DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Projeto da planta frigorífica de Bagé foi tentado em Pinheiro Machado

O impasse se deu quando o Núcleo de Criadores de Ovinos e Caprinos teria que abrir mão da concessão do Abatedouro Cacimbinhas

Você ainda possui 2 notícias no acesso gratuito. Efetue login ou assine para acesso completo.

Representantes de entidades envolvidas no projeto se reuniram com o prefeito de Bagé, Divaldo Lara Foto: Patrícia Leal/Especial TP

Pauta de algumas críticas nas redes sociais, durante a sessão ordinária desta terça-feira (26), o presidente da Câmara de Vereadores de Pinheiro Machado, Mateus Garcia (PDT), falou sobre o motivo de ter solicitado uma emenda parlamentar que favorece um projeto executado na cidade de Bagé. O documento foi entregue ao Deputado Federal, Heitor Schuch (PSB), durante a viagem a Brasília na última semana.

O recurso de R$ 100 mil visa beneficiar a infraestrutura da Cooperativa Agropecuária de Santana da Boa Vista (Cofrusa), mais precisamente destinada ao cercamento da planta frigorífica que será instalada na cidade vizinha. De acordo com o vereador, trata-se de um projeto regional – que inclusive beneficia os pinheirenses.

Questionado pelo TP sobre o motivo ao qual o projeto não foi desenvolvido em Pinheiro Machado, Mateus, que também é vice-presidente da Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Alto Camaquã (Adac), explicou que não foi por falta de tentativas. Na oportunidade, a reportagem fez referência ao trabalho do Núcleo de Criadores de Ovinos e Caprinos que está em busca da regionalização do Abatedouro Cacimbinhas. “Na verdade esse investimento não veio para Pinheiro Machado e foi direcionado para a cidade de Bagé porque, ainda em 2016, tentamos abrir um diálogo entre o Executivo, Legislativo e o próprio Núcleo – atual administrador do abatedouro local – e não obtivemos sucesso. Como não houve interesse e união entre as partes, partimos para o plano B: a parceria com a Embrapa Pecuária Sul de Bagé”, explicou.

Segundo ele, para que a planta fosse instalada no município de Pinheiro Machado era necessária uma rescisão de contrato entre o Núcleo e o abatedouro. Nesse caso, a cooperativa ficaria responsável pela administração do empreendimento. “Ouvi comentários de que eu fui criticado nas redes sociais por pedir uma emenda para a cooperativa e para esse projeto em Bagé. O que as pessoas precisam entender é que temos vários sócios da cooperativa em Pinheiro Machado, esse pessoal todo vai se beneficiar assim como outros que deverão se associar futuramente. A intenção nunca foi fazer concorrência com o trabalho do Núcleo, nós tentamos fazer com que eles fossem parte do processo, mas não aceitaram a proposta”, disse.

NÚCLEO DE OVINOS – Procurada pela reportagem para falar sobre o caso, a direção do Núcleo de Ovinos e Caprinos de Pinheiro Machado reconheceu que não houve acordo. Segundo o diretor Mário Alfredo de Lima, a aceitação da proposta faria com que a instituição perdesse espaço para atender seu público alvo. “Entendemos e admiramos o trabalho do Alto Camaquã, que também está em busca do desenvolvimento regional e tínhamos o intuito de trabalhar juntos, mas a partir de uma cooperação. Do jeito que nos foi proposto, nunca de forma muito clara, ficaríamos dependentes da outra entidade. Seria uma forma de submissão e não de cooperação. Naquela primeira e única reunião que participamos, o requisito era que eles passassem a ter a concessão do abatedouro de Pinheiro Machado e não achamos justo. Estaríamos abrindo mão de todo um trabalho onde os produtores rurais se mobilizaram e tivemos todo o ônus para reabrir o local de abate do município”.

Conforme contou, foi explicado na época que, para conseguir o recurso, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) exigia que os produtores do Alto Camaquã tivessem o controle e a gestão da planta. “Se aceitássemos ficaríamos em segundo ou terceiro plano – e isso não é uma questão de vaidade, apenas entendemos que acabaríamos abrindo mão de priorizar o pequeno produtor daqui”, justificou.

De acordo com o sócio-diretor, Solano Cardoso, tanto o Núcleo quanto o Abatedouro Cacimbinhas trabalham com a intenção de beneficiar também o município de Pinheiro Machado – que sofre a maior crise econômica de sua história. “Não temos grandes produtores em Pinheiro Machado, mas temos muitos micro e pequenos produtores e é o público que queremos continuar atingindo”, pontuou. Para eles, atender grandes produtores seria consequência do trabalho – desde que o público alvo continuasse sendo a prioridade.

ENTENDA – A Associação para o Desenvolvimento Sustentável do Alto Camaquã (Adac) congrega entidades de oito municípios da região – Bagé, Caçapava do Sul, Canguçu, Encruzilhada do Sul, Lavras do Sul, Piratini, Pinheiro Machado e Santana da Boa Vista. O projeto industrial, da Cofrusa, pretende ainda alcançar os ovinocultores de 22 cidades da fronteira sul.

No início de março, uma reunião entre o prefeito de Bagé, Divaldo Lara, e representantes da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), Embrapa Pecuária Sul, e Cofrusa/Alto Camaquã, tratou sobre a consolidação da planta de abate de ovinos no município. A pauta já tem financiamento tramitando no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

O encontro buscou a formalização do compromisso da Prefeitura em apoiar o projeto, o que foi prontamente atendido pelo poder público. Os três elementos necessários para firmar a planta – água, acesso e luz – estiveram em debate no encontro. O total de investimentos previstos para execução do projeto é de R$ 5 milhões, via BNDES.

Comentários do Facebook