ESPECIAL DIA DOS PAIS

Seu Amarante dedica a vida para cuidar do filho

Viúvo há 10 meses, ele tenta estabelecer um vínculo afetivo ainda mais forte com o menino

O pensionista ressalta que procura estar presente em todos os momentos da vida do filho

O pensionista ressalta que procura estar presente em todos os momentos da vida do filho

* Texto e foto: Simone Gasparoni

É numa casa singela, mas repleta de ternura, que Amarante da Silva cria o filho, de 14 anos. O adolescente mora com pai na rua Laudelino da Costa Medeiros, na sede de Hulha Negra. A residência é ocupada somente pelos dois desde outubro do ano passado quando a mãe de Diefferson faleceu. Desde então, o estudante está somente sob os cuidados do pai, que se dedica de corpo e alma a essa missão. “Lavo as roupas dele, faço almoço, café e janta para ele. Faço tudo o que é preciso”, conta o pensionista, de 59 anos. “Ele quer uma coisa da moda, eu compro. Ele quer internet no celular, ele tem”, diz seu Amarante, que não descuida, principalmente, da vida escolar do filho. “Vou ao colégio, converso com os professores. Os cadernos dele eu tô sempre em cima, das notas eu tô sempre em cima.”

Seu Amarante não proíbe Diefferson de sair com os amigos, no entanto frisa que está sempre atento as companhias do garoto. “Quer jogar, ele vai. Ele vai, mas eu tô sabendo. Começa a demorar, eu vou atrás. O que ele faz na escola, eu sei, com quem ele anda, eu sei”, garante.

O pensionista nasceu em São Gabriel, na Fronteira Oeste do Estado, e veio com 16 anos morar em Hulha Negra. Na terra que escolheu para viver, conheceu Maria Nadir, com que foi casado por 28 anos. A perda da mulher fez com que ele entrasse em depressão novamente. A primeira vez que foi afetado pela doença foi em 2009, quando o seu primogênito morreu aos 12 anos. Com a morte da companheira e do filho mais velho, a família do pensionista se resume ao caçula Diefferson. “Ele é tudo pra mim”, declara seu Amarante, ao limpar seus olhos azuis que ficam marejados toda a vez que fala o que sente pelo filho.

O pai dedicado conta que o menino tinha uma ligação afetiva muito forte com a mãe. “Ele dormia no braço dela até antes de ela falecer.” Ele relata que o convívio familiar fica difícil às vezes, devido à saudade que Diefferson sente da mãe e por estar na adolescência, que é uma fase de muitas transformações. “Quando eu vejo que a coisa tá ficando complicada, eu abraço ele e digo ‘eu te amo’. Eu amo ele, é tudo o que eu tenho”, ressaltou mais uma vez o hulhanegrense de coração, enquanto secava novamente as lágrimas.

Diefferson estuda no 7º ano do Ensino Fundamental, na Escola Municipal Monteiro Lobato. O guri tímido e bem-educado reconhece o carinho que recebe diariamente do pai e menciona que também tenta fazer de tudo para agradar o seu melhor amigo, companheiro de todas as horas. “Hoje eu só tenho ele”, diz cabisbaixo.

“Vemos como um herói”

            Para a equipe de professores e funcionários da EMEF Monteiro Lobato, seu Amarante é um “super pai”. “Vemos como um herói, que, apesar de todas as dificuldades, ele está presente na escola. Teve uma época que o filho não queria vir à escola e ele chorava aqui. Ele assumiu as funções de pai e mãe, está cumprindo os dois papéis”, observa a supervisora dos anos finais do Ensino Fundamental no colégio, Ana Lúcia Soares.

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