Passado o primeiro mês de inauguração oficial da Secretaria da Mulher, LGBTQIAPN+ e Igualdade Racial de Candiota, que tem a frente Hulda Alves, a equipe do Tribuna do Pampa recebeu a visita da secretária para falar sobre a pasta. Ela lembrou que as primeiras semanas até a inauguração oficial foram de muito trabalho. “Primeiro eu estava sozinha e sem prédio; depois definimos o Centro Cultural como local adequado; aí vieram três semanas de chuva e falta de internet, mas conseguimos cumprir as etapas do nosso planejamento. Agora chegou o momento de irmos para a rua!”.
AVALIAÇÃO
Solicitada pelo TP para avaliar o trabalho feito pela Secretaria, Hulda Alves disse considerar que o planejamento feito pela equipe deu certo. “Nossa secretaria começou do zero, ainda estamos sem computadores, levamos 45 dias para adquirir um celular. Estamos em produção de materiais, espécies de cartilhas da Secretaria, da Lei Maria da Penha, Estatuto da Igualdade Racial e Cartilha da Diversidade, tudo precisa ser elaborado com as devidas atualizações. Também, estamos em fase de produção de materiais para as crianças, funcionários públicos e homens, com linguagens e abordagens diferenciadas de forma a atingir todos os públicos. Como é tudo inicial, trabalhamos em projetos para captação de recursos, fins de semana, à noite, tudo com muita dedicação e divisão de trabalhos. Não possuímos carro na secretaria, então tudo é feito com nossos carros particulares. Quando não tínhamos a sede, era diretamente na casa das pessoas”, explicou a avaliação.
MULHER
Hulda Alves destacou que o trabalho voltado à Mulher é o principal dentro da pasta por se tratar de uma luta e objetivo antigo. Até o momento já foram realizados 15 atendimentos, sendo destes, nove relacionados à violência doméstica. “Esses números são alarmantes, pois ainda estamos com pouca divulgação, são casos que chegam até nós de forma presencial ou WhatsApp. São muitas mulheres nos procurando, muita situação de violência onde muitas não sabiam a quem recorrer e hoje uma ajuda a outra”.
Questionada pelo TP, a secretária explicou que além de violência doméstica, os atendimentos da Secretaria estão voltados para o mercado de trabalho. “Estamos sendo procuradas por mulheres para auxiliar na busca por emprego e qualificação. Já estamos nos reunindo com empresas em busca destes postos de trabalho. Recentemente recebi uma ligação de uma moça pedindo ajuda para uma cesta básica. Questionei a escolaridade e convidei para conversar. A moça explicou que só tinha estudado até a 6ª série e que o marido estava desempregado. Expliquei que poderia ajudar, mas ofereci um curso de bolachas que estava saindo em Seival, teremos outro na sede, para que ela tenha uma qualificação e uma renda posterior. Isso que buscamos, ajudar as pessoas, mas incentivar ao trabalho, ao estudo, esse tipo de assistencialismo”, exemplificou, acrescentando que seu foco sempre foram as mulheres e junto está a geração de emprego e renda. “Acho perfeito, porque muitas mulheres que vivem um relacionamento abusivo é por dependência financeira”.
IGUALDADE RACIAL
Especificamente quanto ao grupo negro, a secretária ressaltou um trabalho que está sendo organizado para acontecer no Quilombo, marcando os 21 dias de ativismo e o mês da Consciência Negra. “Programamos uma roda de conversa com o reitor da Unipampa – Universidade Federal do Pampa, Roberlaine Ribeiro, que também é especialista em racismo, na fala da negritude para falar sobre esse tema. É importante lembrar que em Candiota há um grupo quilombola e uma política pública que engloba recursos, por enquanto ainda vinculado a Secretaria de Assistência e Inclusão Social, mas o trabalho com o negro é basicamente cultural”, frisou.
LGBTQIAPN+
O jornal questionou a secretária acerca dos trabalhos voltados para o público LGBTQIAPN+. Conforme a gestora, o trabalho no momento é de instrução e construção, por isso estão menos visíveis. “Estou aprendendo, tenho amigos nessa categoria e tenho procurado conversar. Procurei em Candiota um grupo organizado e não existe. Precisamos saber quem são essas pessoas e onde estão. Até agora só fui procurada por uma pessoa, um trans homem e o desafiei a criar um grupo. É necessário que haja um grupo organizado para levar as demandas até a Secretaria. Estou com um pedido junto ao IBGE para receber informações sobre a população identificada como da diversidade. Estou também por fazer uma visita a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), lá há um trabalho voltado a esse grupo. Nossa equipe vai passar por um trabalho especial para o tratamento desse público. Já me informei sobre cursos para essa comunidade e temos pela Fundação Gaúcha do Trabalho, mas não basta chegar lá e dizer que se enquadra, precisa ter uma identidade social”, citou Hulda, destacando acreditar que em Candiota a maior luta ainda é com relação ao preconceito.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*