PREVENÇÃO

Saúde mental pós-pandemia merece atenção redobrada

Carla é coordenadora da Saúde Mental de Candiota e realiza atendimentos psicológicos nas Unidades Básicas de Saúde Foto: João Mença Jr/Especial TP

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera que a pandemia de covid-19 criou uma crise global na saúde mental e estima que houve um aumento de 25% nos casos de ansiedade e depressão, só em 2020.

O impacto emocional das perdas familiares, o sentimento de medo, a falta de socialização e a instabilidade no trabalho aumentaram o nível de estresse e sofrimento psíquico da população.

Para a psicóloga e coordenadora da Saúde Mental de Candiota, Carla Aguzzi, voltar à normalidade está tendo um custo psicológico. “Nos descondicionamos a viver em grupo e nesse período pós-pandemia já pudemos perceber que houve um aumento significativo de procura por atendimento psicológico e psiquiátrico. A depressão é considerada o mal do século, mas nesse período os casos vêm aumentando”, falou.

Segundo a profissional, antes da pandemia, o Brasil já vinha numa crescente de descuido com a saúde mental. “Tratamos o que é físico e não tratamos o psíquico. A sociedade moderna, a internet, afastou o abraço, o olho no olho, tão necessário e cientificamente comprovado, que precisamos do toque e do acolhimento”, relatou.

Um dos agravantes também é o aumento de jovens entre 13 e 29 anos fazendo uso abusivo de substâncias químicas. “Esse é um fator de extrema importância que também estamos trabalhando na prevenção, pois quanto mais jovem iniciar, maior a probabilidade de dependência química, depressão, e psicoses”, explicou.

MELHOR ESCOLHA – Carla relatou que todos os profissionais de saúde mental estão empenhados em atuar de forma preventiva e no cuidado com quem está vivendo algum transtorno psíquico, onde se verifica o transtorno misto, ansiedade e depressão como prevalentes. “Hoje tenho a coordenação de saúde mental no município e na sexta passada eu me reuni com a equipe, para alinharmos ações de prevenção e cuidado em saúde mental, estamos preocupados e agindo”, afirmou a psicóloga, ressaltando que “viver sempre é a melhor escolha”.

REGIÃO – Hoje, Candiota conta com três psicólogos na rede e um psiquiatra, com atendimento todos os dias nos postos de saúde. “Cientes da necessidade, estamos sempre à disposição para acolher quem precisa, o mais importante é salientar que diante de qualquer sofrimento a pessoa saiba que não está só, que tem uma rede de apoio, que vai ajudar no que for preciso”, falou Carla.

Em Hulha Negra, há a disponibilidade de atendimento com psicóloga diariamente na atenção básica e se há necessidade, a pessoa é encaminhada para atendimento psiquiátrico no Centro de Atenção Psicossocial (Caps) de Bagé.

Pinheiro Machado conta com três psicólogos e um psiquiatra na equipe do Caps Cacimbinhas, além de um psicólogo na atenção básica. A rede da educação também conta com dois psicólogos nas escolas (mas não para atendimento clínico). Além disso, o município oferece oficinas terapêuticas, nesse momento nenhuma com psicólogo, mas que auxiliam no tratamento contra depressão e também na prevenção. Dentro das oficinas existe um grupo de tricô realizado pelas agentes de saúde e o projeto Boxe – Um Nocaute no Crack que é realizado por um oficineiro nas escolas.

Na Cidade do Castelo, o psicólogo da atenção básica atende adultos via encaminhamento de segunda à quinta-feira, tanto na cidade como interior. Há também atendimento para crianças em idade escolar e não idade escolar com psicólogo pela Secretaria de Educação. Quanto ao atendimento psiquiátrico é encaminhado para o Caps de Pinheiro Machado, município que referencia Pedras Altas.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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