POLÍTICA

Projeto que revogava contrato de uso de área pela Coopcarnes é rejeitado no Legislativo hulhanegrense

Foram seis votos contrários e apenas um favorável ao projeto do Executivo. Clima permaneceu tenso durante as justificativas dos vereadores

Vereadores contrários ao projeto permaneceram em pé durante a votação Foto: Reprodução TP

Na sessão ordinária da última quinta-feira (28), o Projeto de Lei 017/2022, de autoria do Poder Executivo, foi rejeitado por seis votos a um. O projeto revogava integralmente a Lei Municipal nº 914, de 3 de novembro de 2007, referente ao contrato de cessão de uso da Cooperativa Coopcarnes da área conhecida como Distrito Industrial.

Votou favorável ao projeto somente o vereador Diego Rodrigues (Progressistas), sendo contrários os vereadores Volnei Manfron (PT), Hugo Teixeira (PT), Ronaldo Pereira (Progressistas), Jorge Coelho, o Coruja (PDT), Luis Gustavo Nunes Dias (Progressistas) e Getúlio Porto (PDT). A vereadora e presidente do Legislativo, Tanira Ramos (PTB) só votaria havendo a necessidade de desempate e o vereador Dalvir Zorzi não compareceu a sessão.

Localizada junto a avenida Hugo Canto, de entrada da cidade, a estrutura está sem operação há alguns anos e sofrendo com furtos, arrombamentos e depredações. Cabe lembrar que no início de março desde ano, o vereador Diego Rodrigues protocolou na Câmara um pedido de informações referente ao andamento da execução do contrato. Na ocasião, o Tribuna do Pampa divulgou acerca do caso, oportunidade que em entrevista ao jornal, o presidente da Cooperativa de Carnes, Ivan Sotilli, o Chico, explicou sobre a situação atual da Cooperativa, afirmando que a Cooperativa existia, estava com CNPJ ativo, porém sem operar. “O frigorífico está fechado por falta de recursos. Paramos de operar em 2017. Estamos tentando buscar recursos para voltar a operar”, explicou ele, lembrando que em forma de comodato a área foi cedida a Cooperativa até 2033, mas um artigo da lei municipal diz que se não estiver funcionando a Prefeitura pode solicitar o prédio.

Estrutura da Coopcarnes está localizada próximo a avenida Hugo Canto Foto: Divulgação TP

JUSTIFICATIVAS – Após a manifestação de seis votos contrários ao projeto, teve início o período de justificação de voto. Com único voto favorável, o vereador Diego Rodrigues disse que o projeto tratava da revogação de contrato do frigorífico Coopcarnes, “aquele que está atirado, as traças, impedindo que outras empresas venham. Estou com o contrato em mãos, onde justifica no artigo 4º, que ‘em deixando a empresa de operar no local, para finalidade específica nesta lei, o bem voltará a posse do município, com todas as benfeitorias que a empresa realizar na área, devendo ser rescindido o contrato.’ Então não estou fazendo nada mais, nada menos, do que meu papel como vereador, que é fiscalizar o órgão público e pedir revogação de contrato. Quero fazer com que essa lei se faça cumprir e traga desenvolvimento para nosso município, que traga emprego e renda, que nosso município volte a crescer. Todos sabem que em 2023 a nossa arrecadação do frigorífico Pampeano vai diminuir e nós precisamos buscar novas empresas pra gerar e suprir essa falta de imposto que vamos sofrer em uma crise pós-pandemia”, explanou Diego.

O vereador ainda argumentou ser necessário um posicionamento e questionou a atitude dos colegas. “A gente precisa sim tomar uma posição, os vereadores que aqui estão em pé estão votando contra a revogação de contrato e isso é votar contra o desenvolvimento, geração de emprego, e por quê? Porque foi o vereador Diego que pediu será? Eu não acredito que isso esteja ocorrendo dentro do nosso município. Então, queria pedir, encarecidamente, que vocês analisem esse projeto e tirem suas próprias conclusões, que não vão pela cabeça dos outros. Se não fizeram em 12 vão fazer em um? Vamos pensar mais um pouco no desemprego, no imposto, que vai trazer desenvolvimento. Sou Progressista e Progressista é progresso”, concluiu.

Em continuidade, o vereador Coruja também pediu para justificar o voto. “Não é assim que deve fazer, colocar goela abaixo. Nós fizemos uma reunião, veio a diretoria da Coopcarnes e pediu um tempo, o que não havia ocorrido antes. A Coopcarnes afirmou a vontade de reerguer o local. Achamos melhor dar este tempo pra eles. Chegar agora e querer tirar deles, senhor (Diego) já tem alguma empresa em vista para trabalhar? Temos que dar oportunidade para as pessoas. Se eles tem interesse, vamos dar esse tempo pra eles, mas se não mudarem a situação, ano que vem tiramos. O senhor tem que participar das reuniões para depois saber porque os vereadores estão dando essa oportunidade. Se são do MST, não interessa”.

O vereador Luis Gustavo Nunes Dias manifestou defesa própria. “Tenho grande interesse sim que o município desenvolva, ainda mais com gente nossa. A Coopcarnes colocou gente nossa e temos que dar essa oportunidade. Vereador Diego, com todo o respeito, eu não voto a cabresto, tenho identidade própria. Quando procuraram os vereadores desta Casa para uma reunião, que por sinal foi no meu gabinete, atendemos e vamos atender sempre. Vamos dar sim respaldo neste ano e quem sabe até eu da bancada Progressista consiga buscar recursos em Brasília para colocar no frigorífico para conseguirmos desenvolver o nosso município. Sou parceiro e tenha certeza que com parcerias conseguimos trazer recursos para nosso município e a Coopcarnes pode voltar a funcionar. Eles suaram a camiseta e erros todos nós temos”.

O vereador Ronaldo Pereira disse que “por várias vezes, em debates, decidimos que todos merecem uma segunda chance e não seria hora, vereador Diego, de tirar a vontade da Coopcarnes de recuperar o frigorífico, até porque quem fundou foi a Cooperativa. Seu pedido é justo se eles desistissem, mas como ainda não desistiram, deixo bem claro que eles tem meu apoio no que eu puder ajudar. Eles tem o prazo de um ano, se não conseguirem, seria justo trazer uma nova empresa para o município para gerar emprego”.

Volnei Manfron foi o último a justificar o voto. “Conheço o contrato, foi feito esse convênio com a Coopcarnes e gostaria de agradecer aos vereadores que atenderam a Cooperativa juntamente com a bancada do PT. É uma empresa que foi fundada há muitos anos atrás e os vereadores mais antigos da Casa conhecem o trabalho e até o próprio vereador Diego. O frigorífico entregou carne de qualidade para toda a comunidade. Gerava imposto, gerava ICMS, quase 20 empregos. Não foi um algo grande o que essa Cooperativa fez? Claro que foi, agora vamos olhar só o lado negativo? Foi feito um relatório na época e vejo que não precisava ter sido fechado o frigorífico naquele momento, talvez faltou as autoridades do município terem se empenhado. Lembro que na época falei com o secretário da época e nada foi feito. Com todo respeito, a Coopcarnes nos procurou e dissemos que iríamos trabalhar para o projeto ser derrubado, mas que se em um ano não fosse recuperado, fizemos nossa parte. Vamos dar oportunidade a um grande investimento feito no local na época. Se tivesse uma empresa com uma proposta de instalação, sentaríamos para discutir e se revogava sem problemas. Estamos aqui para debater, vivemos em uma democracia e respeitamos o voto de cada um”.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

Comentários do Facebook