Recentemente, uma estatística divulgada pelo governo do Estado foi bastante positiva, a redução de índices de mortalidade materna e infantil no Rio Grande do Sul. Uma pesquisa do jornal apontou redução de mortes nos dois casos, bem como as principais causas. Confira abaixo:
MORTALIDADE INFANTIL
O Ministério da Saúde define a Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) como o número de óbitos de menores de um ano de idade em cada mil nascidos vivos na população residente. Em 2023, foram 1.166 óbitos infantis e 120.760 nascimentos no Estado, resultando em uma taxa preliminar de 9.66 óbitos a cada mil nascidos vivos, abaixo da meta que era de 9,8%. O número é menor que em 2022, que apresentou taxa de 10,46%, permanecendo acima de media de 9,7%.
Na região da 7ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), em 2022 foram 2.044 nascimentos e 31 óbitos (15,17%) e 2023, 2.078 nascimentos e 32 óbitos (15,4%).
Entre as causas das mortes infantis estão afecções originadas no período perinatal (53,29%), malformações congênitas, deformidades e anomalias cromossômicas (30,64%), causas externas de morbidade e mortalidade (3,96%), algumas doenças infecciosas e parasitárias (3,01%) e doenças do aparelho respiratório (2,85%).
BAGÉ
Especificamente quanto a Rainha da Fronteira, conforme a bioestatística Sheila Tavares, há uma redução no número de mortes infantis desde 2022. Naquele ano foram 25 óbitos, correspondendo a 17% e em 2023 o número baixou para 23 registros (16,8%). Em 2024, até junho, foram contabilizados 8 óbitos, número menor que no mesmo período de 2023, quando houveram 11 registros.
CANDIOTA
O município não apresentou registros de óbitos infantis em 2022. De acordo com dados da Secretaria Estadual da Saúde, pelo http://bipublico.saude.rs.gov.br/, foram 133 nascimentos e índice zero de mortalidade infantil. Já em 2023, os números aumentaram, foram três óbitos para 127 nascimentos na cidade. Depois de Bagé, foi a que mais registrou dentre os outros quatro municípios de cobertura impressa do jornal. Em 2024 a taxa, até agosto, é zero e já foram contabilizados 80 nascimentos.
Ao TP, a coordenadora da Atenção Básica, Ariadne Meira, disse que há um trabalho especial voltado à gestante e que isso resulta em bons índices. “As gestantes são super acompanhadas, temos planilhas completas com controle de exames, consultas, uma atenção quase individualizada, o que resulta nos dados infantis. Nossa média é de um óbito infantil, teve anos que a gente ficou sem mortalidade nenhuma. Algum caso ocorre, às vezes, de forma inevitável, como quando é com crianças sindrômicas, onde sabemos que vão nascer e poderá vir a óbito. Tivemos um ano com um caso de uma gestante particular, que não era da rede, que perdeu gêmeos. Iniciamos com índice péssimo por Candiota ser uma cidade pequena. Então, eventualmente acontece algum caso, mas temos todo um trabalho completo e preventivo”.
HULHA NEGRA
Na cidade, de 2022 até agosto de 2024 há o registro de apenas um óbito infantil no primeiro ano de análise, quando foram registrados 89 nascimentos. Em 2023 foram 85 novos nascimentos e em 2024 43 até agosto.
PEDRAS ALTAS
No município, foram dois óbitos no período, sendo um em 2022 dentre 30 nascimentos e um em 2023 com 24 nascimentos. Em 2024 não há óbitos até agosto. Nasceram sete crianças na cidade.
PINHEIRO MACHADO
Na cidade, a redução de índices é também visível. Em 2022 foi registrado um óbito, quando nasceram 102 crianças. Já em 2023 foram 81 nascimentos e 39 até agosto de 2024. Nos dois anos não houve óbitos infantis.
MORTALIDADE MATERNA
A morte materna é definida como o óbito ocorrido durante a gestação ou até 42 dias após o seu término, causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez. Em 2022, o Estado registrou a segunda menor taxa de mortalidade materna, com 38,9 óbitos maternos a cada cem mil nascidos vivos, atrás apenas de Santa Catarina que registrou uma razão de 31,6 óbitos maternos. Ao todo, foram 46 óbitos maternos em 2022, número bem abaixo dos 114 óbitos registrados em 2021.
Em 2022, o perfil das mortes maternas foi proporcionalmente maior entre mulheres negras, jovens entre 20 e 34 anos, com oito e 11 anos de estudo e na primeira gestação. As principais causas de mortes foram hemorragia (19,6%), distúrbios hipertensivos, como pré-eclâmpsia e eclampsia (17,4%), covid-19 (13%), infecções (13%) e aborto (6,5%). A taxa de cesárea do Estado em 2022 foi de 67,4% e, entre os 46 óbitos maternos do mesmo ano, em 31 (67,4%) casos o tipo de parto foi cesáreo, sendo 11 de mulheres na primeira gestação.
Como estratégia de reduzir a mortalidade materna, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) lançou o Protocolo Estadual de Prevenção e Manejo da Hemorragia Puerperal. O documento elaborado em 2022 tem o objetivo de capacitar as equipes de saúde na adoção de condutas adequadas, com base em evidências científicas. Conforme explica a chefe de Divisão das Políticas dos Ciclos de Vida na SES, Gisleine Lima da Silva, o pré-natal é uma das estratégias mais importantes para a redução da mortalidade materna, infantil e puerperal. “Por isso, a Secretaria atualizou o Guia do pré-natal e puerpério na Atenção Primária em Saúde, contribuindo com os profissionais de saúde na adoção das melhoras práticas clínicas de cuidado e de prevenção”, explica.
REGIÃO
No município de Bagé, que integra a R22, de acordo com a bioestatística Sheila Tavares, no período de análise (2022 até junho de 2024), não há registros de óbitos maternos. Ela comemora e associa os números ao trabalho realizado. “Aumentamos as equipes, agora contamos também com o Centro de Referência Materno Infantil Camilo Gomes com psicólogas, assistente social, é feito monitoramento e busca ativa das gestantes, criado o pré-natal PNAR, no Camilo Gomes, para pessoas com vulnerabilidade social ou com uma idade mais avançada. Quando elas têm uma gestação de alto risco, aí sim são encaminhadas para o PNAR do Estado. Temos também um grupo volante de busca ativa das gestantes faltosas de pré-natal de baixo risco”, explicou.
Nos municípios de Candiota, Hulha Negra, Pedras Altas e Pinheiro Machado, também não há registro de mortes maternas desde 2022.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*