CONTRA O TEMPO

Presidente da Eletrobras privatizada volta a afirmar que usinas térmicas serão fechadas ou vendidas

Usina de Candiota tem contratos até o fim de 2024 Foto: J. André TP

A Eletrobras divulgará em 12 de julho, em encontro com investidores sobre os planos da companhia, um programa com política de carbono zero. Foi o que disse à jornalistas nesta sexta-feira (2) o presidente da companhia, Wilson Ferreira Jr., durante um evento no Rio de Janeiro. Na verdade esta é a terceira vez que ele repete o mesmo discurso. Nos anteriores, ele se referiu especificamente à Usina de Candiota (Fase C).

Dentre as metas, a chamada nova Eletrobras, que foi privatizada em meados de 2022 pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), prevê se desfazer de usinas térmicas ou descomissioná-las após o fim de seu contratos. “Será um processo de redução das emissões de carbono na Eletrobras”, disse Ferreira Jr., nos bastidores do Fórum Brasileiro de Líderes em Energia.

“Até o fim do contrato, se houver algum interessado, podemos passar para frente. Mas, não vamos continuar.”, reafirmou agora, o que já havia dito antes.

USINA DE CANDIOTA – Um dos principais alvos da Eletrobras é a Usina de Candiota (Fase C), por se tratar de uma unidade movida a carvão mineral.

Integrante do grupo Eletrobras, pois é da subsidiária CGT Eletrosul, a usina possui contratos de venda de energia só até o fim de 2024 e depois disso está dependendo de uma legislação específica de transição energética, como foi feita para o complexo de Jorge Lacerda, em Santa Catarina, aprovada no ano passado, que já está nas mãos da iniciativa privada e teve sua vida prorrogada para 2040.

O caso da Usina de Candiota é mais que uma corrida contra o tempo, pois 2024 está logo aí. Depende ainda de articulação política e também do interesse de algum comprador, pois nas palavras claras do CEO da Eletrobras, ela vai se desfazer desses ativos, seja vendendo ou fechando.

LEI – Um grupo da região esteve recentemente no Ministério de Minas e Enegia (MME), quando foi dito que a única saída é a lei da transição – fato amplamente noticiado pelo TP. Esse grupo agora corre para tentar apresentar esta lei tanto no Congresso Nacional como na Assembleia Legislativa do RS.

No próximo dia 5 de junho, a comitiva regional se reúne com o senador Paulo Paim (PT), em Canoas, às 14h30 para debater a situação. O tempo é cada vez mais curto.

CATÁSTROFE – Um possível e iminente fechamento da Usina de Candiota tem consequências catastróficas para a região. São milhares de empregos que serão perdidos, desarticulação da indústria cimenteira (uma unidade em Candiota e outra em Pinheiro Machado) – que dependem da cinza do carvão -, bem como  uma queda brutal de receita do município de Candiota, além de reflexos diretos na vida econômica da região, que refletem desde a manicure, passando por setores de alimentação e transporte, que hoje se inserem na cadeia da indústria carbonífera local.

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