instalado pela Prefeitura um gerador, que aciona automaticamente quando há falta de energia. O gerador foi também danificado e paralisado, quando a sua bateria foi retirada e levada. Na ETA, a falta de chegada de água bruta foi sentida por volta das 3h30 da madrugada.
A consequência direta da ação foi a falta de água durante todo o sábado e naquele dia, não havia previsão de retorno. A Equatorial Energia foi comunicada para o restabelecimento da luz no local. Com o religamento da energia, foi possível restabelecer o abastecimento. No local houve destruição de painéis, como por exemplo onde está a inversora e a telemetria na casa de bombas.
MUTIRÃO
O retorno da água na cidade aconteceu ainda na noite de sábado, quando equipes da Prefeitura com o apoio da empresa candiotense CGS, conseguiram restabelecer não só a energia elétrica, mas também a retomada do funcionamento da captação de água bruta junto à barragem da sede do município.
EXECUTIVO
Ao TP, o prefeito Luiz Carlos Folador, se pronunciou sobre o ocorrido, fato que gerou transtornos para as comunidades da sede e interior. “Foi algo inesperado, nunca pensamos que poderia ocorrer. Investimos em dois geradores, cabeamentos, bombas, muitos equipamentos, um investimento alto, pois o sistema de abastecimento é caro. Felizmente, com uma mobilização das nossas equipes e CGS conseguimos dar uma resposta em poucas horas para a comunidade, período bem menor do que havíamos estimado. Estão nos responsabilizando, mas a responsabilidade é de quem causou o dano”, avaliou.
Folador afirmou que o município irá investir em segurança armada para evitar novos transtornos. “Precisamos coibir novas ações para que este tipo de coisa não aconteça. Nosso objetivo é investir em segurança armada, um custo elevado mensal que poderia ser investido em outra área, mas é o que teremos que fazer. Foi uma tragédia que prejudicou muitas pessoas, lamentamos muito, mas já estamos tomando as providências cabíveis”, afirmou o prefeito.
Ato de vandalismo vira pauta no Legislativo
A situação vivenciada no município foi assunto na Câmara de Vereadores e Vereadoras de Candiota. Entre os pronunciamentos dos parlamentares estavam manifestações de lamentação e questionamentos quanto a vigilância do local.
Fabrício Moraes (MDB) – “Foi uma mistura de furto com vandalismo, feito só pela maldade e que muitas vezes afeta diretamente aquela pessoa que fez. Ficamos muito tristes, pois isso é dinheiro público, não é diretamente dos vereadores e nem do prefeito, e sim da comunidade. Com certeza é um dinheiro que poderia ser investido em outra área e foi investido ali para restabelecer a água”.
Léo Lopes (PSDB) – “O vandalismo na tomada de água é algo inaceitável. Diante de tanta coisa que a gente vê o ser humano não aprende e é isso que castiga mais o nosso coração. Colocar toda uma comunidade em uma situação desnecessária, talvez unicamente com o prazer de destruir ou fazer mal a algo ou alguém”.
Luana Vais (PT) – “Temos a informação de que havia um guarda. Sabemos que é um CC (cargo em comissão) e gostaríamos de saber se nesse dia estava doente, o que acontece e é normal, mas o que aconteceu. Aprovamos uma abertura de crédito de R$ 500 mil, um mérito do Flávio Sanches, para videomonitoramento e o dinheiro foi desviado para outro objetivo. Temos que provocar o governo que muitas vezes pode fazer a prevenção e deixa passar”.
Claudivan Brusque (PSDB) – “É tão difícil, as pessoas passando dificuldade no Estado e aqui outras fazendo o mal, deixando as pessoas sem água. É falta de respeito”.
Guilherme Barão (PDT) – “Não é a primeira vez que ocorre e precisamos avaliar. Se não me engano tem guarda que fica cuidando lá e o município recebeu dinheiro para videomonitoramento e não foi implementado. Nós precisamos tomar algumas atitudes. Se tem guarda porque não estava lá? Se veio recurso para videomonitoramento porque não foi aplicado? Não quero culpar ninguém, mas o vandalismo está aí e temos que penalizar. O governo precisa ter atitude”.
Ataídes da Silva (MDB) – “Acho que tem que tentar descobrir e a pessoa que fez, seja lá quem for, tem que punir. Se tinha guarda, tem que conversar, pois se está recebendo para tal função tem que estar lá. É que nem nós vereadores, estamos na sessão, pois não podemos falhar, somos pagos pra isso. O guarda tem que estar lá, tem que ser cobrado”.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*