Seca no RS

‘Riacho virou caminho de pedras ardendo em fogo, no poço secou a água, menino morreu sem nome.
Na caatinga o homem chora, o boi que
morreu de sede, a roça que era verde,
a seca torrou garrancho.’

A letra cantada por Alceu Valença traz o drama eterno do Nordeste: a falta de água. Acompanho, desde não sei quando, todo o sofrimento do povo sertanejo, fato que se tornara “normal” aos olhos de quem não vive lá. Bem, as coisas mudam com o passar do tempo, tanto que mesmo sabendo das faltas “comuns” de água na nossa região da campanha, talvez nunca imaginaríamos chegar a essa proporção. Não precisamos de dados estatísticos para perceber que passamos por um momento crítico na história. O solo está queimando, a chuva não dá as caras e o Rio Grande do sul expele lágrimas secas.

Não pode ser tratado como costume ou normal.
O que piora a situação é a previsão de mais calor, estamos no auge do verão e as temperaturas estourando os termômetros deixam um rastro de incertezas. Precisamos de água, as plantações, os animais, o mundo precisa de água.

Não temos a quem recorrer num momento desses, o que resta é esperar pelo choro do céu e de um cuidado maior de quem deveria estar zelando pelos interesses humanos. O que pode ser feito para diminuir o sofrimento? Nas outras estações do ano a chuva aparece com mais vontade e a água “sobra”, no entanto, poderíamos estocar? Mais barragens, poços, caixas d’água… Não sou um estudioso do assunto, mas se dermos um “google” com “falta de água no RS”, entendemos que nada disso é novidade e que a cada verão que se inicia, as notícias são as mesmas.

Quando se trata de campos, plantações e animais, o buraco é mais embaixo, os guerreiros da terra precisam de projetos mais elaborados, precisa haver alguma forma de mudar esse cenário. Não podemos mais ficar vendo as plantações secarem e apenas colocar a culpa na falta de chuva. O que se precisa é de mais investimento para mudar a vida desses setores. A cidade e o campo imploram por chuva. O fato é que sem água não dá para ficar. Óbvio? Parece que não.

O que se pede é um olhar com mais carinho em relação a esse tema e que não fique no esquecimento assim que mudar a estação do ano, do contrário, as notícias do verão do próximo ano, já podem ser escritas hoje mesmo, como um déjà vu.

Obrigado por ler até aqui e até a próxima.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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