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Skate: praticantes falam sobre a situação atual do esporte na região

Fadinha conquistou a medalha de prata nas Olimpíadas de Tóquio 2020 Foto: Divulgação TP

Um esporte com diversas interpretações ao longo dos anos, o skate novamente entrou para as rodas de conversas e está sendo bastante considerado por autoridades. Realizadas pela primeira vez nos jogos olímpicos 2020 de Tóquio, ocorridos em 2021 em razão da pandemia de Covid-19, as competições de skate foram responsáveis pela garantia de medalhas olímpicas e a atração de milhares de jovens praticantes da modalidade.

O Brasil garantiu três medalhas de prata nas Olimpíadas. Kelvin Hoefler foi medalhista na categoria street masculino e Pedro Barros, no park masculino.

Porém, ganhou as redes sociais pelo desempenho, a jovem maranhense Rayssa Leal, a Fadinha, 13 anos, que conquistou a medalha na modalidade street feminino.

Ela foi a atleta mais jovem a disputar uma Olimpíada pelo Brasil, conquistando a medalha com uma nota 14.64 e o coração dos brasileiros.

Conheça um pouco da história do skate

Esporte chegou “engatinhando” no Brasil na década de 60 Foto: Divulgação TP

No início da década de 1960, os surfistas da Califórnia, mais ou menos na cidade de Los Angeles, queriam fazer das pranchas um divertimento também nas ruas, em uma época de marés baixas e seca na região. Inicialmente, a nova maneira de surfar foi chamada de sidewalk surf. Em 1965, surgiram os primeiros campeonatos, mas o skate só ficou mais reconhecido uma década depois.

Em 1973, o norte-americano Frank Nasworthy inventou as rodinhas de uretano, que revolucionaram o esporte. Um skate passou a pesar por volta de 2,5kg.

Por volta do ano 1975, um grupo de garotos revolucionou ainda mais o skate, realizando manobras do surf sobre ele. Esses garotos eram os lendários Z-Boys da também lendária equipe Zephyr. Essa equipe era de Venice, Califórnia, lugar o qual chamavam de Dogtown.

Em 1979, Alan Gelfand inventou o Ollie-Air, manobra com a qual os skatistas ultrapassam obstáculos elevados e é base de qualquer manobra. A partir disso, o skate nunca mais foi o mesmo. Essa manobra possibilitou uma abordagem inacreditavelmente infinita por parte dos skatistas. Não se pratica Street Style sem o domínio do Ollie-Air. Tom “Wally” Inouye também foi uma figura importante na história do skate na década de 70. Ele é mais conhecido pela assinatura de manobras como “wall rides” e “backside airs”.

Chamado primeiramente de “esqueite” e feito por rodas de patins improvisados em uma tabua madeira, o esporte chegou engatinhando no Brasil nos anos 60, via surfistas californianos que buscavam a temporada de ondas.

O skate nacional viu sua primeira pista ser construída apenas em 1974 na praça Ricardo Xavier da Silveira, em Nova Iguaçu (RJ), mesmo ano do primeiro grande campeonato nacional, na Quinta da Boa Vista, também no Rio. Importantes momentos ocorreram na década de 80 com a presença dos primeiros skatistas nacionais em competições fora do país.

Foi em 1983 que Lincoln Ueda se tornou o primeiro grande nome do skate nacional com um grandioso 4º lugar em um torneio de Halfpipe em Munster, na Alemanha. Ele passou a ser conhecido no Brasil como o “japonês voador” devido a sua velocidade e seus aéreos extremamente altos.

O feito de Lincoln por si só chama a atenção, pois os anos 80, especialmente o ano de 1988, foram turbulentos para o skate, em um momento em que era visto com extrema marginalização. O skate tem uma história de proibições, desde 1988, quando o então prefeito de São Paulo Jânio Quadros proibiu a prática do skate no Parque Ibirapuera, o principal parque usados pelos skatistas na época. Na época, a modalidade mal era reconhecida como um esporte, sendo discriminada e alvo de preconceitos. A proibição foi a resposta a um protesto dos skatistas pela proibição no parque. O veto não pegou totalmente, e alguns rebeldes insistiram não só em andar de skate em São Paulo, como alguns chegaram a tentar organizar campeonatos. A reação foi forte, e eram constantes os desentendimentos com a Guarda Civil Municipal.

A situação mudou com a eleição de Luiza Erundina, então do PT, para a prefeitura paulista. A nova prefeita, primeira mulher a vencer uma eleição para o executivo municipal, e que já havia se comprometido durante a campanha a liberar o skate, permitiu a volta dos skatistas à cidade em 1989.

O skate hoje é definido mais do que um esporte, como também uma manifestação social e cultural. Além de Lincoln, nomes como Sandro Dias, Bob Burnquist e Karen Jonz são alguns dos skatistas brasileiros que ajudaram o skate a chegar ao momento em que se encontra atualmente.

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