31 ANOS DE HULHA E CANDIOTA

Presidente da Câmara lembra que carregou a máquina de escrever que confeccionou os primeiros documentos oficiais de Candiota

Marcelo faz uma análise dos 31 anos de emancipação da Capital Nacional do Carvão

Marcelo Gregório começou sua vida pública em Candiota aos 21 anos Foto: Divulgação TP

Marcelo Menezes Gregório, 51 anos, é um candiotense de corpo e alma. Nos 31 anos de emancipação, foram poucos os momentos em que ele não participou. Com apenas 21 anos, já foi investido pelo primeiro prefeito da cidade, Odilo Dal Molin, como secretário de governo.

Na conversa com o TP, ele lembrou que carregou uma máquina de escrever para o antigo hotel – hoje Centro Administrativo da CGT Eletrosul, na Vila Residencial (sendo lá a sede da Prefeitura de forma improvisada). Pela máquina foram redigidos os primeiros documentos oficiais do novo município lá nos idos de 1993.

Marcelo, além de ocupar secretarias, foi vereador (1997-2000), presidiu a Câmara, foi eleito vice-prefeito (2001-2004) e prefeito, quando governou o município de 2005 a 2008. Agora voltou a política, depois de alguns anos afastado, tendo ficado na primeira suplência do PSDB nas eleições para a vereança em 2020, mas assumindo a cadeira em 2021 e sendo eleito por unanimidade para presidir a Câmara em 2023. Portanto, como visto, ele passou por todos os cargos públicos que um município pode oferecer.

Na avaliação que faz agora, Marcelo entende que esses 31 anos foram de evolução e desafios. “Candiota se posicionou e se fortaleceu como uma cidade de potencial tanto do ponto vista industrial como turístico”, assinala.

Os avanços são notórios, segundo ele, dizendo que ela oferece não só aos candiotenses, mas aos moradores eventuais e trabalhadores que vem dos municípios vizinhos, um desenvolvimento econômico que se esparrama regionalmente.

No meio rural, os produtores de soja já conseguiram se consolidar mais, porém a monocultura é sempre um problema, na sua visão. A bacia leiteira é uma realidade e as sementes olerícolas é outro setor importante. “Vejo a produção primária também com mais robustez. Tanto é verdade que o nosso homem do campo vem, investe e gasta na cidade, fortalecendo nosso comércio, fazendo a interlocução entre campo e cidade, sendo isso fundamental”, analisa.

MENOS PATERNALISMO – Para o agora presidente da Câmara, sua passagem como prefeito foi para que se tivesse um município menos paternalista, onde o poder público pudesse concentrar esforços e investimentos em saúde, educação e infraestrutura. Citou como exemplos a retirada da Prefeitura do então hospital e se criando uma Fundação mantenedora, assim como no transporte coletivo, que foi repassado à iniciativa privada, melhorando a qualidade do serviço, sem aumento de tarifa.

Ainda, Marcelo lembrou a tentativa de implantação dos hidrômetros para dar início a novos investimentos no sistema de água e até repassá-lo para a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), sendo que até hoje a situação é um problema sério.

IDENTIDADE – O presidente do Legislativo ainda vê como desafio o fortalecimento da identidade local, fazendo surgir cada vez mais um sentimento de pertencimento de quem aqui escolheu para morar, pois Candiota é forjada e construída por migrantes em sua grande maioria.
Ele analisa que os núcleos urbanos distantes também são um fator de dificuldade na formação da identidade candiotense.

CARVÃO – Marcelo enxerga que os desafios da questão dos usos do carvão mineral é a principal luta e tarefa do momento, que todos precisam defender, por intermédio da chamada transição energética justa (TEJ). Ele advoga a busca de novas tecnologias, a implantação do polo carboquímico, de toda uma indústria e cadeia que poderão vir com esses novos investimentos, como por exemplo dos fertilizantes, metanol e gás natural, sendo a partir desses três produtos a virada de chave e a continuação da exploração da riqueza do carvão, com novas oportunidades de geração de renda e emprego.

DESAFIOS – O líder da Câmara vê que a estiagem é recorrente e o desafio é se ter capacidade de armazenar da água de superfície. Opina que é preciso se fazer investimentos numa rede adutora de água para abastecer também a zona rural, bem como, uma rede de energia confiável, sem tantas quedas, além de melhorar a qualidade neste setor.

CÂMARA – Disse que o Legislativo faz parte do processo e está inserido neste contexto diário de busca de melhorias, nessa parceria institucional com o Executivo. “Somos um poder independente, mas sempre sensíveis aos anseios da comunidade. Foi assim no aporte de R$ 200 mil que fizemos recentemente para o combate à estiagem, com redução de despesas internas.

Temos então esse sentimento, essa sensibilidade e me comprometo a ser assim enquanto estiver à frente da mesa diretora.

Além disso, dando ferramentas e condições para todos os vereadores e vereadoras possam executar da melhor maneira possível os seus mandatos, seja no município, no Estado e na União”, assinala.

MENSAGEM – Para Marcelo os desafios estão postos. “Mas o mais importante é a gente saber que dentro do contexto de município o desenvolvimento não está atrelado a projetos faraônicos. Tudo é dentro de nossa realidade: carvão, agricultura familiar, turismo, diversificação da economia com novas tecnologias e o oferecimento de emprego, porque aí é a base de tudo, pois quando as pessoas ganham dignamente seus salários, elas tem poder de investimento e autoestima, sem falar na expansão do comércio. Foram 31 anos bem vividos, com vários partidos exercendo o poder político e todos eles dando as suas contribuições. Estamos no caminho certo”, finaliza.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

Comentários do Facebook